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Bush vê retórica como seu maior erro
Na última entrevista coletiva após 8 anos no cargo, presidente dos EUA defende suas ações, mas lamenta discurso
Republicano se arrepende da faixa "Missão Cumprida" no Iraque e diz que Abu Ghraib e inexistência de armas foram "decepções"
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
A retórica, mais do que a
ação, é do que se arrepende o
mais mal avaliado presidente
da história recente dos Estados
Unidos, que deixa o cargo em
uma semana. Em sua última
entrevista coletiva no posto,
concedida na manhã de ontem,
em Washington, o republicano
George W. Bush, que deixa a
Casa Branca na próxima terça,
disse que se arrependia de parte do que falou em seus oito
anos à frente do país.
"Obviamente, parte de minha retórica foi um erro", disse
o ainda presidente, num encontro de pouco menos de uma
hora com os setoristas da Casa
Branca. "Claramente, colocar
"Missão Cumprida" num porta-aviões foi um erro", afirmou,
quando indagado sobre qual o
maior erro que cometeu no cargo, referindo-se à faixa que enfeitava a embarcação em que
declarou o fim dos combates
principais no Iraque, em 2003
-a guerra dura até hoje.
Só depois juntaria aos erros
que julga ter cometido sua reação tíbia ao furacão Katrina, em
2005, que matou pelo menos
1.800 pessoas no sul pobre do
país, e sua decisão de forçar
uma reforma do sistema de
Previdência social logo após
sua reeleição, em 2004. Quanto
ao primeiro erro, tentou-se justificar parcialmente.
Disse que não mandou o
avião presidencial pousar na
área afetada para não atrapalhar o trabalho dos policiais no
resgate. O furacão atingiu o
continente no dia 23 de agosto
de 2005. Bush sobrevoou a região oito dias depois -a foto do
presidente observando a destruição da janela do Air Force
One e a milhares de metros de
altura virou um símbolo da desconexão de seu governo com a
realidade da população.
Decepções
O escândalo dos abusos cometidos por soldados norte-americanos na prisão de Abu
Ghraib, que manchou a imagem dos EUA no mundo? A ausência de armas de destruição
em massa no Iraque, justificativa principal do governo para
uma invasão que já custa a vida
de 4.500 soldados norte-americanos e dezenas de milhares de
civis iraquianos? "Grande decepção" e "decepção significativa", respectivamente.
No encontro, Bush disse ainda não concordar com a afirmação de que a imagem do país no
mundo sai arranhada por sua
passagem. "Pode estar danificada entre parte da elite", afirmou, "mas as pessoas ainda
percebem que que os EUA significam liberdade, que esse é o
país que dá esperança".
Descontraído, ele abriria sua
fala propositalmente com um
"bushismo", como ficaram conhecidas suas escorregadelas
verbais. "Algumas vezes vocês
me "misunderestimated'",
brincou, juntando as palavras
em inglês "misunderstood"
(mal-entendido) e "underestimated" (subestimado).
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