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GUERRA SEM LIMITES
Segundo pesquisa, 63% dos americanos crêem que monitorar telefonemas ajude a combater o terrorismo
Maioria aceita rastreamento telefônico
DA REDAÇÃO
Uma pesquisa divulgada anteontem revelou que a maioria
dos americanos apóia a polêmica
prática da Agência de Segurança
Nacional dos EUA (NSA) de armazenamento secreto dos dados
de dezenas de milhões de telefonemas feitos no país. O objetivo é
o de identificar potenciais ameaças terroristas.
Realizada pelo jornal "Washington Post" e pela rede de televisão ABC, a pesquisa aponta que
63% dos americanos acham que o
programa da NSA é uma maneira
"aceitável" de investigar o terrorismo. Além disso, 44% endossam a medida. Só 35% disseram
que a prática era inaceitável e 24%
se opuseram enfaticamente a ela.
Dois terços dos entrevistados
disseram que não se incomodariam se a NSA coletar os dados de
suas ligações. O que demonstra
que, para os americanos, a necessidade de combater o terrorismo
supera as preocupações com a
privacidade -65% dos entrevistados afirmaram que era mais importante investigar ameaças terroristas, apesar da invasão de privacidade. Apenas 31% acham que
a privacidade deve ter prioridade,
acima da necessidade das investigações federais.
A NSA começou a armazenar os
registros das ligações logo depois
dos atentados de 11 de setembro
de 2001. As informações são fornecidas pelas empresas de comunicações AT&T, BellSouth e Verizon, as três maiores operadoras
telefônicas do país, que atendem
200 milhões de pessoas -cerca
de dois terços da população americana. Segundo fontes do jornal
"USA Today"", não foram emitidas ordens judiciais autorizando
a coleta, e as empresas foram pagas pelas informações fornecidas.
Todas as ligações feitas em território americano foram registradas, mas apenas os números de
quem faz e recebe os telefonemas,
tanto domésticos quanto internacionais, foi gravado -não seus
conteúdos.
O objetivo, segundo a NSA, é
traçar perfis e hábitos de pessoas
que possam desenvolver atividades terroristas, mesmo que a
grande maioria dos investigados
não seja suspeita. A prática foi revelada pelo "USA Today" em sua
edição de quinta.
Segurança e liberdade
Apesar da polêmica e de críticas
de organizações de direitos humanos, 51% dos ouvidos pela pesquisa do "Post" com a rede ABC
aprovam a maneira como o presidente George W. Bush está lidando com temas relacionados à privacidade.
O general Michael Hayden, nomeado pelo presidente Bush como novo diretor da CIA, a agência
de inteligência americana, defendeu a polêmica base de dados. Ele
foi diretor da NSA entre 1999 e
2005 e supervisionou o programa
de espionagem doméstica extrajudicial.
"Tudo que a NSA faz é dentro
da lei e é feito de forma muito cuidadosa", disse. "O único propósito das atividades da agência é preservar a segurança e a liberdade
do povo americano."
Hayden passou a semana em
encontros reservados com senadores. Sua nomeação para dirigir
a CIA tem que ser aprovada pelo
Senado. Tanto lideranças democratas, da oposição, quanto republicanos criticaram a "ameaça à
privacidade" e a utilidade "desse
tipo de informação".
"Eu acho que vai ser difícil [a
aprovação], agora que ele foi pego
no meio disso", disse o senador
democrata Joe Biden.
Em meio à controvérsia, o governo americano redobrou seu
apoio a Hayden. "Nós estamos
100% ao lado de Michael Hayden", afirmou o porta-voz da Casa Branca, Tony Snow.
Já o presidente Bush assegurou
que as liberdades civis estão "fortemente protegidas". "O governo
não escuta conversas domésticas
sem aprovação judicial", disse.
Com agências internacionais
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