|
Próximo Texto | Índice
VENEZUELA
Oposição anuncia nova tentativa de realizar consulta sobre o mandato de Chávez; para governistas, lei não permite
Referendo é rejeitado; chavistas festejam
DA REDAÇÃO
Em uma decisão esperada, o
Conselho Nacional Eleitoral venezuelano rejeitou ontem o pedido
da oposição, que teria recolhido
mais de 3 milhões de assinaturas,
para a realização de um referendo
para revogar ou não o mandato
do presidente Hugo Chávez. A
notícia foi comemorada em Caracas por milhares de governistas.
Já a oposição promete nova campanha de recolhimento de assinaturas.
O presidente do conselho, Francisco Carrasquero, disse, em entrevista coletiva, que o pedido foi
negado porque as assinaturas foram recolhidas antes do prazo determinado pela lei eleitoral.
"O pedido do referendo foi declarado inadmissível porque as
assinaturas que a avalizam foram
subscritas de forma extemporânea", disse Carrasquero.
De acordo com o conselho, as
assinaturas deveriam ter sido recolhidas depois da metade do
mandato de Chávez, no dia 19 de
agosto. O pedido da oposição foi
entregue no dia 20 de agosto.
Chávez não havia se pronunciado até o fechamento desta edição,
mas seu aliados afirmaram que
concordam "plenamente" com a
decisão do conselho.
A deputada governista Célia
Flores disse que pedirá ao Supremo Tribunal de Justiça um recurso de interpretação do artigo
constitucional que regulamenta o
referendo. Ela disse que a oposição já utilizou a "única oportunidade legal" para pedir a consulta.
Diz o último parágrafo do artigo: "Durante o período para o
qual o funcionário foi eleito, a solicitação de sua revogação não poderá ser feita mais de uma vez".
Irônico, Chávez havia previsto
que o único referendo desse tipo
neste ano "seria realizado na Califórnia". Em várias declarações, o
presidente disse que o pedido da
oposição seria negado por muitas
das razões incluídas na decisão de
ontem do conselho.
Os EUA haviam expressado
apoio ao referendo, sob a alegação
de que sua realização evitaria ainda mais instabilidade política na
Venezuela, o quinto maior produtor de petróleo do mundo.
Em abril do ano passado, Chávez sofreu uma tentativa frustrada
de golpe. No início deste ano, a
oposição liderou uma greve geral,
que durou dois meses e afundou
ainda mais a economia do país.
A Constituição da Venezuela
permite que os cidadãos peçam
um referendo para revogar um
mandato presidencial após ele
atingir a metade -três anos. A lei
determina que ao menos 20% (2,5
milhões, em números de hoje)
dos eleitores assinem o pedido,
mas não é específica sobre quando o recolhimento de assinaturas
pode começar.
Líderes do partido de Chávez, o
Movimento Quinta República,
acreditam que, se o processo de
coleta não terminar antes de 2004,
o país já estará com as atenções
voltadas para as eleições regionais, em detrimento do referendo. A nova eleição presidencial está marcada para 2006; o mandato
de Chávez termina em 2007.
Reações
Milhares de chavistas que se
reuniram diante do prédio do
conselho eleitoral comemoraram
a notícia estendendo os braços
para cima com os punhos fechados. Dezenas de homens da Guarda Nacional faziam a guarda no
local, mas não houve incidentes.
Logo após a decisão do conselho, a oposição anunciou que voltará a coletar assinaturas a partir
do próximo dia 5 de outubro, um
domingo.
Ex-comandante de uma tropa
de pára-quedistas, o populista
Chávez liderou uma tentativa
frustrada de golpe em 1992. Seis
anos mais tarde, foi eleito presidente com uma ampla folga, beneficiando-se do cansaço do eleitorado com os partidos políticos
tradicionais. Após liderar a promulgação de uma nova Constituição, ele foi reeleito em 2000.
Recentes pesquisas de opinião
apontam que os venezuelanos votariam a favor da saída de Chávez.
O presidente, no entanto, afirma
que levantamentos realizados a
seu pedido apontam que 70% votariam a seu favor.
Com agências internacionais
Próximo Texto: Frases Índice
|