São Paulo, quarta-feira, 13 de setembro de 2006

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Síria repele ataque à Embaixada dos EUA

Washington, que tem relação tensa com o país, agradece; no Líbano, Hizbollah espera mediador para negociar soltura de israelenses

Três dos quatro terroristas, armados de granadas, fuzis e um carro-bomba, foram mortos fora da embaixada; 13 civis ficaram feridos

DA REDAÇÃO

Quatro homens armados com fuzis e granadas e gritando slogans islâmicos tentaram ontem invadir a Embaixada dos Estados Unidos em Damasco e detonar um carro-bomba, sendo repelidos por forças de segurança sírias. Três dos terroristas e um policial sírio morreram na troca de tiros, e 13 pessoas foram feridas. Nenhum americano foi atingido.
O governo americano, que mantém uma relação tensa com a Síria, agradeceu a Damasco pela reação firme ao ataque e sugeriu que os dois países poderiam dar início a uma nova fase, com uma possível parceria na "guerra ao terror". A Síria, entretanto, reagiu culpando as ações dos EUA no Oriente Médio pelo aumento do extremismo e do sentimento antiamericano na região.
Segundo a imprensa oficial da Síria, os terroristas chegaram em dois carros, um deles cheio de explosivos. A primeira picape foi estacionada em frente à fortemente vigiada representação americana, que é cercada por um muro de quase cinco metros. Do veículo saíram três homens gritando "Alahu akbar" (Deus é maior), com granadas e disparando seus fuzis contra a guarda síria.
Ao mesmo tempo, uma segunda picape era estacionada em outro portão da embaixada. Com o início do tiroteio, porém, seu motorista tentou fugir a pé, sem detonar os explosivos que estavam no carro, mas foi baleado e preso. Três terroristas e um policial morreram no tiroteio. Entre os 13 feridos há um diplomata chinês.
"Vi dois homens em roupas civis e armados com granadas e fuzis", contou Ayman Abdel-Nour, analista político sírio que testemunhou a ação. "Eles correram em direção ao complexo gritando slogans religiosos enquanto disparavam."
O ataque deixou poças de sangue na porta da embaixada, ao lado de um dos carros usados pelos terroristas. Cerca de 40 funcionários estavam no interior da representação americana, cujo embaixador foi retirado por Washington no ano passado, após o assassinato, em Beirute, do ex-primeiro-ministro libanês Rafik Hariri.

Resposta síria
A Síria reagiu de forma ácida ao agradecimento americano. "É lamentável que as políticas dos EUA no Oriente Médio tenham alimentado o extremismo, o terrorismo e o sentimento antiamericano", criticou, em um comunicado, a Embaixada da Síria em Washington. "Os EUA deveriam olhar para as raízes do terrorismo e mediar uma paz abrangente na região."
Nenhum grupo assumiu a autoria do ataque, mas as primeira suspeitas recaíram sobre um pequena célula terrorista da Al Qaeda chamada Jund al Sham (soldados da Síria, em árabe), que reivindicou atentados menos ambiciosos recentemente no país. O embaixador sírio nos EUA, Imad Moustapha, disse à agência Associated Press que ainda era cedo para garantir, mas que é "logicamente possível" que o grupo esteja por trás do ataque.
"O governo agradece à Síria por ter ajudado os EUA", disse o porta-voz da Casa Branca, Tony Snow. "Isso não significa que eles são aliados. Esperamos que eles se tornem aliados e tomem a decisão de combater os terroristas."
Enquanto a Casa Branca parecia abrir uma brecha para a melhora das relações, um funcionário de alto escalão do Departamento de Estado dizia que nada indicava uma mudança no futuro próximo. Em entrevista à agência Reuters, ele disse que a Síria apenas "cumpriu sua obrigação" e que "a alternativa teria sido ruim para as relações" entre os países.

Acordo com Hizbollah
No Líbano, o grupo xiita Hizbollah espera a visita de um "mediador" das Nações Unidas, na próxima semana, para negociar a libertação dos dois soldados israelenses capturados em julho -ação que deu origem à guerra de 34 dias com Israel.
Segundo o líder do grupo, Sayyed Hassan Nasrallah, o mediador "é esperado, mas as negociações ainda não começaram". Nasrallah não identificou o mediador, dizendo apenas que ele é europeu.
O Hizbollah pretende trocar os reféns por libaneses presos em Israel. Nasrallah disse que uma precondição para o acordo é a libertação de Samir Qantar, o libanês preso há mais tempo em Israel -quase 30 anos.


Com agências internacionais


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