São Paulo, sexta-feira, 13 de abril de 2007

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Ataque atinge área superprotegida de Bagdá

Homem-bomba mata oito, incluindo deputados, em atentado no Parlamento, na região supostamente mais segura da capital

Falhas na segurança são recorrentes; ataque indica fracasso do novo plano de segurança para a cidade, em vigor há nove semanas

DA REDAÇÃO

Pelo menos oito pessoas morreram ontem em Bagdá, vítimas de um atentado no prédio do Parlamento iraquiano. Entre os mortos estavam pelo menos dois parlamentares.
O responsável pelo ataque foi um homem-bomba que se explodiu no refeitório da Casa, que fica dentro da área conhecida como Zona Verde, de segurança máxima.
De acordo com o major-general William Caldwell, porta-voz das Forças Armadas americanas, investigações estão sendo conduzidas para que se descubra como os explosivos chegaram à Zona Verde e quem promoveu o atentado. Caldwell disse também que 20 outras pessoas ficaram feridas na explosão. A primeira suspeita da autoria do ataque recai, como de praxe, sobre a Al Qaeda.
A Zona Verde não abriga apenas instalações do governo iraquiano, mas também a Embaixada dos EUA. Supostamente a área mais protegida da capital, ela tem vários pontos de controle de fluxo de pessoas, tanto fora como dentro, os quais ficam a cargo de militares iraquianos e americanos.
Essa não foi a primeira vez que a segurança na Zona Verde falhou. No mês passado, um foguete caiu a cerca de 50 metros do local onde o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, dava uma entrevista coletiva junto do premiê do Iraque, Nouri al Maliki. Ninguém se feriu.
Além disso, segundo informaram militares dos EUA, no início do mês dois coletes com explosivos foram encontrados na Zona Verde; e um outro foguete que caiu no local no mês passado matou dois americanos, um civil e um militar.

Mais dois
Logo após o atentado o prédio foi isolado e foram achados mais dois explosivos, detonados por equipes de segurança.
Segundo a agência Associated Press, os parlamentares mortos eram sunitas, Mohammed Awad e Taha al Liheibi.
Autoridades iraquianas suspeitam de que o homem-bomba era guarda-costas de um parlamentar que não se feriu no ataque.
Tanto o presidente dos EUA, George W. Bush, como sua secretária de Estado, Condoleezza Rice, condenaram a ação e insistiram na defesa do novo plano de segurança para Bagdá, já em vigor há nove semanas e que conta com o emprego de efetivo extra de soldados dos EUA -há no país hoje cerca de 145 mil militares americanos; a intenção é aumentar essa força para 160 mil.
Teerã também condenou o atentado, que qualificou de "satânico e inumano". Repúdio partiu também do Brasil, em nota emitida pelo Itamaraty.

"Com vocês"
"Minha mensagem ao governo iraquiano é: nós estamos com vocês", disse Bush.
Já Rice afirmou crer "que ninguém esperava que não haveria esforços dos terroristas para tentar minar o plano de segurança".
Mas o político iraquiano Khalaf al Ilyian, líder do partido Frente de Coordenação Iraquiana, tem uma opinião distinta de Rice. "O plano é 100% falho; é um fracasso completo. A explosão [de ontem] significa que a instabilidade e a insegurança chegaram à Zona Verde", declarou Al Ilyian.
Uma indicação de que autoridades americanas já começam a repensar a estratégia de fortalecer com tropas a segurança de Bagdá foi dada pelo jornalista britânico Robert Fisk, do "Independent". Em matéria publicada no início da semana, Fisk revelou que militares de alta patente dos EUA estão elaborando um plano para dividir a capital do Iraque em áreas fortificadas e controlar o fluxo de civis nessas áreas. A idéia, avalia o jornalista, tende a não funcionar, dado que não há como discriminar objetivamente os potenciais terroristas dos cidadãos comuns.

Ponte derrubada
Pouco antes do ataque ao Parlamento, um caminhão-bomba explodiu sobre a uma ponte que liga as zonas oeste e leste de Bagdá, matando pelo menos dez pessoas.
A explosão destruiu a ponte e atirou alguns carros no rio Tigre. Policiais tentavam resgatar em botes cerca de 20 ocupantes desses veículos.


Com agências internacionais


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