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Cobrança de aluguel leva a despejo de palestinos em Jerusalém
Construção de assentamentos também provoca expulsão; árabes recorrem à Justiça
DO "FINANCIAL TIMES"
Desde o início de agosto,
quando duas famílias do bairro
Sheikh Jarrah, em Jerusalém
Oriental, foram despejadas à
força de suas casas, Muhammad Sabagh não tem conseguido dormir muito. O encanador
aposentado de 61 anos teme
que ele, seus cinco irmãos e
mulheres e filhos deles possam
ir para a rua em pouco tempo.
A família Sabagh pode se tornar a próxima vítima da batalha
que já dura quase quatro décadas, travada por dois grupos judaicos, para reaver imóveis em
Sheikh Jarrah, distrito árabe ao
norte da Cidade Velha de Jerusalém, que dizem que lhes pertenciam antes de 1948.
Despejos de casas de palestinos erguidas sem alvarás e a
construção de casas novas para
colonos em Jerusalém Oriental
vêm causando a maior divisão
sobre os assentamentos entre
Israel e os EUA em pelo menos
uma década. O aliado mais incansável de Israel tem exortado
o país a congelar a construção
de casas para judeus, para ajudar na retomada das conversas
de paz com palestinos.
Esperava-se que George Mitchell, o enviado especial dos
EUA ao Oriente Médio, chegasse a Israel ainda ontem para
concluir um acordo de suspensão temporária da construção.
Nesta semana, porém, Israel
anunciou novos 455 apartamentos na Cisjordânia ocupada e quer a construção de 486
casas em Jerusalém Oriental.
Israel anexou Jerusalém
Oriental após a Guerra dos Seis
Dias (1967), iniciativa que nunca chegou a ser internacionalmente reconhecida. Sheikh
Jarrah, onde vivem 2.700 palestinos, virou a nova linha do
front na disputa por Jerusalém.
Com mandado judicial, policiais portando fuzis retiraram
de suas casas os 53 membros
das famílias Hanoun e Ghawi,
incluindo 20 crianças. As casas
foram ocupadas por colonos,
que içaram bandeiras israelenses nos telhados. Sabagh, que
no próximo mês irá a audiência
judicial sobre o despejo, comentou: "Os colonos são um
grupo poderoso. É uma questão
política. Não querem só minha
casa -querem toda a área".
As famílias descendem de refugiados palestinos que perderam as casas na "guerra de independência" de Israel (1948).
Com títulos de propriedade
do período otomano que advogados das famílias palestinas
dizem ter sido falsificados, dois
grupos judaicos em 1972 reivindicaram ser proprietários
da terra e passaram a exigir o
pagamento de aluguel. A maioria delas se recusou a pagar e
diz não ter sido informada dos
detalhes do acordo que serve
como base legal da tentativa de
despejá-las.
Tradução de CLARA ALLAIN
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