São Paulo, domingo, 13 de novembro de 2005

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IRAQUE SOB TUTELA

Secretário-geral, que foi uma das vozes contrárias à invasão americana, prega reconciliação nacional

Annan faz sua primeira visita ao Iraque

Damian Dovarganes/Associated Press
Catorze caixões envoltos pela bandeira norte-americana exibidos em Santa Monica, Califórnia, lembram os militares mortos em serviço na semana passada, no Iraque; outras 2.000 cruzes homenagearam os que morreram desde o início do conflito

DA REDAÇÃO

Protegido por um forte esquema de segurança, o secretário-geral da ONU, o ganense Kofi Annan, realizou ontem a sua primeira visita ao Iraque desde o início da invasão da coalizão militar liderada pelos americanos, em março de 2003.
Annan chegou a Bagdá vindo de Amã, a capital jordaniana, onde participou de reuniões em que tratou dos atentados realizados na quarta-feira contra três hotéis de luxo da cidade. O ataque, assumido pelo braço da rede terrorista Al Qaeda no Iraque, provocou a morte de 57 pessoas.
Na capital iraquiana, Annan se reuniu com o premiê do país, Ibrahim al Jaafari, o vice-premiê Rowsh Shaways, o ex-premiê Ayad Allawi e líderes políticos e comunitários, além de funcionários locais das Nações Unidas.
O secretário-geral expressou apoio a uma conferência de reconciliação nacional proposta pela Liga Árabe, a ser realizada no Cairo. "A reconciliação é absolutamente vital no Iraque", disse Annan, acrescentando que a ONU apóia todos os esforços para trazer paz ao país.

Críticas no passado
Por motivos de segurança, sua visita não havia sido anunciada com antecedência. Nos últimos dias, também estiveram em Bagdá o ministro das Relações Exteriores britânico, Jack Straw, e a secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice.
A ONU reduziu drasticamente as suas operações no Iraque após os atentados contra sua representação em Bagdá, em agosto de 2003. O enviado de Annan ao Iraque, o brasileiro Sérgio Vieira de Mello, estava entre as 22 pessoas assassinadas por uma betoneira-bomba. Logo após o atentado, Annan ordenou a saída de seus funcionários estrangeiros do país.
Depois dos encontros políticos, Annan visitou o local onde houve o atentado contra a ONU. "Quando entrei em nosso prédio, parei num monumento erigido aos nossos caros amigos que morreram aqui em 2003. Eles não usavam armas, vieram ajudar e tiveram suas vidas interrompidas", disse, dentro do complexo da ONU na capital iraquiana.
As relações entre Annan e os americanos, em relação à invasão do Iraque, têm sido conturbadas desde os preparativos da ação militar contra a ditadura de Saddam Hussein, quando o Conselho de Segurança da ONU se recusou a endossar o ataque.
No centro da controvérsia estava o suposto arsenal de armas de destruição em massa iraquiano. Os inspetores da ONU não confirmaram a existência desse material. Os EUA e o Reino Unido, porém, baseados em relatórios de inteligência, contestaram as conclusões da ONU e invadiram o Iraque. Mas o suposto programa nuclear iraquiano nunca foi encontrado, e surgiram fortes indícios de que as informações que sustentavam o argumento americano e britânico foram forjadas.

Atentado
Ontem um carro-bomba explodiu num mercado público na área leste de Bagdá, matando ao menos oito pessoas e deixando outras 21 feridas. O ataque ocorreu numa região predominantemente xiita. Entre os mortos está uma mulher e sua filha de oito anos.

Com agências internacionais

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