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Ataque atinge área superprotegida de Bagdá
Homem-bomba mata oito, incluindo deputados, em atentado no Parlamento, na região supostamente mais segura da capital
Falhas na segurança são recorrentes; ataque indica fracasso do novo plano de segurança para a cidade,
em vigor há nove semanas
DA REDAÇÃO
Pelo menos oito pessoas
morreram ontem em Bagdá, vítimas de um atentado no prédio do Parlamento iraquiano.
Entre os mortos estavam pelo
menos dois parlamentares.
O responsável pelo ataque foi
um homem-bomba que se explodiu no refeitório da Casa,
que fica dentro da área conhecida como Zona Verde, de segurança máxima.
De acordo com o major-general William Caldwell, porta-voz das Forças Armadas americanas, investigações estão sendo conduzidas para que se descubra como os explosivos chegaram à Zona Verde e quem
promoveu o atentado. Caldwell
disse também que 20 outras
pessoas ficaram feridas na explosão. A primeira suspeita da
autoria do ataque recai, como
de praxe, sobre a Al Qaeda.
A Zona Verde não abriga apenas instalações do governo iraquiano, mas também a Embaixada dos EUA. Supostamente a
área mais protegida da capital,
ela tem vários pontos de controle de fluxo de pessoas, tanto
fora como dentro, os quais ficam a cargo de militares iraquianos e americanos.
Essa não foi a primeira vez
que a segurança na Zona Verde
falhou. No mês passado, um foguete caiu a cerca de 50 metros
do local onde o secretário-geral
da ONU, Ban Ki-Moon, dava
uma entrevista coletiva junto
do premiê do Iraque, Nouri al
Maliki. Ninguém se feriu.
Além disso, segundo informaram militares dos EUA, no
início do mês dois coletes com
explosivos foram encontrados
na Zona Verde; e um outro foguete que caiu no local no mês
passado matou dois americanos, um civil e um militar.
Mais dois
Logo após o atentado o prédio foi isolado e foram achados
mais dois explosivos, detonados por equipes de segurança.
Segundo a agência Associated Press, os parlamentares
mortos eram sunitas, Mohammed Awad e Taha al Liheibi.
Autoridades iraquianas suspeitam de que o homem-bomba era guarda-costas de um
parlamentar que não se feriu
no ataque.
Tanto o presidente dos EUA,
George W. Bush, como sua secretária de Estado, Condoleezza Rice, condenaram a ação e
insistiram na defesa do novo
plano de segurança para Bagdá,
já em vigor há nove semanas e
que conta com o emprego de
efetivo extra de soldados dos
EUA -há no país hoje cerca de
145 mil militares americanos; a
intenção é aumentar essa força
para 160 mil.
Teerã também condenou o
atentado, que qualificou de "satânico e inumano". Repúdio
partiu também do Brasil, em
nota emitida pelo Itamaraty.
"Com vocês"
"Minha mensagem ao governo iraquiano é: nós estamos
com vocês", disse Bush.
Já Rice afirmou crer "que
ninguém esperava que não haveria esforços dos terroristas
para tentar minar o plano de
segurança".
Mas o político iraquiano
Khalaf al Ilyian, líder do partido Frente de Coordenação Iraquiana, tem uma opinião distinta de Rice. "O plano é 100%
falho; é um fracasso completo.
A explosão [de ontem] significa
que a instabilidade e a insegurança chegaram à Zona Verde",
declarou Al Ilyian.
Uma indicação de que autoridades americanas já começam
a repensar a estratégia de fortalecer com tropas a segurança de
Bagdá foi dada pelo jornalista
britânico Robert Fisk, do "Independent". Em matéria publicada no início da semana, Fisk
revelou que militares de alta
patente dos EUA estão elaborando um plano para dividir a
capital do Iraque em áreas fortificadas e controlar o fluxo de
civis nessas áreas. A idéia, avalia o jornalista, tende a não funcionar, dado que não há como
discriminar objetivamente os
potenciais terroristas dos cidadãos comuns.
Ponte derrubada
Pouco antes do ataque ao
Parlamento, um caminhão-bomba explodiu sobre a uma
ponte que liga as zonas oeste e
leste de Bagdá, matando pelo
menos dez pessoas.
A explosão destruiu a ponte e
atirou alguns carros no rio Tigre. Policiais tentavam resgatar
em botes cerca de 20 ocupantes
desses veículos.
Com agências internacionais
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