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GUERRA SEM LIMITES
Força liderada pelos americanos bombardeia após emboscada; crianças e mulheres estariam entre os mortos
Ataque dos EUA pode ter matado 17 civis afegãos
CARLOTTA GALL
DO "THE NEW YORK TIMES", EM CABUL
Autoridades do Afeganistão
disseram que 17 civis morreram
num bombardeio liderado pelos
EUA numa região montanhosa
do sul do Afeganistão onde forças
especiais americanas vêm combatendo forças rebeldes há três dias.
Os combates começaram na segunda-feira, quando as forças especiais foram vítimas de uma emboscada, e continuaram na terça,
quando aviões da coalizão liderada pelos EUA bombardearam a
área pelo segundo dia consecutivo, disse ontem o porta-voz militar dos EUA, coronel Roger King.
As forças especiais se chocaram
com cerca de 25 rebeldes por volta
do meio-dia de anteontem. Doze
homens foram capturados perto
do povoado de Lejay.
Um assessor do governador da
Província de Helmand, onde os
combates estão acontecendo, disse que os moradores de um povoado buscaram as autoridades
locais para denunciar a morte de
17 civis, incluindo mulheres e
crianças.
Segundo a agência Reuters, Haji
Mohammad Wali, porta-voz do
governo de Helmand, disse que as
pessoas chegaram chorando, dizendo que seus familiares morreram ou desapareceram.
Um representante do distrito de
Bagram, onde os combates continuavam, teria denunciado as
mortes depois que parentes dos
mortos procuraram a prefeitura
do distrito. Bagram é uma região
montanhosa no norte de Helmand e vem preocupando os militares americanos, que rastreiam
os movimentos de suspeitos rebeldes na área.
Quando as forças especiais faziam um trabalho de reconhecimento de um vale montanhoso, na segunda-feira, foram atacadas
e pediram ajuda aérea. Segundo o
coronel King, os aviões voltaram a
bombardear a área durante oito
horas na terça-feira, depois que as
forças especiais viram rebeldes
armados com fuzis de assalto e
granadas lançadas por foguetes
numa crista do vale. Aviões B-1 e
B-52 despejaram quase 20 bombas de 9.000 quilos sobre a área.
Os combates confirmaram o receio dos EUA de que ainda há
grupos armados na região, mas
também trouxeram à tona a dificuldade de operar em áreas remotas, quando mesmo os menores
vilarejos são povoados por civis.
A Reuters reproduziu as palavras de uma testemunha local que
teria visto no leito de um rio os
corpos de mulheres e crianças
mortas no bombardeio.
King disse que a operação iria
continuar e que uma segunda
operação estava em curso na região vizinha de Bamiyan. "A intensidade dos bombardeios depende, até certo ponto, do inimigo", disse. "Se o inimigo se mostrar em posição de ataque, então
nós o atacaremos."
King disse que os 12 homens
capturados provavelmente seriam levados ao quartel-general
da coalizão, na base aérea de Bagram, ao norte de Cabul, para serem interrogados. Para ele, provavelmente são combatentes ligados ao que restou do grupo extremista Taleban, que governou o país até 2001, quando foi derrubado com a ajuda da coalizão.
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