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Atos antissemitas aumentam na França
CÍNTIA CARDOSO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE PARIS
A tensão do conflito entre Israel e o Hamas em Gaza parece
ter sido exportada para a França. Em uma semana, vários atos
antissemitas foram registrados
no país, e, por precaução, sinagogas e outros centros judaicos
tiveram a segurança reforçada.
Domingo, dois coquetéis molotov foram lançados contra a
sinagoga Ohr Menahem, em
Saint-Denis, periferia de Paris.
Os explosivos provocaram um
pequeno incêndio na lanchonete vizinha.
O presidente Nicolas Sarkozy disse ontem que esse tipo
de violência é "inaceitável" e
expressou "solidariedade às vitimas diretas e indiretas desses
comportamentos indignos do
nosso país e do século 21".
Ontem, dezenas de pichações antissemitas apareceram
no muro de um centro social
perto de uma mesquita. As inscrições traziam palavras como:
"É preciso matar os judeus" e
frases de apoio à causa palestina. Na madrugada de ontem,
em Schiltigheim, na Alsácia, coquetéis Molotov foram lançados contra um templo judaico.
Na semana passada, uma sinagoga em Toulouse, sul do país,
fora atacada e quatro jovens foram detidos por agressão a uma
adolescente judia.
Apesar da escalada, o sociólogo Michel Wieviorka contemporiza os conflitos entre as comunidades judaica e muçulmana na França. Em primeiro lugar, avalia Wieviorka, um movimento antissemita é difuso. Há
quem se identifique com o problema dos palestinos, quem se
diga defensor do islã e ainda
grupos vagamente antissionistas -conjunto heterogêneo
com pouca chance de se unir e
radicalizar as manifestações.
No campo judeu, destaca o
sociólogo, alguns se sentem
constrangidos em relação à
proporção dos ataques. Mesmo
entre aqueles que sustentam
que Israel tem direito de se defender, não há consenso em relação à ofensiva de Israel.
De acordo com sondagem
publicada ontem pelo jornal
"Le Parisien", para 18%, o governo israelense é o principal
responsável pelo conflito, para
23% é o Hamas e, para 28%, os
dois lados são culpados.
Apelos a paz
Em comunicado, Dalil Boubakeur, do Instituto Árabe da
Grande Mesquita de Paris, pede que a "comunidade muçulmana mantenha a calma diante
da grande comoção gerada pela
situação em Gaza" e evite "todos os tipos de provocação".
Ele condenou "o ato de violência cometido contra a sinagoga
da cidade de Saint-Denis".
O prefeito de Saint-Denis,
Didier Paillard, organizou um
ato pacifista diante da sinagoga
atacada. Na quinta, Paillard havia coordenado uma manifestação a favor dos palestinos. Algumas associações judaicas o
acusaram de ter inflamado os
ânimos da cidade, onde parte
da população é de origem muçulmana e magrebina.
Em Israel, a chanceler Tzipi
Livni afirmou que seu governo
tem pedido aos líderes mundiais que condenem qualquer
forma de violência contra judeus. "Recebemos com grande
preocupação relatos de agressões física, moral, verbal e outras manifestações de antissemitismo pelo mundo."
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