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SUCESSÃO NOS EUA / JUNTANDO OS CACOS
Governadores buscam rumo para Partido Republicano dividido
Após derrota para democratas no Congresso e na Casa Branca, legenda de Bush discute bandeira e vácuo em sua liderança
Reunidos em Miami, Palin, Crist, Pawlenty e Jindal são nomes cotados para 2012; para analistas, novo líder deverá emergir do Senado
ANDREA MURTA
DE NOVA YORK
Com seu partido enfraquecido pelas múltiplas perdas nas
eleições para a Casa Branca e o
Congresso, por um presidente
impopular e pela falta de um líder claro e inspirador, governadores republicanos deram início ontem a seu encontro anual.
Por três dias, em Miami, tentarão reconciliar-se e definir novos rumos para o partido após o
avanço maciço dos democratas.
Três temas dominam as discussões. O primeiro é ideológico: republicanos querem decidir se é a estrada conservadora
tradicional ou o apelo a moderados e independentes a receita
para uma recuperação futura.
O segundo é a troca de acusações pela derrota do senador
John McCain e da governadora
do Alasca, Sarah Palin, na disputa presidencial. O terceiro, e
mais importante, é indicar as
personalidades que concentrarão em suas mãos o poder republicano daqui para frente.
"Há um vácuo grande de liderança no partido. Não há ninguém a quem apelar nem na
Casa Branca nem no Congresso", afirmou à Folha Michael
McDonald, analista político do
Instituto Brookings. "Os governadores estão tentando ocupar
esse espaço."
Nesse aspecto, especula-se
sobre uma posição de destaque
para Palin. Ontem, a governadora, que já sinalizou a possibilidade de concorrer à Casa
Branca em 2012, reiterou que
"seria bom para a chapa e para
o partido" ter uma mulher na
disputa daqui a quatro anos e
afirmou que "ficará feliz em fazer o que for solicitado para
ajudar no progresso do país".
Dentro e fora do partido, porém, sua imagem é controversa. "Ela foi um desastre em
2008; provavelmente custou a
McCain alguns pontos percentuais de votos", afirma Clyde
Wilcox, professor de governo
da Universidade Georgetown.
"Na verdade, os democratas estão torcendo para Palin concorrer à Presidência em 2012."
Apesar da polêmica, a governadora se tornou ídolo dos
conservadores sociais do partido. E, em entrevistas nos últimos dias, rechaçou acusações
de que tenha sido responsável
pelo derrota, jogando a culpa
na superioridade financeira
dos democratas, na rejeição ao
presidente George W. Bush e
na perda do voto latino (67%
dos latinos votaram em Barack
Obama, segundo a CNN).
Foco em 2010
Há outros nomes fortes na
disputa, como os governadores
Tim Pawlenty (Minnesota),
Charlie Crist (Flórida), Bobby
Jindal (Louisiana), Haley Barbour (Mississippi) e Mark Sanford (Carolina do Sul).
Em Miami, vários governadores negaram haver uma corrida antecipada à candidatura
em 2012 e afirmaram que é preciso manter o foco em 2010,
quando ocorrem novas eleições
para o Congresso. A esperança
é repetir 1994, quando, dois
anos após uma grande vitória
democrata, o partido restaurou
seu domínio no Capitólio.
"Os republicanos podem ter
um bom ano em 2010 se a economia continuar fraca", diz
Clyde Wilcox. "Mas vai depender de Obama; se ele fizer um
bom trabalho, as perdas democratas serão mínimas."
De toda forma, para Michael
McDonald, o foco de poder republicano não ficará com os governadores, e sim no Senado.
"Só lá será possível emergir
uma liderança contrária às políticas democratas nos próximos anos", diz o analista. "Os
governadores não poderão agir
diretamente contra Obama."
Os cargos dos líderes das minorias no Congresso, hoje ocupados por John Boehner (Câmara) e Mitch McConnell (Senado) já estão sendo cobiçados.
E está em curso também uma
batalha pela direção do Comitê
Nacional Republicano -a presidência do partido. O atual
ocupante, Mike Duncan, sinalizou que pretende continuar no
cargo, mas vem sendo desafiado por lideranças de Mississippi, Flórida e Carolina do Sul.
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