São Paulo, sábado, 13 de maio de 2006

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GUERRA SEM LIMITES

Segundo pesquisa, 63% dos americanos crêem que monitorar telefonemas ajude a combater o terrorismo

Maioria aceita rastreamento telefônico

DA REDAÇÃO

Uma pesquisa divulgada anteontem revelou que a maioria dos americanos apóia a polêmica prática da Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA) de armazenamento secreto dos dados de dezenas de milhões de telefonemas feitos no país. O objetivo é o de identificar potenciais ameaças terroristas.
Realizada pelo jornal "Washington Post" e pela rede de televisão ABC, a pesquisa aponta que 63% dos americanos acham que o programa da NSA é uma maneira "aceitável" de investigar o terrorismo. Além disso, 44% endossam a medida. Só 35% disseram que a prática era inaceitável e 24% se opuseram enfaticamente a ela.
Dois terços dos entrevistados disseram que não se incomodariam se a NSA coletar os dados de suas ligações. O que demonstra que, para os americanos, a necessidade de combater o terrorismo supera as preocupações com a privacidade -65% dos entrevistados afirmaram que era mais importante investigar ameaças terroristas, apesar da invasão de privacidade. Apenas 31% acham que a privacidade deve ter prioridade, acima da necessidade das investigações federais.
A NSA começou a armazenar os registros das ligações logo depois dos atentados de 11 de setembro de 2001. As informações são fornecidas pelas empresas de comunicações AT&T, BellSouth e Verizon, as três maiores operadoras telefônicas do país, que atendem 200 milhões de pessoas -cerca de dois terços da população americana. Segundo fontes do jornal "USA Today"", não foram emitidas ordens judiciais autorizando a coleta, e as empresas foram pagas pelas informações fornecidas.
Todas as ligações feitas em território americano foram registradas, mas apenas os números de quem faz e recebe os telefonemas, tanto domésticos quanto internacionais, foi gravado -não seus conteúdos.
O objetivo, segundo a NSA, é traçar perfis e hábitos de pessoas que possam desenvolver atividades terroristas, mesmo que a grande maioria dos investigados não seja suspeita. A prática foi revelada pelo "USA Today" em sua edição de quinta.

Segurança e liberdade
Apesar da polêmica e de críticas de organizações de direitos humanos, 51% dos ouvidos pela pesquisa do "Post" com a rede ABC aprovam a maneira como o presidente George W. Bush está lidando com temas relacionados à privacidade.
O general Michael Hayden, nomeado pelo presidente Bush como novo diretor da CIA, a agência de inteligência americana, defendeu a polêmica base de dados. Ele foi diretor da NSA entre 1999 e 2005 e supervisionou o programa de espionagem doméstica extrajudicial.
"Tudo que a NSA faz é dentro da lei e é feito de forma muito cuidadosa", disse. "O único propósito das atividades da agência é preservar a segurança e a liberdade do povo americano."
Hayden passou a semana em encontros reservados com senadores. Sua nomeação para dirigir a CIA tem que ser aprovada pelo Senado. Tanto lideranças democratas, da oposição, quanto republicanos criticaram a "ameaça à privacidade" e a utilidade "desse tipo de informação".
"Eu acho que vai ser difícil [a aprovação], agora que ele foi pego no meio disso", disse o senador democrata Joe Biden.
Em meio à controvérsia, o governo americano redobrou seu apoio a Hayden. "Nós estamos 100% ao lado de Michael Hayden", afirmou o porta-voz da Casa Branca, Tony Snow.
Já o presidente Bush assegurou que as liberdades civis estão "fortemente protegidas". "O governo não escuta conversas domésticas sem aprovação judicial", disse.


Com agências internacionais


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