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"Responsabilizar apenas a Colômbia não basta"
DA SUCURSAL DO RIO
O Brasil precisa demonstrar
maior compreensão da situação interna colombiana se quiser atuar como mediador, disse
Socorro Ramírez, especialista
em segurança da Universidade
Nacional da Colômbia.
(CA)
FOLHA - Colômbia e Venezuela podem chegar a um entendimento sobre os problemas da fronteira?
SOCORRO RAMÍREZ - Não é fácil. A
atual tensão entre os países não
é a mesma de outras ocasiões, é
mais complicada. A fronteira
foi transformada numa fronteira ideológica. Ali se combinam
grupos derivados não só do
conflito colombiano, mas também da dinâmica venezuelana,
como as milícias bolivarianas.
Não creio que os dois países
vão à guerra, suas populações
nunca serão convencidas a isso.
Mas os chamados recorrentes à
guerra podem gerar incidentes.
A abordagem de responsabilizar só a Colômbia, por causa
das bases [que serão usadas pelos EUA], não é suficiente.
Creio que o projeto bolivariano, pela situação interna em
que se encontra, também gerou
situações problemáticas para a
situação fronteiriça e a relação
bilateral. É importante promover um encontro entre os dois
presidentes, mas não é suficiente. Há situações perigosas
que devem ser desmontadas.
FOLHA - O que o Brasil poderia fazer além de sugerir um mecanismo
de monitoramento da fronteira?
RAMÍREZ - O Brasil tem que se
abrir mais a entender a problemática da Colômbia. Não há
uma compreensão clara de por
que a maioria do país acompanhou um governo tão duro e arbitrário como o de [Álvaro] Uribe, por que está a favor da presença dos EUA. Se o Brasil quer
ter um papel, precisa tratar de
entender a dinâmica do conflito, que não corresponde mais
ao que ocorria nos anos 70,
quando era só interno. O Brasil
tem de ajudar no entendimento da situação colombiana, para
que a Colômbia também entenda a região e a necessidade de
fortalecer a unidade regional.
FOLHA - Quando todos falam do
fracasso da guerra às drogas, para
que ampliar o pacto com os EUA?
RAMÍREZ - Hoje a força das Farc
[Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia] não depende
de base social ou legitimidade,
mas da capacidade de obter recursos derivados da droga. O
sentido é que, ao tirar-lhe isso,
lhe tiram o poder ofensivo.
FOLHA - Mas é possível acabar com
o narcotráfico?
RAMÍREZ - Enquanto a região
não chegar a um acordo sobre
esse tema, é difícil para um só
país ter êxito diante do tema da
droga. Apesar de toda a região
estar envolvida, com intensidades e modos diferentes, com
frequência ele é visto como um
problema apenas colombiano.
Leia a íntegra da
entrevista com Socorro
Ramírez
www.folha.com.br/0931613
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