São Paulo, sexta-feira, 13 de maio de 2005

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IRAQUE SOB TUTELA

Terroristas explodem carro-bomba próximo a mercado da capital, onde não havia alvo político nem militar

Atentado contra civis mata 12 em Bagdá

DA REDAÇÃO

Enquanto arrefecia a ofensiva americana lançada no começo da semana contra a insurgência perto da fronteira com a Síria, terroristas voltaram a atacar ontem no Iraque, matando pelo menos 12 civis com um carro-bomba em um mercado de Bagdá. Também na capital, um general do Exército iraquiano e um coronel da polícia foram mortos a tiros quando se dirigiam para o trabalho.
Num atentado aparentemente direcionado contra civis que faziam compras num mercado, um carro-bomba explodiu em Jadida, distrito de população predominantemente xiita no leste da capital, repetindo as cenas de desespero que se tornaram rotina em Bagdá. "Não havia policiais ou tropas do Exército americano no momento da explosão", disse à Associated Press o policial iraquiano Hareth Muthana. Segundo a polícia, 12 pessoas morreram e pelo menos 80 ficaram feridas.
A explosão incendiou treze carros e causou danos em várias lojas próximas. Desde a posse do governo interino iraquiano, no dia 28 de abril, mais de 400 pessoas já morreram em ataques que atingiram, em sua maioria, civis.
Os ataques geralmente são atribuídos a "insurgentes sunitas", mas o presidente iraquiano, Jalal Talabani, que participou esta semana da Cúpula de Brasília, disse em entrevista à Folha que não há resistência legítima no Iraque e que os ataques são executados por terroristas estrangeiros, financiados por grupos baseados em países vizinhos.
As eleições realizadas no fim de janeiro no Iraque mudaram drasticamente a estrutura de poder que predominava no Iraque do ditador Saddam Hussein. Xiitas e curdos, que compõem a maioria da população mas eram oprimidos pelo regime anterior, assumiram o controle do país. Os sunitas, que boicotaram a votação, ficaram sub-representados na Assembléia Nacional, com apenas 17 dos 275 deputados.
Para evitar o aprofundamento de divisões étnicas e a deflagração de uma guerra civil no país, xiitas e curdos buscaram conceder a sunitas cargos no novo governo, entre eles a pasta da Defesa, que foi atribuída a um ex-exilado, Saadoun al-Dulaimi. Apesar disso, os ataques contra civis e autoridades não cessaram.
Pouco antes da explosão de ontem no mercado, pistoleiros mataram o coronel Jamal Ahmad, que estava a caminho do trabalho, no Ministério do Interior. Em um ataque semelhante, o general do Exército Iyad Imad Mehdi foi morto a tiros quando chegava ao Ministério da Defesa. Três homens pararam seu carro e o atingiram na cabeça, fugindo em seguida.
O Exército americano sofreu duas baixas ontem perto da fronteira da Síria, onde uma grande operação contra rebeldes foi lançada na segunda-feira. Ontem, dois fuzileiros navais morreram e 14 ficaram feridos quando o veículo em que estavam atingiu uma mina terrestre.
A ofensiva americana no nordeste do Iraque, que nas primeiras 24 horas deixou mais de cem rebeldes mortos, segundo o Exército dos EUA, começa a ter sua intensidade reduzida. Segundo o coronel americano Bob Chase, chefe de operações da Segunda Divisão de Fuzileiros, houve "pouca ação significativa" ontem, depois de três dias de ataques ao longo do rio Eufrates, na rota usada por terroristas para se infiltrar no Iraque.
A violência de ontem se segue aos sangrentos ataques cometidos na quarta-feira, no norte e no centro do Iraque, que deixaram, segundo a mais recente atualização, 79 mortos e 120 feridos.
No pior desses atentados, ao menos 38 pessoas morreram e cerca de 80 ficaram feridas quando um suicida explodiu um carro-bomba na rua principal de Tikrit, cidade natal de Saddam Hussein, que fica cerca de 200 quilômetros ao norte de Bagdá.


Com agências internacionais

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