São Paulo, quinta-feira, 13 de outubro de 2011

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ANÁLISE EUROPA

Empresários fazem planos para o fim da moeda europeia

Resposta lenta de líderes do continente para a crise do euro irrita industriais e leva a mudanças de projetos


A ZONA DO EURO DEVE ORGANIZAR UM PROGRAMA PARA REDUZIR A DÍVIDA GREGA? EMPRESÁRIOS E POLÍTICOS ESTÃO DIVIDIDOS

TONY BARBER
DO "FINANCIAL TIMES"

Embora os empresários não tenham opinião unânime quanto a uma moratória da dívida grega ou sobre a emissão de títulos unificados da zona do euro e a criação de um Ministério das Finanças do bloco, todos os presidentes de companhias dos 17 países da União Europeia e de outras nações que conversaram com o "Financial Times" concordaram em que a resposta dos líderes políticos à crise foi perigosamente lenta e hesitante.
Quanto mais longa for a crise, mais difícil o acesso a crédito. Mais companhias buscam proteger suas posições financeiras e fluxos de caixa por meio de cortes de pessoal ou congelamento de contratações, corte de investimentos de capital e reduções nas despesas opcionais.
Alguns dos empresários entrevistados, poucos, admitem até estar preparando planos de contingência para uma possível dissolução da zona do euro, ainda que esperem que esse deslocamento não venha a acontecer.
O problema de encontrar crédito a juros menos que extorsivos é mais agudo em alguns países que em outros. Banqueiros e empresários italianos dizem que os termos de crédito se tornaram mais severos nos últimos meses, com a alta no rendimento de títulos de dívida nacional.
A Alemanha, motor da indústria europeia, não ficará imune. A indústria do país emergiu com força da recessão de 2009, graças à demanda robusta nos mercados emergentes.
As exportações à China quase dobraram desde 2008. Ainda assim, a zona do euro responde por mais de 40% das vendas internacionais.
Também podem surgir oportunidades para companhias de fora da União Europeia. Entre os interessados estão investidores como Metin Air, presidente-executivo do Garanti Securities, um banco de investimento de Istambul: "Se a Grécia afundar e a Itália enfrentar problemas graves, isso influenciará a capacidade de exportação das empresas turcas, o que pode criar problemas para a economia turca de modo geral".
Esse otimismo subjacente ilustra como os empresários são capazes de encontrar algo de positivo em qualquer crise. O que desejam é não tanto um futuro no qual estejam imunes a prejuízos financeiros mas um futuro livre da debilitante incerteza atual.
Os executivos europeus, como os líderes do continente, estão divididos quanto a um calote.
A zona do euro deveria organizar um programa abrangente para reduzir a dívida grega? Os empresários estão tão divididos quanto as classes políticas a esse respeito.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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