|
Próximo Texto | Índice
Hamas mata sete durante passeata do Fatah em Gaza
Ato lembrou no território do grupo islâmico três anos da morte de Iasser Arafat
Abbas qualifica mortes de "crime odioso"; Hamas diz que rivais incitaram ao ódio;
com 250 mil, ato foi mostra de força do Fatah em Gaza
Mahmud Hams/France Presse
|
|
Palestino com bandeira do Fatah durante a manifestação em Gaza, de onde milicianos do grupo foram expulsos pelo Hamas em junho
DA REDAÇÃO
Ao menos sete palestinos foram mortos e 85 ficaram feridos quando atiradores abriram
fogo em Gaza contra cerca de
250 mil manifestantes que participavam de passeata para
lembrar o terceiro aniversário
da morte de Iasser Arafat. A Associated Press e a France Presse dizem que os disparos partiram do grupo islâmico Hamas.
Arafat, morto por moléstia
não identificada em 11 de novembro de 2004, num hospital
militar francês, era o líder do
Fatah, grupo palestino laico
que o Hamas desalojou em julho último da faixa de Gaza em
meio a densa disputa militar. O
Fatah mantém o controle da
Cisjordânia, onde as atividades
do Hamas também são intoleradas ou reprimidas.
A manifestação de ontem foi
convocada por dirigentes do
Fatah, cujo líder é Mahmoud
Abbas, presidente da Autoridade Palestina. O Fatah sabia que
seus rivais muçulmanos se desgastariam caso impedissem o
ato em homenagem a Arafat,
por décadas o maior dirigente
palestino e o último que representou a unidade de seu povo.
Segundo a Associated Press,
depois de provocarem o pânico
com os primeiros disparos sobre a multidão, militantes do
Hamas, com o rosto coberto
por lenços ou máscaras, desceram dos edifícios em que estavam encastelados e passaram a
atirar indistintamente sobre o
conjunto de manifestantes.
"Crime odioso"
O partido de Abbas afirmou
que os disparos começaram nas
imediações da Universidade Islâmica, controlada pelo Hamas.
Seus homens, argumentaram,
limitaram-se a reagir. A agência
Reuters diz que milicianos do
Hamas atiraram sobre um automóvel com manifestantes
pró-Fatah, matando uma pessoa, naquilo que teria sido o estopim dos incidentes.
Pouco depois, com a praça e
as ruas adjacentes sob seu controle, o Hamas montou cordões
de isolamento e prendeu pessoas que tentavam escapar.
Abbas qualificou os incidentes de "crime odioso" do grupo
islâmico. Ainda, em nota, acusou o Hamas de "não se enquadrar em nossos valores e costumes e de usar técnicas brutais
contra nosso povo em Gaza".
A versão do Hamas é outra.
Ehab Ghussen, porta-voz da
polícia em Gaza, disse que homens armados do Fatah foram
espalhados pela região da passeata, e que dirigentes daquele
grupo excitavam os manifestantes com "afirmações odiosas" contra os islâmicos.
"Foi muita brutalidade", disse uma testemunha que se
identificou como Abu Samir. O
Hamas, segundo ele, mirava na
direção de pessoas desarmadas
e espancou um adolescente
apanhado ao acaso.
A Associated Press diz que
partidários do Fatah foram
atingidos por armas de fogo depois de atirarem pedras num
posto de polícia do Hamas. De
início, não foram vistos homens armados do Fatah, afirma ainda aquela agência.
De todo modo, foi o mais sangrento confronto entre os dois
grupos desde junho.
Mahmoud Abbas se prepara
para uma conferência nos Estados Unidos com dirigentes israelenses, na qual estará em
pauta a criação de um Estado
palestino. Ele tem se recusado a
dialogar com o Hamas enquanto o grupo islâmico não abrir
mão do controle de Gaza. O Hamas possuía a maioria no Parlamento palestino, depois das legislativas de 2005, em que acusava o Fatah por corrupção. O
Hamas não reconhece o direito
de Israel à existência e nega a
legitimidade de Abbas para negociar.
Ódio aos "fascistas"
Mohammed Dahlan, ex-chefe da polícia do Fatah em Gaza,
lançou um apelo para que seus
partidários prossigam desafiando o Hamas naquele território. "É a única maneira de
derrubar esses fascistas", afirmou à Associated Press.
"Quem acreditava que o Fatah estivesse eliminado de Gaza se decepcionou", disse Ahmed Heles, dirigente do partido laico na região, diante de um
enorme retrato de Arafat que
cobria a fachada de um edifício.
Com agências internacionais
Próximo Texto: Saiba mais: Território está sob isolamento Índice
|