São Paulo, terça-feira, 13 de setembro de 2011

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ANÁLISE

Há impasse sobre a organização do espaço fiscal da zona do euro

WOLFGANG MUNCHAU
DO "FINANCIAL TIMES"

As duas opções reais para a solução da crise na zona do euro entraram em conflito aberto na semana passada.
A primeira é um título público unificado para todos os países usuários da moeda. A segunda é a monetização das dívidas nacionais por meio do Banco Central Europeu.
A chanceler (primeira-ministra) alemã Angela Merkel rejeita a primeira. Os dirigentes dos bancos centrais europeus rejeitam a segunda.
Jürgen Stark, membro do conselho executivo do BCE, rejeita as duas, e na semana passada renunciou ao seu cargo em protesto.
Em 2013, o mecanismo de estabilidade financeira europeu (EFSF), provisório, se tornará mecanismo de estabilidade (ESM), permanente.
E um título unificado do euro seria certamente um mecanismo permanente, e envolveria igualmente uma perda permanente de controle.
A menos que os países transfiram parte de sua soberania a Bruxelas, os riscos da estrutura viriam da possibilidade de que governos ou legislativos nacionais descumpram os acordos.
E se a União Europeia decidir, por fim, criar uma união fiscal? O tribunal constitucional alemão já determinou que isso não é possível.
Uma união fiscal requereria um referendo, no qual o eleitorado alemão teria de decidir abolir o Estado e transferir a soberania a Bruxelas.
É improvável que isso aconteça. Portanto, temos um impasse.
Não importa de que modo seja organizado o futuro espaço fiscal da zona do euro, ele ou será irrelevante ou representará violação da constituição alemã.
O cenário aumenta significativamente a possibilidade de calote por um ou mais Estados membros.
Há tantos obstáculos no percurso que é provável que um acidente sistêmico ocorra, em dado momento.
Será que acreditamos que o Parlamento alemão, depois de aceitar com relutância a necessidade de um segundo resgate à Grécia, votaria a favor de um terceiro? Ou de resgate a Portugal ou à Irlanda? Aprovaria a aquisição de títulos públicos pelo ESFS?
Basta um único "não" em qualquer dessas votações para deflagrar um calote.

Tradução de PAULO MIGLIACCI



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