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Região volta a ter peso nos cálculos do Departamento de Estado americano
NEWTON CARLOS
ESPECIAL PARA A FOLHA
Na opinião de Dan Restrepo,
do Center for International Policy, de Washington, há um
"despertar" em Washington e a
defesa dos interesses nacionais
dos EUA assume a dianteira
nas relações com a América Latina. Cacoetes ideológicos marcaram a diplomacia latino-americana do governo Bush,
entregue a remanescentes dos
que tocaram fogo na América
Central nos anos 80. Realismo
seria o novo selo, já tendo de lidar com uma constatação à vista, o peso que a América Latina
voltou a ter nas ante-salas do
Departamento de Estado.
O novo "foco" é o combate à
pobreza. "Não se trata de luta
ideológica, devemos mostrar
que a democracia dá conta do
recado", diz Thomas Shannon,
o diplomata encarregado de administrar as "novas idéias" do
Departamento de Estado. Bush
já admitiu que a democracia
pode ser questionada, tendo
em vista a miséria persistente.
Bush repete o que lhe foi passado a pedido dele próprio, afinal incomodado com o grau de
impopularidade dos EUA na
América Latina e a importância
que isso passou a ter na política
global. Há uma espécie de ofensiva, da qual também participa
o Congresso americano, com
reflexões próprias. Comissão
parlamentar viajou à América
Latina no final do ano passado.
Esteve na Bolívia e no Equador,
países com governo de esquerda, ou populistas.
O Congresso deve convocar
audiências sobre a América Latina. É criticado o tamanho da
ajuda militar à Colômbia, onde
gente ligada ao governo andou
metida com esquadrões da
morte. "Faz lembrar os anos
80", disse um parlamentar.
Há uma segunda linha em
atividade. Daniel Sullivan, o encarregado de questões econômicas no Departamento de Estado, foi à Nicarágua oferecer
ajuda a Daniel Ortega, ex-guerrilheiro. Nas conversas nunca
faltam observações sobre "fortalecimento da democracia". É
a senha de um componente
obrigatório dessa ofensiva, lançada por Condoleezza Rice com
o nome de "estratégia da inoculação". Nada mais do que tentativas de isolar Chávez.
O jornalista NEWTON CARLOS é analista de
questões internacionais
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