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AMEAÇA NUCLEAR
Paris, Londres e Berlim dizem que, se Teerã retomar programa de enriquecimento de urânio, vão acionar ONU
Europeus ameaçam apoiar sanções ao Irã
DA REUTERS
A França, o Reino Unido e a
Alemanha disseram ao Irã que
porão fim às negociações sobre o
programa nuclear iraniano e se
juntarão aos EUA em seu esforço
para que o Conselho de Segurança da ONU tome medidas contra
o país se Teerã realmente retomar
suas atividades nucleares, segundo informaram ontem autoridades da União Européia.
Após a ameaça, o chefe da agência atômica iraniana, Gholamreza
Aghazadeh, disse em um programa de entrevistas da TV estatal do
país que não há data certa para a
retomada das atividades, e que ela
pode ser adiada "por alguns dias".
Os ministros das Relações Exteriores das três principais potências da UE enviaram uma dura
carta a Hassan Rohani, o principal negociador iraniano no que
tange ao programa nuclear do
país, avisando que a retomada de
atividades nucleares que, potencialmente, poderiam ter fins bélicos "levaria o processo de negociação ao fim", disse um diplomata da UE, citando a carta. "As conseqüências só poderiam ser negativas para o Irã", afirmou.
O premiê britânico, Tony Blair,
explicou as potenciais conseqüências ao falar com jornalistas:
"Certamente, vamos apoiar uma
medida para levar o caso ao Conselho de Segurança da ONU se o
Irã não cumprir suas obrigações e
seus deveres", afirmou o premiê.
Os EUA acreditam que o programa nuclear iraniano, que, segundo Teerã, só visa a produção
de energia, seja uma fachada para
a produção de bombas atômicas e
têm pressionado Teerã, ameaçando levar o caso à apreciação do
Conselho de Segurança. Este poderá aplicar sanções econômicas
ao Irã se chegar à conclusão de
que seu governo busca obter armas de destruição em massa.
A secretária de Estado dos EUA,
Condoleezza Rice, disse que o governo de George W. Bush espera
que, apesar das ameaças de Teerã,
o Irã não vá abandonar as negociações.
"O Conselho de Segurança sempre será uma alternativa se os iranianos não respeitarem suas obrigações. Mas ainda esperamos que
eles reconheçam a posição em
que estão", disse a secretária a deputados americanos.
A União Européia compartilha
as preocupações americanas, mas
tem oferecido incentivos para que
Teerã aceite abandonar seu programa nuclear. Desde o final de
2003, a União Européia tem sido a
principal interlocutora de Teerã, e
a carta enviada a Rohani marca
uma mudança de posição do bloco, que vinha buscando uma solução sem confronto com as autoridades iranianas.
Teerã
O governo iraniano se recusa a
abrir mão de seu programa nuclear, que, segundo ele, é um direito soberano do país. Cansado
da demora das negociações, o governo iraniano disse que o tempo
para um acordo está acabando e
avisou que pretende retomar partes de seu programa de enriquecimento de urânio.
Talvez a carta da UE já tenha
surtido efeito positivo. Segundo
autoridades que trabalham com o
tema em Bruxelas, o governo iraniano está disposto a dar mais
uma chance às negociações com a
UE antes de retomar suas atividades nucleares.
Horas antes, um diplomata que
trabalha na Agência Internacional
de Energia Atômica (AIEA), sediada em Viena (Áustria), disse à
agência de notícias Reuters que o
órgão poderia receber "em breve"
uma carta da administração iraniana, notificando a retomada de
suas atividades nucleares.
Sirus Naseri, principal autoridade iraniana na AIEA, chegou a
Viena com uma carta para o chefe
da agência da ONU, Mohamed El
Baradei. Mas, segundo diplomatas, ela poderá não ser entregue a
El Baradei.
Um funcionário do órgão afirmou que, nos últimos dias, europeus e iranianos tiveram encontros informais, o que gerou a esperança de que as negociações,
que tinham recomeçado em novembro -depois que Teerã aceitou suspender todas as atividades
ligadas ao enriquecimento de urânio-, possam ser retomadas.
De acordo com outro diplomata
que trabalha na AIEA, não se espera que o Irã retome suas atividades nucleares antes da eleição
presidencial no país, marcada para 17 de junho. Não é por acaso
que o impasse atual ocorre pouco
antes da eleição, segundo diplomatas europeus.
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