São Paulo, terça-feira, 13 de setembro de 2011

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Medo de um calote grego é ameaça a bancos franceses

Três maiores instituições bancárias do país têm severas perdas e podem ter nota rebaixada por agências de risco

Bolsas registram queda na Europa; na América, índice Dow Jones cresce 0,63% e Bovespa fecha com queda de 0,17%

John Kolesidis - 8.set.2011 / Reuters
Banco da Grécia manchado de tinta após manifestações contra planos do governo, em Atenas

VAGUINALDO MARINHEIRO
DE LONDRES

O temor de que as notas de grandes bancos franceses sejam rebaixadas pela agência de classificação de risco Moody's levou a quedas nas Bolsas europeias ontem.
Entre os bancos ameaçados está o o PNB Paribas, cujas ações caíram 12,3%. As do Société Générale e do Crédit Agricole caíram 11%.
Os bancos franceses estão expostos a bilhões de euros em títulos gregos. Dessa maneira, podem amargar prejuízos com um possível calote do país mediterrâneo.
O risco de que a Grécia não honre as dívidas já paira há mais de um ano, mas houve novos motivos para animá-lo.
No fim de semana, Evangelos Venizelos, ministro das finanças do país, disse que a economia grega irá encolher 5,3% neste ano. A previsão anterior era de 3,7%.
Menos crescimento significa menos arrecadação, o que deixa o país com ainda mais dificuldades para pagar suas dívidas, que já ultrapassam o valor de seu PIB.
Ontem, a Grécia afirmou só ter dinheiro para pagar os aposentados e os salários de funcionários até meados de outubro e que precisará do repasse dos empréstimos acertados com a União Europeia.
Há ainda desconfiança de que a Alemanha já prepara um plano de contingência para seus bancos enfrentarem o calote grego, dado como certo naquele país.
As notícias desanimaram as Bolsas, com quedas na França (4,03%), Alemanha, (2,27%) e Reino Unido (1,63%). O nível nas Bolsas europeias é o menor em dois anos. Na alemã, ações perderam o equivalente a um terço do valor em oito semanas. Nos EUA, Dow Jones subiu 0,63%, e o dólar fechou a R$ 1,71. A Bovespa registrou leve queda de 0,17%

DESACELERAÇÃO
Além de tudo isso, a reunião dos ministros de Finanças do G7 (grupos das maiores economias do mundo, fora a China) no final de semana frustrou por não trazer nenhuma medida de impacto para conter a desaceleração da economia mundial.
Para tentar acalmar os investidores, presidentes de bancos centrais de todo o mundo afirmaram que não há sinais de recessão.
O presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet, disse ainda que os BCs têm armas para enfrentar o problema e condições de aumentar a liquidez no mercado caso necessário.
O Reino Unido conheceu ontem o relatório de uma comissão independente que sugere mudanças no sistema financeiro do país.
A principal medida é a separação entre a parte de varejo dos bancos (depósitos de correntistas e pequenos empréstimos) do que foi chamado de "operações de cassino" (de grandes somas e risco).
Com isso, a parte que assume riscos elevados poderia quebrar sem afetar pequenos clientes e sem a necessidade de resgate pelo governo, como visto após a crise de 2008.
O governo diz concordar com as medidas e pretende trabalhar para aprová-las no Parlamento. Todas devem estar em vigor até 2019.
Os bancos dizem que as medidas levarão à redução dos empréstimos, afetando a economia do país.



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