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Após 69 dias, Chile começa o resgate dos 33 mineiros
Primeiro a ser resgatado é Florencio Ávalos, 31, à 0h11 de hoje; até as 2h05, outros dois tinham sido retirados
Operação de retirada deve continuar pelos próximos dois dias; presidente Piñera acompanha processo
Ian Salas/Efe
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Florencio Ávalos beija a mulher, Monica,
instantes após o resgate
LAURA CAPRIGLIONE
ENVIADA ESPECIAL A COPIAPÓ (CHILE)
O acampamento Esperanza explodiu de alegria nos
primeiros minutos de hoje,
quando Florencio Ávalos, 31,
emergiu do solo dentro da
cápsula Fênix 2, tornando-se
o primeiro homem a ser resgatado de profundidade superior a 600 metros.
Até as 2h05, dois outros
mineiros -Mario Sepúlveda,
39, e Juan Illanes, 52- também haviam sido retirados.
No total, foram 69 dias
confinados, depois que um
desmoronamento ocorrido
no dia 5 de agosto soterrou 33
homens sob milhares de toneladas de pedra, cobre e terra, dentro da mina San José,
no deserto de Atacama.
As cerca de 3.000 pessoas
que acompanharam o resgate de Florencio Ávalos no
acampamento choraram,
gritaram quando se abriu a
porta da cápsula de resgate.
Com capacete vermelho,
óculos escuros (para proteger os olhos das luzes dos refletores de TV, já que passou
os dois últimos meses na semiescuridão), o mineiro dirigiu-se ao filho Byron, que,
desfeito em lágrimas, chamava pelo pai.
Durou 16 minutos a subida
da Fênix. Tempo angustiante. Jornalistas e parentes sabiam que havia o risco de a
cápsula enganchar-se em alguma saliência do poço.
Quando se completavam
oito minutos no poço, a polia
que enrolava o cabo de aço
diminuiu a velocidade de rotação. Era sinal de que Ávalos estava chegando.
Uma sirene soou no meio
do silêncio absoluto no
acampamento.
A operação de resgate começou às 23h20, quando o
resgatista Manuel González,
especialista em resgate vertical, com 12 anos de experiência, entrou no poço.
González chegou ao local
onde se encontravam os mineiros depois de 16 minutos
de viagem. Contato imediato.
Uma câmera mostrou os
homens lá embaixo, sem camisa, lembrando a temperatura de 38ºC e ultraumidade
reinante sob a terra.
Em seguida iniciou-se a
preparação de Ávalos, pai de
dois filhos, que atuava como
capataz da turma que ficou
presa no desabamento da
mina San José.
Era o segundo na hierarquia de trabalho subterrâneo, abaixo apenas de Luís
Urzúa, o chefe do turno, que
será o último a sair (como
com os capitães de navios).
À mãe de Florencio e de
seu irmão Renan, outro mineiro preso, perguntou-se
qual filho ela preferia que
saísse antes, já que vem conversando durante o último
par de meses com os dois:
"Ambos tem a mesma ânsia de sair. Ambos mereciam.
Tenho orgulho pelos dois."
PRIMEIROS OLHOS
Ávalos não foi o primeiro
só agora. Ele já tinha sido o
primeiro rosto a ser visto,
quando uma sonda com uma
câmera na ponta baixou pelo
buraco estreito aberto no dia
22 de agosto, 17 dias depois
do desabamento.
Os olhos do filho (única
coisa que era possível ver) foram reconhecidos imediatamente pela mãe.
Mineiro experiente, com
oito anos dentro das galerias
subterrâneas de Atacama, o
capataz Florencio sabia -como seus colegas de trabalho- que a mina estava em
más condições.
Reclamava para os pais
que ela fazia ruídos, como se
estivesse se quebrando por
dentro.
A mãe diz que ele sofria de
hipertensão e que recebeu alta poucas semanas antes do
desabamento.
Para tornar-se o primeiro a
sair, entretanto, Florencio teve de passar por exames ao
longo do período em que passou soterrado. Provou que
não tinha mais o problema.
O quarto a ser retirado seria Carlos Mamani, 24, boliviano, único imigrante do
grupo dos 33.
Para recepcionar seu compatriota, o presidente da Bolívia, Evo Morales, era esperado no acampamento Esperanza durante madrugada.
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