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perfil
Ahmadinejad se orgulha de origem simples
SAMY ADGHIRNI
DA REPORTAGEM LOCAL
A força política de Mahmoud Ahmadinejad vem de
sua sintonia com os meios
rurais e as periferias das
grandes cidades, onde imperam valores tradicionais.
Quem transita no entorno
do presidente reeleito garante que a imagem de homem
do povo e devoto reflete em
grande parte a realidade.
Seu imóvel particular, que
teve de deixar ao assumir a
Presidência, é um apartamento modesto herdado do
pai há 40 anos e situado num
bairro popular de Teerã, cidade que governou entre
2003 e 2005.
Entre seus maiores orgulhos estão a carreira de engenheiro civil a serviço dos aiatolás e o fato de ter nascido
numa aldeia pobre.
É casado e tem dois filhos e
uma filha. Seu único carro
particular é um Peugeot 504
branco de 1977, e a renda declarada à Receita se resume
aos US$ 250 mensais recebidos como professor universitário licenciado -ele abriu
mão do salário a que teria direito como presidente.
O presidente faz as cinco
orações diárias onde quer
que se encontre e, embora
não seja um clérigo, encara
os rivais reformistas como
ameaça existencial ao Irã.
Além do persa, Ahmadinejad arranha algumas palavras em árabe. Há relatos de
que ele esconde por ideologia uma razoável compreensão do inglês.
Antes do primeiro mandato, nunca tinha ido ao exterior. Um de seus tradutores
diz que o presidente até hoje
exibe, em conversas particulares, certa ingenuidade em
assuntos internacionais.
Ahmadinejad, 52, diz o que
pensa, para desespero dos diplomatas iranianos encarregados de zelar pela imagem
do país. Segundo assessores,
sua obsessão com Israel vem
da convicção de que o Estado
judaico é ilegítimo e, portanto, estaria naturalmente fadado ao colapso.
O presidente, no entanto,
jamais insinuou qualquer
participação iraniana no fim
de Israel, e disse que só recorreria às armas para revidar -o que reflete a imagem,
defendida por ele, de que o
Irã historicamente sempre
foi vítima, nunca agressor.
Para o presidente -e para
a maioria dos iranianos-, os
persas formam uma civilização grandiosa cujo papel na
humanidade é subestimado
pelo Ocidente. Daí a busca de
aliança estratégica com potências emergentes, entre
elas o Brasil, e a insistência
em enriquecer urânio -alguns analistas avaliam que o
Irã está mais interessado em
dominar a tecnologia nuclear do que na bomba em si.
Para os detratores, Ahmadinejad é um espírito provinciano e obtuso, além de um
péssimo gestor que não soube aproveitar a bonança do
petróleo dos últimos anos,
encerrada com a crise global.
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