São Paulo, terça-feira, 13 de abril de 2004

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VENEZUELA

Câmaras do Supremo Tribunal de Justiça divergem sobre referendo

"Chávez abre caminho a Lula", diz líder

FABIANO MAISONNAVE
DA REDAÇÃO

"A permanência de Chávez, que derrotou um golpe da oposição financiado pelos Estados Unidos, foi o que deu viabilidade à vitória do presidente Lula no Brasil. Somos como um pelotão de frente, lutando e abrindo caminho para que os governos progressistas do continente de Lula e [do presidente argentino, Néstor] Kirchner sigam adiante."
A afirmação é do deputado chavista Nicolás Maduro, 41, coordenador da bancada governista no Congresso venezuelano. Junto com outros dois deputados governistas, ele participaria ontem à noite, em São Paulo, de um ato para lembrar os dois anos do fracassado golpe de Estado contra o presidente Hugo Chávez.
O evento é organizado pelo Instituto Maurício Grabois, ligado ao PC do B, pelo MST e por outras organizações de esquerda.
No dia 11 abril de 2002, parte da oposição chavista e das Forças Armadas promoveram um golpe que afastou o presidente venezuelano por 48 horas. Os EUA negam participação no golpe.
"Na época, a oposição argumentava que era necessário derrubar Chávez para que Lula não ganhasse a eleição no Brasil", disse Maduro, em entrevista à Folha.

Referendo
Dois anos depois, a tensão política na Venezuela está longe do fim e agora gira em torno da tentativa dos oposicionistas de convocar um referendo -previsto na Constituição- para abreviar o mandato de Chávez.
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) decidiu em março que mais de 800 mil assinaturas recolhidas pela oposição no final de 2003 precisam ser validadas.
Ontem, a Câmara Constitucional do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) ratificou uma decisão anterior determinando que o CNE reconheça em cinco dias as assinaturas invalidadas.
Mas outra Câmara do próprio STJ, a Constitucional, declarou em seguida que a Câmara Eleitoral não tem validade.
A oposição tem acusado Chávez de manobrar para impedir o referendo e de estar à frente de um governo autocrático inspirado no regime cubano.
Maduro diz que não há no momento possibilidade de negociações com a oposição e que "o que unifica os opositores é o financiamento dos EUA".
"Quanto mais débil a oposição, mais fácil fica governar", afirma Maduro.


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