São Paulo, segunda-feira, 13 de junho de 2011

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O pior não passou

Onda de otimismo na economia global está cada vez mais distante ; nos EUA , retomada pós-crise é frágil, e Europa vive temor de novo abalo financeiro

ÁLVARO FAGUNDES
DE NOVA YORK

A onda de otimismo que pairava sobre a economia global ainda no começo do ano parece cada vez mais distante. Dados apontam uma recuperação cada vez mais frágil, em que a palavra "recessão" já não soa absurda.
A economia americana, a maior do mundo, sofre com desemprego alto, expansão abaixo da média e com um setor imobiliário (considerado vital para a recuperação) em que os preços já estão no menor patamar desde 2002.
A crise japonesa foi ainda mais agravada pelo tsunami, que levou o PIB a encolher 0,9% no primeiro trimestre.
E a Europa, além de desemprego e fraco crescimento, teme que Grécia, Portugal ou Irlanda deem calote na sua dívida, o que derrubaria a economia da região e teria consequências globais.
Mesmo a Alemanha, o mais robusto dos europeus, teve queda de 0,6% na produção industrial em abril, sinalizando que não deve repetir o resultado do início do ano, quando cresceu 1,5%.
Um indicador do fim do otimismo é que a Bolsa de Nova York, que subiu quase 11% até o fim de abril, acumula seis semanas seguidas de queda (algo que não ocorria desde 2002) e sua valorização no ano agora ficou reduzida a menos de um terço.
"Tudo isso está ocorrendo ao mesmo tempo. Elas acabam se alimentando uma da outra, o que torna a crise mais séria. Estamos falando de grandes economias", diz Desmond Lachman, professor de economia da Universidade Georgetown e que nos anos 90 trabalhou no FMI.
Mesmo grandes emergentes não apresentam mais resultados tão fortes. O PIB indiano de janeiro a março foi o mais fraco desde o fim de 2009, e o Brasil vai ficar longe de repetir o avanço de 7,5% do ano passado -a projeção atual é de alta de 4%.
EUROPA
A grande preocupação de diversos economistas é com a Europa e sua dívida. "Há nuvens de tempestade por lá", afirma Philip Levy, analista do American Enterprise Institute, em Washington.
"Nós podemos ter uma crise de larga escala no setor financeiro nos próximos seis a 12 meses", diz Lachman.
Levy também concorda que é grande a chance de uma crise financeira na Europa. Os bancos de Alemanha e França emprestaram muito dinheiro para Grécia, Portugal e Irlanda, o que pode exigir novo resgate do setor, como o que ocorreu em 2008.
Para Lachman, os governos das duas maiores economias da Europa não têm outra alternativa. "Se o seu sistema financeiro vai entrar em colapso, é preciso resgatá-lo, ainda que custe 10% do PIB."


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