São Paulo, terça-feira, 13 de abril de 2010

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China confirma a EUA apoio a sanções ao Irã

Após encontro de presidente chinês com Obama, Casa Branca anuncia que países já trabalham no texto de resolução da ONU

Oficialização de mudança de posição pode ser a maior vitória de líder americano na Cúpula de Segurança Nuclear de Washington

ANDREA MURTA
DE WASHINGTON
CRISTINA FIBE
ENVIADA ESPECIAL A WASHINGTON

Em reunião ontem entre os presidentes dos dois países, a China confirmou aos EUA que aceita trabalhar por novas sanções da ONU contra o Irã. A oficialização da posição poderá ser a mais importante vitória de Barack Obama na Cúpula de Segurança Nuclear, que termina hoje em Washington.
Segundo Jeffrey Bader, assessor de Obama para a China, os dois países já estão negociando na ONU para elaborar a resolução. O texto "deixará claro ao Irã o custo de buscar um programa nuclear que viola as obrigações e responsabilidades iranianas", disse.
O anúncio da Casa Branca foi feito logo após o encontro de 90 minutos entre Obama e o presidente chinês, Hu Jintao, único líder dos cinco países com poder de veto no Conselho de Segurança da ONU (EUA, Rússia, Reino Unido, China e França) que ainda hesitava publicamente em aplicar mais sanções.
A mudança deixa mais isolados Brasil, Turquia e Líbano, atualmente membros rotativos do CS da ONU, contra uma nova rodada de sanções. Nenhum deles tem poder de veto, mas a falta de unanimidade afetaria a legitimidade de eventuais resoluções aprovadas.
Ben Rhodes, vice-assessor de segurança nacional dos EUA, disse que o país espera que a nova resolução seja finalizada em algumas semanas.
Não se sabe, porém, o escopo das novas sanções. Enquanto Washington vem fazendo campanha por punições duras, especula-se que será necessário diluir o teor da resolução para manter aprovação de Pequim.
A China é hoje o principal destino das exportações iranianas e o segundo país em origem das importações de Teerã. Há preocupação especial dos chineses com relação a sanções que interfiram na venda de gasolina ao Irã. O país tem ainda bilhões de dólares investidos no desenvolvimento de dois campos petrolíferos iranianos.
O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, afirmou antes do início da cúpula em Washington que o encontro "tem o objetivo de humilhar seres humanos" e que sanções não impedirão o Irã de continuar seu programa nuclear, cujos fins, segundo o país, são energéticos, e não militares.
Em outras vitórias da cúpula, Obama anunciou que a Ucrânia concordou em eliminar seu estoque de urânio altamente enriquecido, suficiente para a construção de várias bombas nucleares. Os EUA buscavam esse resultado havia mais de uma década. A Ucrânia pretende substituir, com apoio tecnológico americano, seus reatores atuais por outros que operem com urânio pouco enriquecido.
O premiê do Canadá, Stephen Harper, também anunciou a disposição de devolver seus resíduos nucleares aos EUA, seu fornecedor, como parte do esforço mundial pela segurança de materiais físseis.
O presidente francês, Nicolas Sarkozy, propôs durante a cúpula a criação de um tribunal internacional para julgar pessoas que transferem material nuclear a terroristas. A ideia foi apoiada por países europeus.


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