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LUTA PELO PODER
Líder supremo diz que só agirá se não houver acordo
Linha dura ameaça o futuro do Irã, dizem reformistas
DA REDAÇÃO
Políticos reformistas iranianos
acusaram ontem seus adversários
conservadores de ameaçar o futuro do país, enquanto mais deputados aderiram ao protesto dos
reformistas contra a decisão do
Conselho de Guardiães de impedir que mais de 3.000 candidatos
reformistas concorram a postos
no Parlamento na eleição que
ocorrerá no próximo mês.
Mas autoridades disseram que
uma solução consensual poderá
ser encontrada. O presidente do
Irã, o reformista Mohammad
Khatami, disse que a decisão do
Conselho de Guardiães, órgão
que zela pelo respeito da Constituição no Irã, deixa o país aberto a
críticas internacionais.
O aiatolá Ali Khamenei, o líder
supremo do Irã (a quem caberá a
decisão final se nenhum acordo
for feito), afirmou que só cuidará
do assunto se os conservadores e
os reformistas não conseguirem
chegar a uma solução consensual.
"Se a questão não for resolvida
na Justiça e vier a se tornar tão
sensível que uma decisão do líder
se torne necessária, agiremos com
base em nossas responsabilidades", afirmou Khamenei, segundo a rádio estatal.
Em visita ao Irã, Javier Solana,
que comanda a política externa da
União Européia, criticou a decisão do Conselho de Guardiães e
disse que seria difícil explicá-la a
líderes políticos europeus.
Os reformistas lutam por sua
sobrevivência política e fazem um
protesto no Parlamento. Crê-se
que cem deputados participem
do ato. Eles passaram a noite numa das salas do Majlis (Parlamento). Há ainda outros protestos.
"Os conservadores estão abrindo caminho para os inimigos que
querem mostrar que o Estado islâmico é despótico. Aqueles que
dizem que defendem o sistema islâmico, mas ignoram o papel vital
do povo, estão ameaçando a República Islâmica do Irã", afirmou,
em declaração escrita, a Liga dos
Clérigos Combatentes, ligada a
Khatami, de acordo com a agência de notícias Irna.
Khatami e o presidente do Parlamento, Mehdi Karroubi, vão
discutir o caso com os 12 membros do Conselho de Guardiães
(todos apontados por Khamenei).
Karroubi disse crer na possibilidade de que um acordo seja feito e
pediu calma aos deputados que
participam do protesto. Ao menos 80 deputados reformistas tiveram sua candidatura banida
pelo Conselho de Guardiães.
Apelação
Os reformistas também podem
entrar com recurso no próprio
Conselho de Guardiães ou buscar
o adiamento da eleição, marcada
para 20 de fevereiro.
Porém, de acordo com especialistas, há poucas chances de o
Conselho de Guardiães mudar de
idéia ao analisar um eventual recurso dos reformistas. Para os
analistas, se a decisão for alterada,
isso ocorrerá por conta das negociações entre Khatami e os 12
membros do órgão.
Segundo a Irna, o Conselho de
Guardiães analisou 8.200 pedidos
de candidatura. Mais de 3.000 foram invalidadas pelo órgão, o que
deu início aos protestos dos reformistas. Estes dominam o Parlamento atualmente.
O aiatolá Hossein Ali Montazeri, o mais importante clérigo dissidente iraniano, condenou a decisão do Conselho de Guardiães.
"Fico muito triste quando vejo
que o Conselho de Guardiães se
tornou um órgão que viola os direitos da nação ao banir a candidatura dessas pessoas [os reformistas]", afirmou Montazeri, em
carta enviada a um partido reformista.
Com agências internacionais
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