São Paulo, sexta-feira, 13 de novembro de 2009

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Israelense minimiza papel de Chávez em acordo com Mercosul

Na segunda etapa do giro pelo Brasil, presidente Shimon Peres exalta bloco, que negocia tratado comercial com país

Venezuelano "é um homem peculiar", afirma israelense; de Serra, Peres ouve crítica velada ao presidente do Irã, razão não declarada de giro


SAMY ADGHIRNI
DA REPORTAGEM LOCAL

Horas após o TLC (Tratado de Livre Comércio) entre Mercosul e Israel ser aprovado na Câmara dos Deputados, o presidente de Israel, Shimon Peres, minimizou ontem o impacto da eventual adesão ao bloco sul-americano da Venezuela de Hugo Chávez, que rompeu relações com o Estado judaico por considerá-lo "terrorista".
"Não creio que o Mercosul adotará políticas de Chávez. É Chávez quem adotará as políticas do Mercosul, que supõem diálogo e cooperação", disse Peres na sede da Fiesp, em São Paulo, segunda etapa de seu giro de cinco dias pelo Brasil.
Peres recorreu à ironia para criticar o líder venezuelano, que ordenou a retirada de seu embaixador em Tel Aviv em protesto contra o ataque israelense à faixa de Gaza, em dezembro e janeiro: "Chávez é um homem peculiar, mas concordo com ele em duas coisas: não se deve cantar no chuveiro; jacuzzis são antissocialistas".
Peres, que é presidente honorário da Internacional Socialista há dez anos, se referia aos controversos conselhos dados por Chávez à população para combater a crise no abastecimento de água na Venezuela. A visita do presidente israelense ao Brasil acelerou o processo rumo à adoção do TLC Mercosul-Israel, que agora deve tramitar pelo Senado. Caso seja aprovado, o projeto irá à sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tornando-se o primeiro acordo do tipo assinado pelo atual governo.
O documento passa a ter valor legal para o Brasil sem que seja necessário esperar pela aprovação dos demais países do Mercosul, bloco que a Venezuela quer integrar -a entrada de Caracas tramita nos Legislativos do Brasil e do Paraguai, onde enfrenta resistência. Mais cedo, Peres foi recepcionado pelo governador José Serra. Em discurso à delegação israelense, Serra fez crítica velada ao presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, contumaz crítico de Israel que deverá ser recebido por Lula no dia 23.
"Quem nega o Holocausto agride de modo indelével a memória de um povo e agride toda a humanidade", afirmou Serra, que manifestou ainda "admiração pessoal" pelo israelense. Peres segue hoje para o Rio, no quarto dia de uma visita ao Brasil norteada pelo objetivo de reagir à intensificação dos laços entre Brasília e Teerã.

Colaborou AMARO GRASSI, da Redação



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