São Paulo, terça-feira, 13 de janeiro de 2004

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IRAQUE OCUPADO

Ex-secretário do Tesouro americano acusou Bush de ter planejado a invasão desde que assumiu a Presidência

Casa Branca nega acusação de O'Neill sobre a guerra

DA REDAÇÃO

A Casa Branca e o premiê britânico, Tony Blair, negaram que Washington tivesse a intenção de promover a guerra contra o Iraque ao invés de resolver as divergências com Bagdá pacificamente. As declarações rebatem afirmações feitas no fim de semana pelo ex-secretário do Tesouro americano Paul O'Neill, que acusou George W. Bush de ter planejado a Guerra do Iraque desde que assumiu o poder, em 2001.
"O presidente exauriu todos os meios possíveis para resolver a questão pacificamente", disse o porta-voz da Casa Branca, Scott McClellan, para quem as afirmações do ex-secretário "parecem mais uma justificativa para opiniões próprias".
O porta-voz também rechaçou a declaração de O'Neill sobre Bush parecer desorientado em suas reuniões de gabinete. "Bush é um líder forte que age decisivamente sobre nossas prioridades."
Sobre o mesmo assunto, o secretário do Comércio, Don Evans, também defendeu o presidente, dizendo ao canal de TV CNN que ele "apenas aprecia o debate".
Por meio de um porta-voz, o premiê Tony Blair, o maior aliado internacional de Bush, afirmou que "ninguém deve duvidar da séria intenção da coalizão de resolver a questão pacificamente". "A decisão de começar um conflito foi tomada depois de ficar claro que não havia meio de obter uma segunda resolução [na ONU] sobre o Iraque", declarou.
O'Neill, que deu entrevista no fim de semana ao programa "60 Minutes", da CBS, afirmou que desde o começo de seu governo Bush estava convencido que Saddam Hussein tinha de deixar o governo do Iraque. Ele também disse nunca ter visto nenhuma prova do suposto arsenal proibido iraquiano, citado pela coalizão como razão para a guerra, e declarou que o tom de uma das reuniões de governo de que participou sobre o tema era de "achar uma justificativa para a guerra".
O'Neill é a principal fonte do livro "The Price of Loyalty: George W. Bush, the White House and the Education of Paul O'Neill" ("o preço da lealdade: George W. Bush, a Casa Branca e a educação de Paul O'Neill"), de Ron Suskind, a ser lançado nesta semana.
O Departamento do Tesouro anunciou que pedirá uma investigação oficial para apurar se houve violação de segredos de governo no depoimento do ex-secretário e na apresentação, por ele, de documentos oficiais usados no livro.
Conhecido por suas declarações controversas, O'Neill deixou o Tesouro em dezembro de 2002 a pedido do presidente, insatisfeito com a condução da política econômica. Sua saída foi comemorada pelo mercado financeiro, inclusive no Brasil -alvo de um de seus comentários mais desastrosos, o de que o dinheiro emprestado pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) ao país era desviado para contas na Suíça.


Com agências internacionais

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