São Paulo, quarta-feira, 13 de maio de 2009

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Ex-auxiliar de Clinton chefiará diplomacia com América Latina

Arturo Valenzuela, de origem chilena, é escolhido por Obama para substituir Thomas Shannon na subsecretaria para o hemisfério

Nomeação abre espaço para flexibilização nas relações com região, deixando para trás divisão entre inimigos e amigos dos EUA, diz analista


ANDREA MURTA
DE NOVA YORK

O presidente dos EUA, Barack Obama, nomeou ontem o acadêmico de origem chilena Arturo Valenzuela como novo número 1 do Departamento de Estado para a América Latina, em substituição ao atual secretário-assistente do órgão para o Hemisfério Ocidental, Thomas Shannon. A expectativa é que Valenzuela ajude Obama a reposicionar as relações com a região, obtendo um diálogo mais aberto.
A indicação ainda precisa ser confirmada pelo Senado. Se aprovado, Valenzuela será mais um nome da Casa Branca que fez parte da equipe de Bill Clinton (1993-2001): ele foi assistente especial do ex-presidente, diretor sênior para assuntos interamericanos do Conselho de Segurança Nacional e vice-secretário-assistente do Departamento de Estado para a região. Na época, sua principal responsabilidade foi a política externa dos EUA em relação ao México,uma das prioridades do novo governo.
Valenzuela dirige o centro de estudos latino-americanos da Universidade Georgetown e é especializado em origens e consolidação de democracias. Também é membro do influente think tank Council on Foreign Relations e participou da ONG La Raza, uma das principais organizações de defesa da comunidade latina nos EUA.
Peter Hakim, presidente do think tank Diálogo Interamericano, afirma que a nomeação reflete o desejo de mudanças do governo atual nas relações com o continente. Para o analista, será crucial a flexibilização para aceitar a grande variedade de liderança política encontrada hoje entre os governos latinos, "deixando para trás a divisão entre "amigos" e "inimigos" dos EUA".
"Arturo não é alguém que manterá as políticas atuais", afirmou Hakim à Folha. "Ele se moverá rapidamente para a nova direção que o presidente quer imprimir, com uma maior abertura em relação a Cuba, aumento da cooperação de segurança com o México e possivelmente uma política diferente na luta antidrogas."
A demora para escolher um novo nome para o cargo havia rendido à Casa Branca críticas de alguns analistas, que a viam como obstáculo para a evolução das transformações sinalizadas por Obama nas relações interamericanas.
Shannon está cotado agora para assumir uma embaixada dos EUA na região, possivelmente a do Brasil. Indicado ao cargo em 2005, ele tem avaliação positiva de vários governos latinos, e é creditado por melhorar as políticas iniciais do ex-presidente George W. Bush para a região.
"Shannon fez um trabalho excelente sob circunstâncias muito difíceis", avaliou Hakim. "Ele mudou a forma como Bush lidou com a Venezuela e os países bolivarianos, evitando confrontos e tentando gerenciar relações mais suaves. Além disso, não tentou impor a outros governos a necessidade de exercer pressão sobre a Venezuela, basicamente adotando uma posição mais relaxada."
Apesar das mudanças, não é esperado um grande foco do atual governo sobre a América Latina, já que Washington está mais voltada para as dificuldades da crise econômica e luta duas guerras no exterior.

Hillary no Brasil
A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, poderá visitar o Brasil entre os dias 27 e 28 deste mês. A viagem estava sendo negociada ontem entre os dois governos, mas não havia confirmação oficial até o fechamento desta edição.

Colaborou a Sucursal de Brasília



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