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Apatia toma final da corrida presidencial no Equador
Martin Mejia/Associated Press
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Cartazes da campanha equatoriana em Guayaquil: sem apelo |
Após década de instabilidade, país tem mais indecisos do que eleitores de um candidato
Pesquisa aponta descrença na classe política e mostra que quase 70% dos eleitores acham que situação estará igual ou piorará em 2007
FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A QUITO
Apesar da extensa oferta de
13 candidatos a presidente à esquerda e à direita e de a campanha no Equador estar na última
semana, nenhum deles superou até agora o número de indecisos, mesmo a poucos dias
da eleição, segundo o instituto
Informe Confidencial. A pesquisa aponta o desânimo com a
classe política e os dez anos de
instabilidade como principais
motivos pelo desinteresse na
votação deste domingo.
"É a primeira vez, em 25 anos
de pesquisas feitas por nós, que
os eleitores equatorianos apontam a classe política como o
principal problema do Equador", disse à Folha Santiago
Nieto, diretor do Informe Confidencial, que tem realizado
pesquisas eleitorais por encomenda do principal jornal diário do país, "El Comercio".
"Antes, apareciam primeiro
os problemas, como desemprego, e depois as causas, agora
aparecem as causas e depois os
problemas. Isso é uma mudança de atitude dos equatorianos", completa.
Santiago Nieto cita outros
números que demonstram o
que ele chama de "eleitor deprimido": 38% acreditam que o
país estará pior no ano que
vem, já com um novo governo,
e outros 31% afirmam que tudo
estará igual.
Não faltam motivos para o
desânimo do eleitorado equatoriano. Há dez anos, um presidente eleito não termina o seu
mandato -foram três os afastados do cargo desde 1997,
sempre com manifestações de
rua e intervenção militar.
A economia, por sua vez, vem
crescendo a uma taxa anual
média de 4%, mas é sobretudo
devido à alta do petróleo, setor
que gera poucos empregos. A
paralisia nas outras atividades
levou dezenas de milhares de
equatorianos a deixar o país na
última década, e a remessa de
dinheiro já é a segunda maior
fonte de divisas, atrás apenas
do petróleo.
Segundo o levantamento,
realizado no domingo com
pouco mais de 6.000 eleitores,
32% ainda não sabiam em
quem votar a uma semana do
pleito. "Esses irão às urnas porque o voto é obrigatório, sem
idéia de quem são os candidatos e sem interesse na política."
Correa lidera
Em "empate técnico" com os
indecisos -a margem de erro é
de dois pontos percentuais-,
aparecia o candidato de esquerda Rafael Correa, 43, que faz
campanha com forte discurso
contra a "classe política tradicional", antiamericano e de
aproximação com o presidente
venezuelano, Hugo Chávez,
iniciada no ano passado, quando foi ministro da Economia
por três meses. Ontem, em discurso, disse que sua candidatura é "bolivariana".
"A campanha de Correa é de
um forte discurso "anti-establishment", mas, no caso de um
segundo turno, terá de atrair
outros setores políticos que
não vão se associar a ele", analisa Santiago Nieto.
Para vencer ainda no primeiro turno, é necessário obter ao
menos 40% dos votos válidos e
ainda ter uma diferença mínima de dez pontos percentuais
em relação ao segundo colocado. Caso seja necessário, um segundo turno ocorrerá no final
de novembro.
Economista formado nos
EUA, Correa, um novato campanha eleitoral e líder do recém-fundado partido Alianza
Pais, adota um estilo populista.
Seu símbolo é um cinto -trocadilho com o significado do seu
sobrenome em espanhol-, e o
slogan, "dá-lhe, Correa".
Em segundo lugar, há um
empate entre o milionário Alvaro Noboa, 56, de direita, com
23%, e León Roldós, 64, de centro-esquerda, com 19%, ambos
disputando pela terceira vez.
Segundo as pesquisas eleitorais, Noboa, cuja fortuna vem
da exportação de bananas, é o
candidato que mais tem crescido na reta final, quando intensificou seus gastos, incluindo
distribuição de computadores e
de cadeiras de roda.
Já Roldós, que liderou as pesquisas no início da campanha,
vem tentando conter a queda
enfatizando seu perfil moderado. Ontem, por exemplo, disse
que o Equador terá "um presidente de meses" caso Correa ou
Noboa sejam eleitos: "O Equador não precisa de autoritarismo nem violência nem ser tratado como uma fazenda."
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