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China confirma a EUA apoio a sanções ao Irã
Após encontro de presidente chinês com Obama, Casa Branca anuncia que países já trabalham no texto de resolução da ONU
Oficialização de mudança
de posição pode ser a maior
vitória de líder americano
na Cúpula de Segurança
Nuclear de Washington
ANDREA MURTA
DE WASHINGTON
CRISTINA FIBE
ENVIADA ESPECIAL A WASHINGTON
Em reunião ontem entre os
presidentes dos dois países, a
China confirmou aos EUA que
aceita trabalhar por novas sanções da ONU contra o Irã. A oficialização da posição poderá
ser a mais importante vitória
de Barack Obama na Cúpula de
Segurança Nuclear, que termina hoje em Washington.
Segundo Jeffrey Bader, assessor de Obama para a China,
os dois países já estão negociando na ONU para elaborar a
resolução. O texto "deixará claro ao Irã o custo de buscar um
programa nuclear que viola as
obrigações e responsabilidades
iranianas", disse.
O anúncio da Casa Branca foi
feito logo após o encontro de 90
minutos entre Obama e o presidente chinês, Hu Jintao, único
líder dos cinco países com poder de veto no Conselho de Segurança da ONU (EUA, Rússia,
Reino Unido, China e França)
que ainda hesitava publicamente em aplicar mais sanções.
A mudança deixa mais isolados Brasil, Turquia e Líbano,
atualmente membros rotativos
do CS da ONU, contra uma nova rodada de sanções. Nenhum
deles tem poder de veto, mas a
falta de unanimidade afetaria a
legitimidade de eventuais resoluções aprovadas.
Ben Rhodes, vice-assessor de
segurança nacional dos EUA,
disse que o país espera que a
nova resolução seja finalizada
em algumas semanas.
Não se sabe, porém, o escopo
das novas sanções. Enquanto
Washington vem fazendo campanha por punições duras, especula-se que será necessário
diluir o teor da resolução para
manter aprovação de Pequim.
A China é hoje o principal
destino das exportações iranianas e o segundo país em origem
das importações de Teerã. Há
preocupação especial dos chineses com relação a sanções
que interfiram na venda de gasolina ao Irã. O país tem ainda
bilhões de dólares investidos
no desenvolvimento de dois
campos petrolíferos iranianos.
O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, afirmou
antes do início da cúpula em
Washington que o encontro
"tem o objetivo de humilhar seres humanos" e que sanções
não impedirão o Irã de continuar seu programa nuclear, cujos fins, segundo o país, são
energéticos, e não militares.
Em outras vitórias da cúpula,
Obama anunciou que a Ucrânia
concordou em eliminar seu estoque de urânio altamente
enriquecido, suficiente para a
construção de várias bombas
nucleares. Os EUA buscavam
esse resultado havia mais de
uma década. A Ucrânia pretende substituir, com apoio tecnológico americano, seus reatores
atuais por outros que operem
com urânio pouco enriquecido.
O premiê do Canadá, Stephen Harper, também anunciou a disposição de devolver
seus resíduos nucleares aos
EUA, seu fornecedor, como
parte do esforço mundial pela
segurança de materiais físseis.
O presidente francês, Nicolas
Sarkozy, propôs durante a cúpula a criação de um tribunal
internacional para julgar pessoas que transferem material
nuclear a terroristas. A ideia foi
apoiada por países europeus.
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