São Paulo, terça-feira, 13 de julho de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Sarkozy rebate críticas e apoia ministro

Em entrevista, presidente francês sugere que denúncias de corrupção contra o governo buscam frear reformas

Mandatário e titular do Trabalho são acusados de receber doações ilegais da herdeira do grupo L"Oréal

ANA CAROLINA DANI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE PARIS

O presidente francês, Nicolas Sarkozy, tentou reconquistar a confiança dos franceses e dissipar as suspeitas que recaem há um mês sobre a alta cúpula do poder.
Numa entrevista de uma hora ao canal France 2, Sarkozy rebateu as acusações de financiamento ilegal de sua campanha e voltou a defender o ministro do Trabalho, Eric Woerth, suspeito de tráfico de influências e de encobrir um esquema de evasão fiscal envolvendo Liliane Bettencourt, herdeira do grupo empresarial L"Oréal.
Nos jardins do Palácio do Eliseu, Sarkozy classificou de "mentira" e "perda de tempo" as acusações a Woerth e insinuou a existência de um complô para dificultar a polêmica reforma previdenciária defendida pelo governo.
"Eric Woerth é um homem honesto e competente, que tem toda minha confiança."
O escândalo ganhou proporções maiores na semana passada, quando a ex-contadora da herdeira da L'Oréal acusou Woerth, também tesoureiro do partido do governo (UMP), de ter recebido, em 2007, 150 mil em doação ilegal para a campanha do presidente.
Ela também disse que Sarkozy recebia envelopes com dinheiro do casal Bettencourt quando era prefeito do município de Neuilly-sur-Seine, entre 1983 e 2002.
"Vocês imaginam que eu iria a um jantar com outros convidados e sairia levando dinheiro? Há que se retomar a razão", ele afirmou.
Apesar de defender Woerth, o presidente disse tê-lo aconselhado a deixar a tesouraria do UMP para se dedicar à reforma previdenciária, que será apresentada ao Conselho de Ministros hoje e prevê aumentar de 60 para 62 anos a idade mínima para a aposentadoria.

CRÍTICAS
A oposição criticou o pronunciamento de Sarkozy. O Partido Socialista informou que o presidente é o principal obstáculo para que se descubra a verdade por trás do caso Bettencourt.
Com o pior índice de popularidade desde o início de seu mandato -30%, segundo pesquisa publicada no último domingo-, Sarkozy atravessa uma das piores crises políticas desde que tomou posse, em 2007.
O escândalo das doações e as recentes revelações de gastos abusivos de membros do governo comprometem a credibilidade do presidente num momento em que ele apresenta medidas de austeridade fiscal.
Sarkozy anunciou que promoverá uma reforma ministerial em outubro.


Texto Anterior: Foco: YMCA reduz nome para apenas uma letra, depois de 166 anos de existência
Próximo Texto: Colômbia: Betancourt recua de pedido de reparação milionária ao Estado
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.