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Síria repele ataque à Embaixada dos EUA
Washington, que tem relação tensa com o país, agradece; no Líbano, Hizbollah espera mediador para negociar soltura de israelenses
Três dos quatro terroristas, armados de granadas, fuzis e um carro-bomba, foram mortos fora da embaixada; 13 civis ficaram feridos
DA REDAÇÃO
Quatro homens armados
com fuzis e granadas e gritando
slogans islâmicos tentaram ontem invadir a Embaixada dos
Estados Unidos em Damasco e
detonar um carro-bomba, sendo repelidos por forças de segurança sírias. Três dos terroristas e um policial sírio morreram na troca de tiros, e 13 pessoas foram feridas. Nenhum
americano foi atingido.
O governo americano, que
mantém uma relação tensa
com a Síria, agradeceu a Damasco pela reação firme ao ataque e sugeriu que os dois países
poderiam dar início a uma nova
fase, com uma possível parceria
na "guerra ao terror". A Síria,
entretanto, reagiu culpando as
ações dos EUA no Oriente Médio pelo aumento do extremismo e do sentimento antiamericano na região.
Segundo a imprensa oficial
da Síria, os terroristas chegaram em dois carros, um deles
cheio de explosivos. A primeira
picape foi estacionada em frente à fortemente vigiada representação americana, que é cercada por um muro de quase
cinco metros. Do veículo saíram três homens gritando
"Alahu akbar" (Deus é maior),
com granadas e disparando
seus fuzis contra a guarda síria.
Ao mesmo tempo, uma segunda picape era estacionada
em outro portão da embaixada.
Com o início do tiroteio, porém, seu motorista tentou fugir
a pé, sem detonar os explosivos
que estavam no carro, mas foi
baleado e preso. Três terroristas e um policial morreram no
tiroteio. Entre os 13 feridos há
um diplomata chinês.
"Vi dois homens em roupas
civis e armados com granadas e
fuzis", contou Ayman Abdel-Nour, analista político sírio que
testemunhou a ação. "Eles correram em direção ao complexo
gritando slogans religiosos enquanto disparavam."
O ataque deixou poças de
sangue na porta da embaixada,
ao lado de um dos carros usados pelos terroristas. Cerca de
40 funcionários estavam no interior da representação americana, cujo embaixador foi retirado por Washington no ano
passado, após o assassinato, em
Beirute, do ex-primeiro-ministro libanês Rafik Hariri.
Resposta síria
A Síria reagiu de forma ácida
ao agradecimento americano.
"É lamentável que as políticas
dos EUA no Oriente Médio tenham alimentado o extremismo, o terrorismo e o sentimento antiamericano", criticou, em
um comunicado, a Embaixada
da Síria em Washington. "Os
EUA deveriam olhar para as
raízes do terrorismo e mediar
uma paz abrangente na região."
Nenhum grupo assumiu a
autoria do ataque, mas as primeira suspeitas recaíram sobre
um pequena célula terrorista
da Al Qaeda chamada Jund al
Sham (soldados da Síria, em
árabe), que reivindicou atentados menos ambiciosos recentemente no país. O embaixador
sírio nos EUA, Imad Moustapha, disse à agência Associated
Press que ainda era cedo para
garantir, mas que é "logicamente possível" que o grupo esteja por trás do ataque.
"O governo agradece à Síria
por ter ajudado os EUA", disse
o porta-voz da Casa Branca,
Tony Snow. "Isso não significa
que eles são aliados. Esperamos que eles se tornem aliados
e tomem a decisão de combater
os terroristas."
Enquanto a Casa Branca parecia abrir uma brecha para a
melhora das relações, um funcionário de alto escalão do Departamento de Estado dizia
que nada indicava uma mudança no futuro próximo. Em entrevista à agência Reuters, ele
disse que a Síria apenas "cumpriu sua obrigação" e que "a alternativa teria sido ruim para
as relações" entre os países.
Acordo com Hizbollah
No Líbano, o grupo xiita Hizbollah espera a visita de um
"mediador" das Nações Unidas,
na próxima semana, para negociar a libertação dos dois soldados israelenses capturados em
julho -ação que deu origem à
guerra de 34 dias com Israel.
Segundo o líder do grupo,
Sayyed Hassan Nasrallah, o
mediador "é esperado, mas as
negociações ainda não começaram". Nasrallah não identificou
o mediador, dizendo apenas
que ele é europeu.
O Hizbollah pretende trocar
os reféns por libaneses presos
em Israel. Nasrallah disse que
uma precondição para o acordo
é a libertação de Samir Qantar,
o libanês preso há mais tempo
em Israel -quase 30 anos.
Com agências internacionais
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