|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
IRAQUE SOB TUTELA
Terroristas explodem carro-bomba próximo a mercado da capital, onde não havia alvo político nem militar
Atentado contra civis mata 12 em Bagdá
DA REDAÇÃO
Enquanto arrefecia a ofensiva
americana lançada no começo da
semana contra a insurgência perto da fronteira com a Síria, terroristas voltaram a atacar ontem no
Iraque, matando pelo menos 12
civis com um carro-bomba em
um mercado de Bagdá. Também
na capital, um general do Exército
iraquiano e um coronel da polícia
foram mortos a tiros quando se
dirigiam para o trabalho.
Num atentado aparentemente
direcionado contra civis que faziam compras num mercado, um
carro-bomba explodiu em Jadida,
distrito de população predominantemente xiita no leste da capital, repetindo as cenas de desespero que se tornaram rotina em
Bagdá. "Não havia policiais ou
tropas do Exército americano no
momento da explosão", disse à
Associated Press o policial iraquiano Hareth Muthana. Segundo a polícia, 12 pessoas morreram
e pelo menos 80 ficaram feridas.
A explosão incendiou treze carros e causou danos em várias lojas
próximas. Desde a posse do governo interino iraquiano, no dia
28 de abril, mais de 400 pessoas já
morreram em ataques que atingiram, em sua maioria, civis.
Os ataques geralmente são atribuídos a "insurgentes sunitas",
mas o presidente iraquiano, Jalal
Talabani, que participou esta semana da Cúpula de Brasília, disse
em entrevista à Folha que não há
resistência legítima no Iraque e
que os ataques são executados
por terroristas estrangeiros, financiados por grupos baseados
em países vizinhos.
As eleições realizadas no fim de
janeiro no Iraque mudaram drasticamente a estrutura de poder
que predominava no Iraque do
ditador Saddam Hussein. Xiitas e
curdos, que compõem a maioria
da população mas eram oprimidos pelo regime anterior, assumiram o controle do país. Os sunitas, que boicotaram a votação, ficaram sub-representados na Assembléia Nacional, com apenas 17
dos 275 deputados.
Para evitar o aprofundamento
de divisões étnicas e a deflagração
de uma guerra civil no país, xiitas
e curdos buscaram conceder a sunitas cargos no novo governo, entre eles a pasta da Defesa, que foi
atribuída a um ex-exilado, Saadoun al-Dulaimi. Apesar disso, os
ataques contra civis e autoridades
não cessaram.
Pouco antes da explosão de ontem no mercado, pistoleiros mataram o coronel Jamal Ahmad,
que estava a caminho do trabalho,
no Ministério do Interior. Em um
ataque semelhante, o general do
Exército Iyad Imad Mehdi foi
morto a tiros quando chegava ao
Ministério da Defesa. Três homens pararam seu carro e o atingiram na cabeça, fugindo em seguida.
O Exército americano sofreu
duas baixas ontem perto da fronteira da Síria, onde uma grande
operação contra rebeldes foi lançada na segunda-feira. Ontem,
dois fuzileiros navais morreram e
14 ficaram feridos quando o veículo em que estavam atingiu uma
mina terrestre.
A ofensiva americana no nordeste do Iraque, que nas primeiras 24 horas deixou mais de cem
rebeldes mortos, segundo o Exército dos EUA, começa a ter sua intensidade reduzida. Segundo o
coronel americano Bob Chase,
chefe de operações da Segunda
Divisão de Fuzileiros, houve
"pouca ação significativa" ontem,
depois de três dias de ataques ao
longo do rio Eufrates, na rota usada por terroristas para se infiltrar
no Iraque.
A violência de ontem se segue
aos sangrentos ataques cometidos
na quarta-feira, no norte e no centro do Iraque, que deixaram, segundo a mais recente atualização,
79 mortos e 120 feridos.
No pior desses atentados, ao
menos 38 pessoas morreram e
cerca de 80 ficaram feridas quando um suicida explodiu um carro-bomba na rua principal de Tikrit,
cidade natal de Saddam Hussein,
que fica cerca de 200 quilômetros
ao norte de Bagdá.
Com agências internacionais
Texto Anterior: País anuncia novo passo para produzir bomba Próximo Texto: Comitê diz que Saddam subornou britânico e francês Índice
|