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EUROPA
Lyon, terceira maior cidade, adota toque de recolher
Batuque e passeata desafiam proibição de manifestação em Paris
DO ENVIADO A PARIS
Manifestantes de partidos de
esquerda desafiaram ontem a
proibição de qualquer tipo de
reunião pública decretada pelo
governo -que recebeu ameaças
de ataques a pontos turísticos- e
realizaram uma passeata no centro da capital francesa.
Sob batuques e gritos exortando
a demissão do ministro do Interior, Nicolas Sarkozy, protestavam também contra o toque de
recolher, o estado de emergência
e a discriminação racial.
Cerca de 500 pessoas, lideradas
pela LCR (Liga Comunista Revolucionária) e por várias associações civis, reuniram-se debaixo
de garoa na praça de Saint-Michel
durante duas horas e seguiram
em passeata pela margem esquerda do rio Sena por cerca de 1 km.
A Folha acompanhou a passeata. Com forte aparato de segurança, a tropa de choque francesa,
porém, bloqueou todas as passagens na altura da avenida Voltaire, inclusive a da ponte Royal, que
dá acesso ao Museu do Louvre,
forçando o recuo dos manifestantes, que seguiram por ruas estreitas até o bairro St. Germain, onde
se dispersaram. Os manifestantes
prometeram se reunir hoje.
"Não podemos admitir essa política colonial. É desse jeito que
você começa a privar os cidadãos
das liberdades civis. Não iremos
permitir isso", disse a médica Fátima Benjelloun,50, do Movimento dos Indigentes da República.
Ontem à noite, as principais
ruas parisisenses estavam sob forte esquema de segurança. Cerca
de 3.000 policiais patrulhavam estações de trem, a Torre Eiffel e a
avenida Champs-Elysées.
Lyon, terceiro maior município
da França (sudeste do país), adotou ontem o toque de recolher,
impedindo menores de idade de
sair às ruas desacompanhados de
maiores das 22h às 6h. A medida,
que vai até amanhã de manhã, vale para mais dez cidades da região.
Também ontem, pela primeira
vez desde o início da violência no
país, manifestantes e policiais se
enfrentaram no coração de Lyon.
Forças de segurança lançaram
granadas de gás lacrimogênio para dispersar grupos de jovens que
atiravam projéteis e latas de lixo.
Em Carpentras, no sul do país,
um mascarado em uma moto atirou duas bombas incendiárias em
uma mesquita e fugiu. Havia pessoas rezando na hora do ataque,
no começo da noite de anteontem, mas ninguém ficou ferido.
O presidente Jacques Chirac, o
primeiro-ministro, Dominique
de Villepin, e o ministro do Interior, Nicolas Sarkozy, condenaram o atentado e declararam solidariedade à comunidade muçulmana da cidade.
Números
Contra as expectativas de uma
repetição da violência verificada
há sete dias e de ameaças de intensificação de ataques incendiários,
a primeira madrugada do final de
semana na França foi relativamente tranqüila.
Segundo números divulgados
ontem pela polícia, houve um ligeiro aumento no número de veículos queimados (502) e de pessoas presas (206) em relação à
madrugada da sexta-feira (463 e
201, respectivamente).
Do início dos distúrbios, há 17
dias, até o fechamento desta edição já haviam sido incendiados,
em todo o país, quase 8.000 automóveis e presas 2.440 pessoas,
com aproximadamente 300 localidades atingidas pela sedição.
Com agências internacionais
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