São Paulo, quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

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Atentado a bomba mata físico iraniano

Ataque é atribuído pelo governo a inimigos do regime, mas oposição diz que cientista foi morto por elo com reformistas

Não está claro se vítima trabalhava no programa nuclear do Irã, suspeito de buscar a bomba atômica; caso tem três precedentes


DA REDAÇÃO

Um físico e pesquisador iraniano morreu ontem em um atentado cercado de mistério.
Masoud Ali Mohammadi, 50, foi morto ao sair de casa na explosão de uma moto-bomba colocada em frente ao prédio onde morava, em um bairro de classe média ao norte de Teerã.
Autoridades deram declarações contraditórias sobre a autoria do atentado. A Chancelaria culpou os serviços secretos americano e israelense. Washington rejeitou as acusações, e Israel não quis comentar.
Já a TV estatal atribuiu a ação aos Mujahedin do Povo, um grupo exilado que quer instaurar no Irã um regime islâmico socialista. Os mujahedin também negaram participação.
Outro veículo oficial, a agência Fars, acusou a Associação do Reino do Irã, um grupo contrário à Revolução Islâmica de 1979 -que derrubou a monarquia do xá Reza Pahlevi e instaurou o sistema em vigor.
Também não está clara a relação que Mohammadi, professor de Física na Universidade de Teerã, tinha com o programa nuclear iraniano.
O escritório de assuntos nucleares disse que ele não estava envolvido nas atividades do governo. Mas o braço da milícia pró-governo Basij da Universidade de Teerã afirmou que o pesquisador havia prestado "importantes serviços ao progresso nuclear" do governo iraniano -que nega buscar a bomba e negocia com o Ocidente solução que lhe permita continuar enriquecendo urânio para supostamente produzir energia e fazer pesquisa médica.
Autoridades de segurança afirmaram que o objetivo do atentado era frear o programa nuclear iraniano.
Mas analistas dizem que o assassinato de um cientista não bastaria para afetar o enriquecimento de urânio no Irã, no qual trabalham dezenas de engenheiros altamente qualificados. O site da Universidade de Teerã afirma que Mohammadi era perito em física de partículas, não em energia atômica.
Sites reformistas dizem que Mohammadi não estava ligado ao governo, mas à oposição.
Seu nome estaria numa lista de 420 professores de Teerã que assinaram um documento apoiando a candidatura de Mir Hossein Mousavi na eleição presidencial de junho, na qual o ultraconservador Mahmoud Ahmadinejad foi reeleito.
Suspeitas de fraude deflagraram uma onda de protestos antigoverno, que deixou até agora ao menos 40 mortos e dezenas de prisioneiros. O ataque a Mohammadi serviria como um aviso aos inimigos do regime.
Em maio, um importante cientista da central de Natanz desapareceu durante a peregrinação a Meca. O Irã acusou a Inteligência saudita de tê-lo sequestrado a pedido dos EUA.
Em 2007 um pesquisador ligado à área militar morreu aos 44 anos supostamente em decorrência de um vazamento de gás. Há suspeitas de que ele tenha sido assassinado.
Desde 2006 não se tem notícia de um ex-vice-ministro da Defesa do Irã visto pela última vez na Turquia. Há relatos de que ele desertou e posteriormente se aliou aos EUA.

Com agências internacionais



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