São Paulo, sexta-feira, 13 de novembro de 2009

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Eleições para escolha de novo líder palestino devem sofrer adiamento

MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM

As eleições palestinas, marcadas para janeiro, devem ser adiadas devido à impossibilidade de serem realizadas na faixa de Gaza.
A recomendação foi feita ontem pelo órgão independente encarregado de organizar o pleito. Tudo indica que será adotada pelo presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Mahmoud Abbas.
Hana Nasser, que chefia o comitê eleitoral, disse ontem que a recusa do Hamas em permitir as eleições na faixa de Gaza, onde o grupo islâmico detém o poder, torna o pleito impossível.
"Planejamos ir a Gaza para saber como poderíamos realizar as eleições lá", disse Nasser. "Nesse meio tempo, recebemos a resposta do Hamas de que não somos bem-vindos em Gaza. Ficou claro que não podemos fazer uma eleição lá."
Abbas convocou eleições presidenciais e legislativas para 24 de janeiro depois que o Hamas rejeitou o acordo para colocar um fim à divisão palestina. Desde 2007, Gaza está sob o controle do Hamas, e a Cisjordânia, nas mãos do Fatah, grupo secular liderado por Abbas.
Dias após a convocação, Abbas anunciou que não disputará a reeleição, desgostoso com a ausência de progresso no processo de paz. Mas, se o pleito for adiado, Abbas poderá seguir no poder sem precisar recuar da ameaça de não disputá-lo.
Segundo assessores da ANP, Abbas deverá aceitar a recomendação do comitê eleitoral.
O anúncio não surpreendeu o Hamas, que reiterou diversas vezes que não cooperaria com eleições antes de um acordo de reconciliação. "[O adiamento] é resultado natural da falta de condições apropriadas e evidência da credibilidade da posição do Hamas", disse um porta-voz do grupo islâmico.
As últimas eleições palestinas ocorreram em 2006, quando o Hamas obteve uma surpreendente vitória. O novo status quo durou pouco: um ano e meio depois, após violento confronto, o grupo expulsou o Fatah de Gaza e passou a ter o controle total do território.
O mandato de Abbas terminou no início deste ano, mas ele afirma que a lei palestina lhe permite ficar no poder e convocar novas eleições. Assessores comentam que sua intenção é deixar a Presidência da ANP, mas seguir líder do Fatah.


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