São Paulo, terça-feira, 13 de março de 2007

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Região volta a ter peso nos cálculos do Departamento de Estado americano

NEWTON CARLOS
ESPECIAL PARA A FOLHA

Na opinião de Dan Restrepo, do Center for International Policy, de Washington, há um "despertar" em Washington e a defesa dos interesses nacionais dos EUA assume a dianteira nas relações com a América Latina. Cacoetes ideológicos marcaram a diplomacia latino-americana do governo Bush, entregue a remanescentes dos que tocaram fogo na América Central nos anos 80. Realismo seria o novo selo, já tendo de lidar com uma constatação à vista, o peso que a América Latina voltou a ter nas ante-salas do Departamento de Estado.
O novo "foco" é o combate à pobreza. "Não se trata de luta ideológica, devemos mostrar que a democracia dá conta do recado", diz Thomas Shannon, o diplomata encarregado de administrar as "novas idéias" do Departamento de Estado. Bush já admitiu que a democracia pode ser questionada, tendo em vista a miséria persistente.
Bush repete o que lhe foi passado a pedido dele próprio, afinal incomodado com o grau de impopularidade dos EUA na América Latina e a importância que isso passou a ter na política global. Há uma espécie de ofensiva, da qual também participa o Congresso americano, com reflexões próprias. Comissão parlamentar viajou à América Latina no final do ano passado. Esteve na Bolívia e no Equador, países com governo de esquerda, ou populistas.
O Congresso deve convocar audiências sobre a América Latina. É criticado o tamanho da ajuda militar à Colômbia, onde gente ligada ao governo andou metida com esquadrões da morte. "Faz lembrar os anos 80", disse um parlamentar. Há uma segunda linha em atividade. Daniel Sullivan, o encarregado de questões econômicas no Departamento de Estado, foi à Nicarágua oferecer ajuda a Daniel Ortega, ex-guerrilheiro. Nas conversas nunca faltam observações sobre "fortalecimento da democracia". É a senha de um componente obrigatório dessa ofensiva, lançada por Condoleezza Rice com o nome de "estratégia da inoculação". Nada mais do que tentativas de isolar Chávez.


O jornalista NEWTON CARLOS é analista de questões internacionais


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