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Partido Democrata tenta cooptar cubanos da Flórida
De olho em 2008, Hillary Clinton compra casa no Estado que elegeu Bush em 2000
Entre exilados cubanos, 72% são registrados como republicanos; mais jovens defendem a flexibilização do embargo contra o regime
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DE NOVA YORK
Hillary Clinton está animadíssima. Com a corrida à sucessão de George W. Bush à Casa
Branca em 2008 já delineada,
seu Partido Democrata -e do
também senador presidenciável Barack Obama- ataca no
que talvez seja o maior reduto
republicano dos EUA: a comunidade cubana e latina do sul da
Flórida.
Pesquisa do instituto Bendixen & Associates, alinhado ao
Partido Democrata, revela que
72% dos eleitores cubanos naturalizados norte-americanos
são registrados como republicanos, e só 10% são registrados
como democratas. Os cerca de
800 mil exilados cubanos da
área de Miami tiveram papel
fundamental na eleição de
Bush à Presidência em 2000.
Mas o 7 a 1 não desanima a
senadora e ex-primeira-dama,
que comprou uma mansão em
Miami Beach e é vista com mais
freqüência na região desde a
eleição em que foi reconduzida
ao Congresso em novembro do
ano passado (sua base é o Estado de Nova York).
Num jantar há duas semanas
em Miami com correligionários, quis saber como os republicanos conseguem apoio incondicional da comunidade cubana da Flórida. Quais foram os
temas e as políticas dos adversários ao longo desse tempo?
Quem são os novos nomes que
surgiram no Partido Democrata nos últimos sete anos, desde
que ela visitou oficialmente pela última vez o Estado e desde
que seu marido, Bill Clinton,
fez várias incursões na Flórida
em busca da reeleição em 1996
e levantou surpreendentes
40% dos votos de eleitores cubanos?
O encontro fez parte de uma
série quase ininterrupta de
consultas políticas realizadas
pela senadora em jantares com
aliados, gabinetes privados e na
nova casa de Miami.
Ganhando terreno
A estratégia democrata é
simples, na visão de analistas:
com os republicanos distraídos
com a Guerra do Iraque e a conseqüente baixa popularidade
de Bush, a oposição (que agora
tem a maioria no Congresso)
investe nas lacunas.
"Ser cubano é sinônimo de
ser republicano. Quando digo
às pessoas que sou democrata,
pensam que sou comunista.
Temos um presidente republicanos e tivemos um Congresso
também republicano por anos.
O que mudou?", pergunta a ativista Susana Betancourt, presidente do Comitê Democrata
Hispânico de Miami.
O levantamento do Bendixen, feito logo após a transferência de poder do ditador Fidel Castro ao irmão Raúl, no
fim de julho do ano passado,
concluiu que os exilados cubanos que deixaram a ilha antes
de 1980 defendem uma política
mais dura contra o regime e a
manutenção do embargo. Os
que chegaram depois aos EUA
crêem numa flexibilização, como a lei que liberaria viagens de
turismo a Cuba apresentada
(de novo) ao Congresso.
No total, a pesquisa mostra
que 49% dos expatriados cubanos (a maioria hoje é cidadão
americano) são favoráveis às
sanções econômicas contra o
regime castrista, e 45% são
contra. No extrato dos que chegaram antes de 1980, possivelmente aqueles que ainda carregam as marcas da revolução, o
percentual sobe para 63% a favor e cai para 29% contra. Considerando os que buscaram asilo a partir dos anos 80, o placar
é de 41% a favor e 55% contra.
Por terem uma política historicamente mais restritiva a Havana, os republicanos construíram essa base de apoio.
Vice-presidente da Nova Rede Democrata, Joe García avalia que Bush conduziu o Partido
Republicana à ultradireita. "O
que os democratas querem
agora é encontrar soluções engajadas com a comunidade cubana e latina", diz. "São votos
que elegem candidatos."
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