|
Próximo Texto | Índice
Com voz débil, Fidel surge na TV e vê "risco de guerra"
Segunda aparição pública acontece no dia em que se esperava que ex-presos políticos fossem para a Espanha
Analistas veem fala como crítica velada
aos rumos do regime
ou como sinal de que
ex-ditador está isolado
Alex Castro/Reuters
|
|
O ex-ditador Fidel Castro fala à TV sobre risco nuclear
FLÁVIA MARREIRO
DE CARACAS
Com um fio de voz, mas corado e aparentando ter recuperado peso, o ex-ditador Fidel Castro participou de programa na TV estatal, na segunda aparição pública em
uma semana e uma das mais
longas desde que, doente, se
afastou do poder em 2006.
A reestreia num vídeo aparentemente gravado, ocorre
no dia em que ao menos sete
prisioneiros políticos foram
para a Espanha após acordo
entre Havana, Igreja Católica
e Madri na semana passada.
O número dos que saíram
ontem para Cuba divergem.
A chancelaria espanhola fala
em em sete e a comissão de
direitos humanos em 11.
Na entrevista, também
transmitida pela principal
TV estatal venezuelana e pela rede chavista Telesur, Fidel falou sobre o risco de uma
guerra nuclear que começaria entre as Coreias e incluiria
o Irã. Ele leu, sem óculos, trechos de seus textos recentes
sobre o que chama de "risco
iminente de guerra".
Fidel vestia um casaco cinza escuro, sobre uma camisa
xadrez de tons vermelhos.
O dirigente máximo da
ilha, Raúl Castro, 79, irmão
mais novo que substitui Fidel
formalmente desde 2008,
prometeu liberar um total de
52 presos políticos até outubro -20 deles já tiveram os
nomes confirmados.
Analistas divergem sobre
a coincidência dos eventos.
"Não se pode ter certeza
sobre as coisas em Cuba. É
um mistério dentro de um
enigma", diz o jornalista e
ferrenho crítico dos Castro
Carlos Alberto Montaner.
"Não me espantaria que
Raúl tivesse pedido a Fidel
que aparecesse, para mostrar
que não está tomando as decisões completamente sozinho. Mas o fato é que Fidel jamais teria incluído a igreja na
operação dos presos", diz.
"Não vejo essas diferenças
entre eles. É uma performance conjunta sempre", afirma
o jornalista independente e
blogueiro Reinaldo Escobar.
Há quem pense que Fidel,
representante de uma linha-dura contra o suposto desejo
de mudança, ao menos econômica, do irmão Raúl, apareceria agora para dinamitar
os acenos de Havana à União
Europeia e aos EUA.
Ontem, Fidel não fez menção às questões locais. Ele visitara, na quarta-feira, um
centro de pesquisa de Havana-evento que também saiu
na mídia estatal.
Próximo Texto: Mulher teme revogação das sentenças Índice
|