São Paulo, segunda-feira, 13 de março de 2006

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"EIXO DO MAL"

Às vésperas de resolução do Conselho de Segurança da ONU, Teerã diz que proposta russa já não interessa

Irã descarta transferir programa para Rússia

DA REDAÇÃO

O Irã descartou ontem a possibilidade de transferir seu programa de enriquecimento de urânio para a Rússia, conforme proposta deste país, e disse, ao contrário, que poderá aumentar as atividades nucleares em seu território. "A proposta russa não está mais na nossa agenda", disse o porta-voz da Chancelaria iraniana, Hamid Reza Asefi. "As circunstâncias mudaram. Temos de esperar e ver como as coisas sairão com os cinco países com veto [membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU]", acrescentou.
Os cinco membros permanentes do CS -Rússia, Reino Unido, França, EUA e China- devem definir nesta semana o texto da resolução a ser adotada em relação ao Irã, remetido ao conselho pela AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica). Teerã afirma que seus fins são pacíficos, mas os EUA e países europeus o acusam de tentar desenvolver uma bomba.
Tanto a Rússia quanto a União Européia vinham defendendo, até o último momento, uma saída diplomática para o impasse. Entre outras medidas, o CS pode impor a aplicação de sanções políticas e econômicas ao Irã.
"Não temos medo do Conselho de Segurança. O que é importante para nós é defender nossos direitos legítimos. O Irã é um país poderoso e é capaz de defender seus interesses", disse Asefi.
Em Moscou, Konstantin Kosachev, presidente da comissão de assuntos internacional da Duma (a Câmara Baixa do Parlamento russo), criticou duramente Teerã, afirmando que a decisão pode provocar uma "radicalização" das discussões dentro do CS.
A iniciativa causa "pesar e desapontamento, já que destrói a última chance real de um acordo", declarou Kosachev, segundo agências de notícias russas.
O parlamentar russo disse ainda que aparentemente o Irã havia usado a proposta russa apenas "para criar a ilusão de negociações e adiar ser remetido ao CS".
O porta-voz da Chancelaria, Mikhail Kamynin, disse que o Kremlin iria se pronunciar após ser formalmente informado da decisão.
A proposta de Moscou de que o Irã enriquecesse urânio dentro do território russo tinha o apoio dos EUA e da União Européia, que a viam como uma forma de garantir que o programa iraniano tivesse monitoramento internacional.

Petróleo
Autoridades iranianas recuaram ontem na ameaça de usar petróleo como uma arma de política externa caso o CS decidisse impor sanções contra o país.
A ameaça havia sido feita no dia anterior pelo ministro do Interior iraniano, Mostafa Pourmohammadi. O Irã é o segundo maior produtor membro da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo).
"A República Islâmica do Irã está determinada em continuar fornecendo petróleo como uma fonte eficaz e confiável de energia e não usará o petróleo como um instrumento de política externa", afirmou o chanceler Manouchehr Mottaki.


Com agências internacionais

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