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São Paulo, quinta-feira, 13 de fevereiro de 2003

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GUERRA SEM LIMITES

Força liderada pelos americanos bombardeia após emboscada; crianças e mulheres estariam entre os mortos

Ataque dos EUA pode ter matado 17 civis afegãos

CARLOTTA GALL
DO "THE NEW YORK TIMES", EM CABUL

Autoridades do Afeganistão disseram que 17 civis morreram num bombardeio liderado pelos EUA numa região montanhosa do sul do Afeganistão onde forças especiais americanas vêm combatendo forças rebeldes há três dias.
Os combates começaram na segunda-feira, quando as forças especiais foram vítimas de uma emboscada, e continuaram na terça, quando aviões da coalizão liderada pelos EUA bombardearam a área pelo segundo dia consecutivo, disse ontem o porta-voz militar dos EUA, coronel Roger King.
As forças especiais se chocaram com cerca de 25 rebeldes por volta do meio-dia de anteontem. Doze homens foram capturados perto do povoado de Lejay.
Um assessor do governador da Província de Helmand, onde os combates estão acontecendo, disse que os moradores de um povoado buscaram as autoridades locais para denunciar a morte de 17 civis, incluindo mulheres e crianças.
Segundo a agência Reuters, Haji Mohammad Wali, porta-voz do governo de Helmand, disse que as pessoas chegaram chorando, dizendo que seus familiares morreram ou desapareceram.
Um representante do distrito de Bagram, onde os combates continuavam, teria denunciado as mortes depois que parentes dos mortos procuraram a prefeitura do distrito. Bagram é uma região montanhosa no norte de Helmand e vem preocupando os militares americanos, que rastreiam os movimentos de suspeitos rebeldes na área.
Quando as forças especiais faziam um trabalho de reconhecimento de um vale montanhoso, na segunda-feira, foram atacadas e pediram ajuda aérea. Segundo o coronel King, os aviões voltaram a bombardear a área durante oito horas na terça-feira, depois que as forças especiais viram rebeldes armados com fuzis de assalto e granadas lançadas por foguetes numa crista do vale. Aviões B-1 e B-52 despejaram quase 20 bombas de 9.000 quilos sobre a área.
Os combates confirmaram o receio dos EUA de que ainda há grupos armados na região, mas também trouxeram à tona a dificuldade de operar em áreas remotas, quando mesmo os menores vilarejos são povoados por civis.
A Reuters reproduziu as palavras de uma testemunha local que teria visto no leito de um rio os corpos de mulheres e crianças mortas no bombardeio.
King disse que a operação iria continuar e que uma segunda operação estava em curso na região vizinha de Bamiyan. "A intensidade dos bombardeios depende, até certo ponto, do inimigo", disse. "Se o inimigo se mostrar em posição de ataque, então nós o atacaremos."
King disse que os 12 homens capturados provavelmente seriam levados ao quartel-general da coalizão, na base aérea de Bagram, ao norte de Cabul, para serem interrogados. Para ele, provavelmente são combatentes ligados ao que restou do grupo extremista Taleban, que governou o país até 2001, quando foi derrubado com a ajuda da coalizão.


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