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DIPLOMACIA
Meta é evitar a bomba
EUA incitam europeus a negociarem com o Irã
STEVEN WEISMAN
DO "NEW YORK TIMES", EM WASHINGTON
O governo americano está negociando com aliados europeus
um pacote de incentivos ao Irã,
entre eles o fornecimento de combustível nuclear, em troca da suspensão do processo de enriquecimento de urânio que Washington
acusa de ter fins militares.
A oferta, articulada com Reino
Unido, França e Alemanha, poderá ser feita até o final de novembro, logo após as eleições presidenciais nos Estados Unidos.
É possível que os EUA não ofereçam diretamente esses incentivos. Mas o fato de estimular seus
três aliados a fazê-lo demonstra
uma inflexão na administração
Bush, que até agora tem ameaçado punir o Irã sem oferecer nenhuma contrapartida.
A primeira reação iraniana, ontem, foi negativa. "Eles cometem
um erro se acreditam que possamos abrir mão do processo de
enriquecimento de urânio", disse
o chanceler iraniano, Kamal
Kharrazi.
Assessores de Bush disseram na
segunda-feira que a Casa Branca
estava tomando um cuidado extremo com a iniciativa, primeiro
porque ela representava uma mudança na política dos EUA com
relação à república islâmica, e em
seguida porque John Kerry fez do
Irã um assunto de campanha, ao
criticar o atual governo.
Por pressão de Washington, a
AIEA (Agência Internacional de
Energia Atômica) deu aos iranianos o prazo até novembro para
que suas atividades nucleares fossem integralmente abertas à inspeção. Caso isso não ocorra, os
EUA acionarão o Conselho de Segurança da ONU para a votação
de sanções.
Segundo um diplomata americano, os europeus estão abrindo
na direção do Irã uma fresta de
negociações. Se Teerã não a utilizar, a hipótese de sanções será
abertamente estudada.
Os estímulos em estudo também prevêem a suspensão do embargo comercial para que o Irã
importe peças de reposição para
suas aeronaves civis.
Os europeus estudam há semanas a possibilidade de propor ao
Irã algum tipo de acordo. Um diplomata europeu disse que, na
pior das hipóteses, os EUA não
seriam pegos de surpresa e que,
com ou sem a reeleição de Bush,
Washington deveria definir com
clareza sua posição.
As negociações, sigilosas, vazaram de governos europeus, que
temem isolar o Irã e acreditam
que apenas negociações mudariam o comportamento do país.
Com relação ao combustível
nuclear, o Irã seria autorizado a
comprá-lo da Rússia para o reator
civil de Bushehr, e a Rússia compraria de volta os bastões de combustível já utilizados.
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