São Paulo, terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

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Partido Democrata tenta cooptar cubanos da Flórida

De olho em 2008, Hillary Clinton compra casa no Estado que elegeu Bush em 2000

Entre exilados cubanos, 72% são registrados como republicanos; mais jovens defendem a flexibilização do embargo contra o regime

VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DE NOVA YORK

Hillary Clinton está animadíssima. Com a corrida à sucessão de George W. Bush à Casa Branca em 2008 já delineada, seu Partido Democrata -e do também senador presidenciável Barack Obama- ataca no que talvez seja o maior reduto republicano dos EUA: a comunidade cubana e latina do sul da Flórida.
Pesquisa do instituto Bendixen & Associates, alinhado ao Partido Democrata, revela que 72% dos eleitores cubanos naturalizados norte-americanos são registrados como republicanos, e só 10% são registrados como democratas. Os cerca de 800 mil exilados cubanos da área de Miami tiveram papel fundamental na eleição de Bush à Presidência em 2000.
Mas o 7 a 1 não desanima a senadora e ex-primeira-dama, que comprou uma mansão em Miami Beach e é vista com mais freqüência na região desde a eleição em que foi reconduzida ao Congresso em novembro do ano passado (sua base é o Estado de Nova York).
Num jantar há duas semanas em Miami com correligionários, quis saber como os republicanos conseguem apoio incondicional da comunidade cubana da Flórida. Quais foram os temas e as políticas dos adversários ao longo desse tempo? Quem são os novos nomes que surgiram no Partido Democrata nos últimos sete anos, desde que ela visitou oficialmente pela última vez o Estado e desde que seu marido, Bill Clinton, fez várias incursões na Flórida em busca da reeleição em 1996 e levantou surpreendentes 40% dos votos de eleitores cubanos?
O encontro fez parte de uma série quase ininterrupta de consultas políticas realizadas pela senadora em jantares com aliados, gabinetes privados e na nova casa de Miami.

Ganhando terreno
A estratégia democrata é simples, na visão de analistas: com os republicanos distraídos com a Guerra do Iraque e a conseqüente baixa popularidade de Bush, a oposição (que agora tem a maioria no Congresso) investe nas lacunas.
"Ser cubano é sinônimo de ser republicano. Quando digo às pessoas que sou democrata, pensam que sou comunista. Temos um presidente republicanos e tivemos um Congresso também republicano por anos. O que mudou?", pergunta a ativista Susana Betancourt, presidente do Comitê Democrata Hispânico de Miami.
O levantamento do Bendixen, feito logo após a transferência de poder do ditador Fidel Castro ao irmão Raúl, no fim de julho do ano passado, concluiu que os exilados cubanos que deixaram a ilha antes de 1980 defendem uma política mais dura contra o regime e a manutenção do embargo. Os que chegaram depois aos EUA crêem numa flexibilização, como a lei que liberaria viagens de turismo a Cuba apresentada (de novo) ao Congresso.
No total, a pesquisa mostra que 49% dos expatriados cubanos (a maioria hoje é cidadão americano) são favoráveis às sanções econômicas contra o regime castrista, e 45% são contra. No extrato dos que chegaram antes de 1980, possivelmente aqueles que ainda carregam as marcas da revolução, o percentual sobe para 63% a favor e cai para 29% contra. Considerando os que buscaram asilo a partir dos anos 80, o placar é de 41% a favor e 55% contra.
Por terem uma política historicamente mais restritiva a Havana, os republicanos construíram essa base de apoio.
Vice-presidente da Nova Rede Democrata, Joe García avalia que Bush conduziu o Partido Republicana à ultradireita. "O que os democratas querem agora é encontrar soluções engajadas com a comunidade cubana e latina", diz. "São votos que elegem candidatos."


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