|
Próximo Texto | Índice
Israel invade o sul do Líbano após ataque
Premiê israelense afirma que ação foi "ato de guerra'; organização terrorista diz que operações militares não conseguirão libertação
MICHEL GAWENDO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE TZFAT (ISRAEL)
Israel adentrou 6 km no território do Líbano e respondeu
com artilharia pesada, bombardeios aéreos e pelo mar, além
de promessas de intensificar a
ação militar, depois de ações de
ontem do grupo terrorista Hizbollah em que dois soldados foram seqüestrados, oito morreram e quatro civis ficaram feridos -as piores baixas desde a
retirada militar israelense do
sul libanês, em 2000.
"É um ato de guerra do Líbano contra o Estado de Israel em
seu território soberano", disse
o premiê israelense, Ehud Olmert, que ameaçou uma "resposta dolorosa".
Segundo o Exército de Israel,
membros do Hizbollah atacaram com tiros e explosivos uma
patrulha de dois jipes Hummer
na fronteira. Ao mesmo tempo,
dezenas de foguetes do tipo Katiusha foram lançados contra
cidades no norte de Israel. Pelo
menos dois civis israelenses ficaram feridos por estilhaços.
Logo após o ataque, Israel começou a ação militar. Uma
ponte a 15 km de Beirute foi
destruída. Caças bombardearam bases de treinamento e armazéns do Hizbollah e alvos de
infra-estrutura, como pontes e
estradas.
Navios de guerra de Israel
também entraram em águas
territoriais libanesas. Segundo
os militares israelenses, foram
atingidos mais de 40 alvos. Pelo
menos dois civis libaneses
morreram em um dos bombardeios, além de um militante do
Hizbollah. Outras 16 ficaram
feridas em bombardeios de
pontes no sul do Líbano.
Os seqüestros aumentam para três o número de soldados israelenses reféns de terroristas
em menos de um mês. Em 25
de junho, o soldado Gilad Shalit
foi levado por palestinos, e desde então Israel vem bombardeando a faixa de Gaza (leia
texto na página seguinte).
O Exército de Israel fez também a primeira incursão por
terra em território libanês desde o final da ocupação, iniciada
em 1982, depois da invasão liderada pelo então general Ariel
Sharon para combater a Organização para a Libertação da
Palestina (OLP).
Um oficial israelense de alta
patente disse que Israel fará o
Líbano voltar "20 anos", atacando sua infra-estrutura, se os
reféns não forem libertados em
boa condições.
Já o ministro da Defesa, Amir
Peretz, disse que os responsáveis "vão se arrepender". Ele e
Olmert não têm passado militar heróico, algo considerado
importante na política de Israel, e a oposição os acusa de
falta de experiência no gerenciamento de crises militares.
O chefe do Estado Maior israelense, Dan Halutz, ordenou
a convocação de reservistas.
Tanques e tropas também foram posicionados ao longo da
fronteira com o Líbano.
Foco em Beirute
"Acho que o debate no momento é entre nós e o governo
do Líbano", disse o chefe do comando Norte do Exército de Israel, Udi Adam, em entrevista
coletiva na cidade de Tzfat, a 10
quilômetros da fronteira, colocando sobre Beirute a responsabilidade pelo ato.
Autoridades libanesas apressaram-se em distanciar-se do
seqüestro dos militares israelenses identificados pelo Exército como Eyal Benin, de 22
anos, e Shani Turgeman, de 24,
ambos sargentos.
O líder do Hizbollah, Hassan
Nasrallah, disse em entrevista
que só aceita libertar os soldados em troca de prisioneiros,
com negociações por meio de
mediadores: "Nenhuma operação militar vai devolvê-los".
Nasrallah ameaçou também
disparar morteiros contra cidades no norte e no centro do
país. Segundo ele, um dos objetivos do seqüestro é ajudar na
luta dos palestinos contra Israel. Ele enfrenta críticas por
manter um exército para combater Israel mesmo depois da
retirada. O Hizbollah diz que os
israelenses mantêm tropas nas
Fazendas de Shebá, que a ONU
considera território sírio.
Israel e o Hizbollah já negociaram no passado, por meio de
mediadores alemães e da Cruz
Vermelha. Em 2004, o grupo
terrorista soltou o militar Elchanan Tenenbaum, que ficou
quatro anos como refém, e devolveu os corpos de três soldados mortos em troca da libertação de prisioneiros.
Reações
A secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice,
condenou a ação do Hizbollah e
pediu à Síria, que apóia o grupo,
que "use sua influência para
obter um resultado positivo".
Mas o governo sírio disse que
a culpa é de Israel. "A ocupação
é o que provoca o povo palestino e o povo libanês", disse o vice-presidente Farouq al Shara.
A porta-voz da Comissão Européia, Emma Udwin, pediu
para "todas as partes fazerem
todos os esforços para acabar
com a violência".
Próximo Texto: Damasco continua a ser a chave da questão Índice
|