São Paulo, quarta-feira, 13 de setembro de 2006

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Fest, biógrafo de Hitler, morre aos 79 anos

Obra do historiador inspirou o filme "A Queda!'; autor colaborou para memórias do arquiteto do regime

DA REDAÇÃO
O jornalista e historiador alemão Joachim Fest, autor de uma das melhores biografias de Adolf Hitler, morreu na última segunda-feira, aos 79 anos. O diário "Frankfurter Allgemeine", onde Fest escreveu por 20 anos, até 1993, divulgou a notícia ontem. Ele estava em sua casa em Kronberg, e a causa da morte não foi revelada.
Seu livro "No Bunker de Hitler", que conta os últimos dias do regime, serviu de base para o roteiro do filme alemão "A Queda!", de 2004.
A biografia "Hitler", publicada em 1973, é considerada uma das melhores sobre o ditador. Ambos foram lançados no Brasil. O escritor conseguiu ter acesso ao círculo mais próximo de Hitler por meio de Albert Speer, arquiteto favorito do ditador e seu ministro responsável pelo armamento.
Speer foi condenado a 20 anos de prisão pelo tribunal de Nuremberg por crimes de guerra. Ao sair da prisão, em 1966, Fest editou a autobiografia do arquiteto, "Por dentro do Terceiro Reich".
As memórias de Fest serão lançadas na semana que vem na Alemanha. Em um trecho antecipado pelo "Frankfurter Allgemeine", ele fala da reação do pai ao saber que o filho foi voluntário nas Forças Armadas, em 1944, para evitar a convocação pela SS nazista. Em uma carta, seu pai lhe diz que "ninguém pode ser voluntário da guerra criminosa de Hitler, nem mesmo para evitar a SS [tropa de elite nazista]".
Nascido em Berlim em 1926, Fest era filho de um professor católico que perdeu seu emprego e preferiu passar fome a parar de fazer oposição ao regime nazista. Fest foi capturado e virou prisioneiro de guerra dos americanos. Depois da guerra, ele trabalhou em jornais, rádio e televisão.
Recentemente, Fest atacou o escritor Günter Grass, prêmio Nobel de Literatura, que admitiu ter participado da SS.
Fest disse que Grass tinha perdido sua credibilidade como uma autoridade moral na Alemanha. "Não compraria um carro usado de Grass."
O escritor retrucou que "Fest comprou um carro usado de Speer". Para alguns historiadores alemães, a biografia de Speer editada por Fest teria tentado limpar a imagem de um dos responsáveis pelo funcionamento do regime nazista.


Com agências internacionais


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