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Obama promete manter hegemonia militar dos EUA
Em discurso a cadetes, presidente se compromete a expandir tropas, mas diz que guerras e terrorismo não são único foco
Conservadores temem erosão de poderio, alvo de debate na mídia depois de democrata reduzir ritmo do aumento do gasto militar
ANDREA MURTA
DE NOVA YORK
O presidente dos EUA, Barack Obama, tentou ontem
apaziguar dúvidas crescentes
com um recado certeiro: seu
governo tentará manter, apesar
da crise econômica, a primazia
militar. "Não tenham dúvidas,
este país vai manter seu domínio militar", disse, em discurso
na Universidade Nacional de
Defesa, em Washington.
Ante a erosão da influência
americana e apesar da constante defesa que faz do uso da diplomacia -repetida ontem-,
esta foi pelo menos a terceira
vez que Obama reiterou que os
EUA seguirão na liderança
mundial apesar dos desafios.
Ele já abordara o tema em seu
discurso de posse, em janeiro, e
ao apresentar seu Orçamento
ao Congresso, no mês passado.
O risco de corrosão do poderio americano tem sido alvo de
debate na mídia e nos círculos
políticos dos EUA, intensificado após a chegada do democrata ao poder e sob o impacto da
crise econômica. Manter a hegemonia militar -logo, boa
parte da influência do país- requer programas de armas de
ponta, plataformas aéreas e
marítimas e linhas de comunicação que custam bilhões.
Conservadores também ligaram o alerta vermelho diante
do Orçamento proposto para o
ano fiscal de 2010. Nele, pela
primeira vez em sete anos, o
presidente previu reduzir o ritmo do investimento em defesa.
O Pentágono foi a terceira
pasta menos favorecida nos aumentos de gastos, com alta de
4% em relação a 2009 (totalizando US$ 533,7 bilhões, quase
20% de todo o investimento do
governo). Já o gasto com o Departamento de Estado saltou
40,9%, para US$ 51,7 bilhões.
Ontem o democrata admitiu
os efeitos da crise, mas se comprometeu a manter o investimento alto: "Vamos ter as Forças Armadas mais fortes da história. Faremos o que for preciso para manter a vantagem".
Ainda assim, tratou de marcar distância de posições de seu
antecessor, George W. Bush. A
principal foi relativizar a importância estratégica das guerras do Iraque e do Afeganistão,
embora admitindo que os americanos "continuam em guerra
contra terroristas" no Afeganistão e no Paquistão.
Outro paradigma derrocado
é o de que essa guerra contra os
terroristas -Obama evita o termo "guerra ao terror", cunhado
por Bush- deva concentrar a
atenção do governo. O presidente ressaltou que há outras
preocupações que exigem foco
do Pentágono, como a própria
crise econômica e seu risco inerente de desestabilizar governos pelo mundo.
Ele também enfatizou a necessidade de combinar a força
ao poder de influência, o que
cria o chamado "smart power"
(poder inteligente). Para isso, é
preciso desenvolver "novas
abordagens e capacidades", expandindo tropas terrestres ao
mesmo tempo em que se investe no aprendizado de línguas e
culturas pelos militares, se fortalece o papel da diplomacia e
se busca o apoio de aliados.
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