São Paulo, terça-feira, 13 de julho de 2004

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IRAQUE SOB TUTELA

Após Senado concluir que ameaça era frágil, presidente afirma que sua política tornou o mundo mais seguro

Bush diz que estava certo ao invadir Iraque

DA REDAÇÃO

O presidente dos EUA, George W. Bush, voltou a defender ontem sua decisão de ir à guerra contra o Iraque, mesmo admitindo que nenhuma arma de destruição em massa foi encontrada no país. O suposto arsenal proibido iraquiano foi a principal justificativa apontada por Bush para invadir o país, em março de 2003.
Candidato à reeleição em novembro, o presidente se encontra sob a pressão de um relatório, publicado na sexta, afirmando que as informações que levaram à guerra eram precárias e repletas de falhas. Embora tenha deixado de mencionar a Casa Branca, o documento, produzido pelo Comitê de Inteligência do Senado, um painel bipartidário, atesta que houve exagero do governo ao tratar do perigo representado pelo ex-ditador Saddam Hussein.
Bush disse que o relatório o "ajudaria a trabalhar numa reforma" do sistema de inteligência e justificou sua posição.
"Embora não tenhamos achado arsenais de armas de destruição em massa, estávamos certos ao invadir o Iraque", disse ele durante uma visita a uma instalação nuclear no Tennessee. "Derrubamos um inimigo declarado dos EUA, que tinha meios para produzir armas para assassinar massas e poderia ter passado esses meios para terroristas que tentavam adquiri-los. No mundo após o 11 de Setembro, esse é um risco que não podíamos correr."
O presidente afirmou ainda que sua política externa tornou os EUA mais seguros, após seu virtual adversário, o democrata John Kerry, dizer o contrário em entrevistas publicadas no domingo.
A segurança dos EUA ante a ameaça terrorista é uma das principais bandeiras do governo Bush, que encontrava forte apoio do eleitorado até recentemente. Mas, com os reveses sofridos pelos EUA no Iraque e a dificuldade em capturar o mentor do 11 de Setembro, Osama bin Laden, essa tendência tem mudado.
Uma pesquisa recente da rede de TV NBC News e do "Wall St. Journal" mostrou que 51% dos entrevistados acham que a ameaça terrorista cresceu ao invés de diminuir. Foi o argumento usado por Kerry para atacar Bush nas entrevistas do final de semana.
"Desde aquele dia sombrio em setembro, buscamos nossos aliados e conseguimos reunir um esforço global e urgente para assegurar que as armas e os materiais nucleares estão protegidos? Tomamos as medidas que devíamos para interromper os programas nucleares do Irã e da Coréia do Norte? Reestruturamos nossas agências de inteligência e lhe demos os recursos de que precisam para manter nosso país seguro?", disse Kerry a jornalistas em Boston. "Discursos não são o suficiente. Os EUA só vão se tornar mais seguros depois que obtivermos resultados."
Bush anunciou um quadro distinto. "Porque os EUA agiram e porque os EUA tomaram a dianteira, as forças do terror e da tirania sofreram derrota após derrota, e os EUA e o mundo estão mais seguros", disse aos funcionários do Laboratório Nacional de Oak Ridge, no qual estão guardadas peças do antigo programa nuclear da Líbia.
Olhando os componentes de uma centrífuga, disse que a decisão de Trípoli de desmontar seu programa era uma "prova animadora de que os países podem abandonar esse tipo de ambição e optar por um caminho melhor".


Com agências internacionais e "The New York Times"


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