São Paulo, sábado, 13 de junho de 2009

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Ahmadinejad se orgulha de origem simples

SAMY ADGHIRNI
DA REPORTAGEM LOCAL

A força política de Mahmoud Ahmadinejad vem de sua sintonia com os meios rurais e as periferias das grandes cidades, onde imperam valores tradicionais.
Quem transita no entorno do presidente reeleito garante que a imagem de homem do povo e devoto reflete em grande parte a realidade.
Seu imóvel particular, que teve de deixar ao assumir a Presidência, é um apartamento modesto herdado do pai há 40 anos e situado num bairro popular de Teerã, cidade que governou entre 2003 e 2005.
Entre seus maiores orgulhos estão a carreira de engenheiro civil a serviço dos aiatolás e o fato de ter nascido numa aldeia pobre.
É casado e tem dois filhos e uma filha. Seu único carro particular é um Peugeot 504 branco de 1977, e a renda declarada à Receita se resume aos US$ 250 mensais recebidos como professor universitário licenciado -ele abriu mão do salário a que teria direito como presidente.
O presidente faz as cinco orações diárias onde quer que se encontre e, embora não seja um clérigo, encara os rivais reformistas como ameaça existencial ao Irã.
Além do persa, Ahmadinejad arranha algumas palavras em árabe. Há relatos de que ele esconde por ideologia uma razoável compreensão do inglês.
Antes do primeiro mandato, nunca tinha ido ao exterior. Um de seus tradutores diz que o presidente até hoje exibe, em conversas particulares, certa ingenuidade em assuntos internacionais.
Ahmadinejad, 52, diz o que pensa, para desespero dos diplomatas iranianos encarregados de zelar pela imagem do país. Segundo assessores, sua obsessão com Israel vem da convicção de que o Estado judaico é ilegítimo e, portanto, estaria naturalmente fadado ao colapso.
O presidente, no entanto, jamais insinuou qualquer participação iraniana no fim de Israel, e disse que só recorreria às armas para revidar -o que reflete a imagem, defendida por ele, de que o Irã historicamente sempre foi vítima, nunca agressor.
Para o presidente -e para a maioria dos iranianos-, os persas formam uma civilização grandiosa cujo papel na humanidade é subestimado pelo Ocidente. Daí a busca de aliança estratégica com potências emergentes, entre elas o Brasil, e a insistência em enriquecer urânio -alguns analistas avaliam que o Irã está mais interessado em dominar a tecnologia nuclear do que na bomba em si.
Para os detratores, Ahmadinejad é um espírito provinciano e obtuso, além de um péssimo gestor que não soube aproveitar a bonança do petróleo dos últimos anos, encerrada com a crise global.


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