São Paulo, quinta-feira, 13 de novembro de 2008

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SUCESSÃO NOS EUA / JUNTANDO OS CACOS

Governadores buscam rumo para Partido Republicano dividido

Após derrota para democratas no Congresso e na Casa Branca, legenda de Bush discute bandeira e vácuo em sua liderança

Reunidos em Miami, Palin, Crist, Pawlenty e Jindal são nomes cotados para 2012; para analistas, novo líder deverá emergir do Senado

ANDREA MURTA
DE NOVA YORK

Com seu partido enfraquecido pelas múltiplas perdas nas eleições para a Casa Branca e o Congresso, por um presidente impopular e pela falta de um líder claro e inspirador, governadores republicanos deram início ontem a seu encontro anual. Por três dias, em Miami, tentarão reconciliar-se e definir novos rumos para o partido após o avanço maciço dos democratas.
Três temas dominam as discussões. O primeiro é ideológico: republicanos querem decidir se é a estrada conservadora tradicional ou o apelo a moderados e independentes a receita para uma recuperação futura.
O segundo é a troca de acusações pela derrota do senador John McCain e da governadora do Alasca, Sarah Palin, na disputa presidencial. O terceiro, e mais importante, é indicar as personalidades que concentrarão em suas mãos o poder republicano daqui para frente.
"Há um vácuo grande de liderança no partido. Não há ninguém a quem apelar nem na Casa Branca nem no Congresso", afirmou à Folha Michael McDonald, analista político do Instituto Brookings. "Os governadores estão tentando ocupar esse espaço."
Nesse aspecto, especula-se sobre uma posição de destaque para Palin. Ontem, a governadora, que já sinalizou a possibilidade de concorrer à Casa Branca em 2012, reiterou que "seria bom para a chapa e para o partido" ter uma mulher na disputa daqui a quatro anos e afirmou que "ficará feliz em fazer o que for solicitado para ajudar no progresso do país".
Dentro e fora do partido, porém, sua imagem é controversa. "Ela foi um desastre em 2008; provavelmente custou a McCain alguns pontos percentuais de votos", afirma Clyde Wilcox, professor de governo da Universidade Georgetown. "Na verdade, os democratas estão torcendo para Palin concorrer à Presidência em 2012."
Apesar da polêmica, a governadora se tornou ídolo dos conservadores sociais do partido. E, em entrevistas nos últimos dias, rechaçou acusações de que tenha sido responsável pelo derrota, jogando a culpa na superioridade financeira dos democratas, na rejeição ao presidente George W. Bush e na perda do voto latino (67% dos latinos votaram em Barack Obama, segundo a CNN).

Foco em 2010
Há outros nomes fortes na disputa, como os governadores Tim Pawlenty (Minnesota), Charlie Crist (Flórida), Bobby Jindal (Louisiana), Haley Barbour (Mississippi) e Mark Sanford (Carolina do Sul).
Em Miami, vários governadores negaram haver uma corrida antecipada à candidatura em 2012 e afirmaram que é preciso manter o foco em 2010, quando ocorrem novas eleições para o Congresso. A esperança é repetir 1994, quando, dois anos após uma grande vitória democrata, o partido restaurou seu domínio no Capitólio.
"Os republicanos podem ter um bom ano em 2010 se a economia continuar fraca", diz Clyde Wilcox. "Mas vai depender de Obama; se ele fizer um bom trabalho, as perdas democratas serão mínimas."
De toda forma, para Michael McDonald, o foco de poder republicano não ficará com os governadores, e sim no Senado. "Só lá será possível emergir uma liderança contrária às políticas democratas nos próximos anos", diz o analista. "Os governadores não poderão agir diretamente contra Obama."
Os cargos dos líderes das minorias no Congresso, hoje ocupados por John Boehner (Câmara) e Mitch McConnell (Senado) já estão sendo cobiçados. E está em curso também uma batalha pela direção do Comitê Nacional Republicano -a presidência do partido. O atual ocupante, Mike Duncan, sinalizou que pretende continuar no cargo, mas vem sendo desafiado por lideranças de Mississippi, Flórida e Carolina do Sul.


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