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Geórgia aceita paz que beneficia Rússia
Negociando pela UE, Sarkozy monta com Moscou proposta que compromete Tbilisi a não tentar retomar áreas separatistas pela força
Plano não menciona as
tropas georgianas em força
de paz nos dois territórios do
país que Moscou trata como
"protetorados" desde 1992
Alexander Natruskin/Reuters
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Sarkozy e Medvedev durante encontro em Moscou, no qual acertaram plano de seis pontos apresentado ao governo georgiano
DA REDAÇÃO
A Geórgia aceitou um plano
de cessar-fogo que a França negociou com a Rússia em nome
da União Européia, pondo fim à
guerra de seis dias, no Cáucaso,
pelo controle das regiões autonomistas da Ossétia do Sul e da
Abkházia.
O plano atende às principais
exigências de Moscou, entre
elas a que de a Geórgia se comprometa a não tentar retomar
pela força os dois territórios
alinhados a Moscou, que reivindicam independência.
O presidente francês, Nicolas
Sarkozy, que exerce a presidência rotativa da UE, esteve durante o dia em Moscou, negociando com o presidente Dmitri Medvedev, e, no final da tarde, rumou para Tbilisi, a capital
georgiana, onde se avistou por
quatro horas com o presidente
Mikhail Saakashvili.
Já na madrugada desta quarta, horário local, Sarkozy e Saakashvili anunciaram o acordo.
O plano -cuja versão final será
apresentada hoje em reunião
da União Européia e servirá de
base para resolução do Conselho de Segurança da ONU-
aparentemente reconhece apenas aos russos o direito de manter militares na Ossétia do Sul e
na Abkházia.
A Geórgia sai enfraquecida,
mesmo se Saakashvili afirmasse, ao lado de Sarkozy, que não
aceitará o comprometimento
de sua integridade territorial.
Segundo o presidente georgiano, foi retirada do plano acertado em Moscou a proposta de
uma discussão internacional
sobre o futuro da Ossétia do Sul
e da Abkházia.
A integridade territorial da
Geórgia está "garantida pelo
espírito do texto", disse o francês, que foi vago sobre detalhes.
"Tenho um acordo de todos os
protagonistas", afirmou.
Forças de paz russas
O plano prevê a cessação das
hostilidades, veta o emprego da
força e dá a missões de ajuda
humanitária acesso à Ossétia
do Sul e à Abkházia, que na prática se tornaram, em 1992,
"protetorados" da Rússia.
A guerra começou quando a
Geórgia invadiu a Ossétia do
Sul para reincorporá-la ao seu
território. A Rússia reforçou
suas forças na Ossétia e passou
a atingir alvos na Geórgia que
não estavam em litígio.
Moscou já mantinha militares na Ossétia do Sul e da Abkházia desde o acordo de 1992
com Tbilisi, que selou a autonomia das duas regiões russófilas.
Pelo plano, os contingentes
militares da Geórgia retornam
para suas bases, e os contingentes da Rússia, mesmo recuando, "tomarão medidas adicionais de segurança".
Essas "medidas adicionais",
segundo o chefe da diplomacia
russa, Serguei Lavrov, significam retaliar militares georgianos, caso não se recolham aos
quartéis. De modo indireto, o
Kremlin agora rejeita a presença de 500 militares georgianos
na Ossétia do Sul, garantida pelo armistício de 1992.
O "Financial Times" diz que
Sarkozy fez uma concessão de
peso a Medvedev, abrindo mão
da idéia de uma força internacional formada por militares
europeus. A solução fora proposta na véspera por Saakashvili, ao receber o chanceler
francês, Bernard Kouchner.
Na coletiva com Sarkozy, o
presidente georgiano disse que,
apesar de aceitar o acordo, ainda espera a instalação dessa
força. "Estes são arranjos temporários, que devem ser substituídos mais tarde por um processo internacional", insistiu.
Na entrevista do Kremlin, ao
lado do presidente francês,
Medvedev afirmou que as forças russas permaneceriam na
Ossétia do Sul e na Abkházia,
apesar da oposição da Geórgia,
Conselho de Segurança
A missão de Sarkozy acabou
por eclipsar as demais articulações diplomáticas geradas pelo
conflito. Na Organização das
Nações Unidas, o Conselho de
Segurança congelou suas deliberações.
Há ainda, agendado para hoje, o encontro dos chefes da diplomacia dos 27 países da
União Européia. Itália, França
e Alemanha não querem que o
encontro se torne uma pajelança diplomática contra a Rússia.
Mas a Polônia pretende justamente que isso aconteça.
Em Bruxelas, os 26 países da
Otan apoiaram a Geórgia, enquanto o secretário-geral, o holandês Jaap de Hoop-Scheffer,
disse que o governo georgiano
poderia manter o plano de ingressar na aliança militar.
Com agências internacionais
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