São Paulo, sexta-feira, 13 de dezembro de 2002

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ÁSIA

Governo alega que país precisa de energia; EUA dizem esperar esforço diplomático para fazer Pyongyang mudar de idéia

Coréia do Norte reativará usina nuclear

DA REDAÇÃO

Ampliando a tensão com os EUA, a Coréia do Norte anunciou ontem que vai reativar uma usina nuclear que provocou uma crise na península coreana em 1994.
Com o inverno se aproximando, um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Coréia do Norte disse que o país vai reativar um reator nuclear antigo, desenvolvido por soviéticos, e retomar a construção de outras instalações nucleares para fornecer energia ao país. Sem se identificar, um funcionário do governo sul-coreano disse que a Coréia do Norte levaria no mínimo dois meses para reativar a usina nuclear que, segundo autoridades norte-americanas, poderia desenvolver armas nucleares.
Questionado no Qatar sobre que medidas os EUA tomariam, Donald Rumsfeld, secretário da Defesa, respondeu: "Não tenho a mínima idéia sobre o que vai acontecer agora. Mas certamente tem havido, e eu creio que continuará a haver, um esforço diplomático para que os norte-coreanos cumpram suas obrigações internacionais".
A Coréia do Sul promoveu uma reunião especial do Conselho de Segurança Nacional e emitiu um comunicado expressando "grave preocupação" com o anúncio do país vizinho. "O governo vai monitorar as ações da Coréia do Norte e fortalecer a cooperação e a coordenação com os EUA, o Japão e outros países", disse Seul.
Os dois principais candidatos sul-coreanos às eleições do próximo dia 19 exortaram a Coréia do Norte a mudar de idéia.
O anúncio norte-coreano aconteceu dois dias depois da interceptação do So San, navio norte-coreano carregado de mísseis Scud, no mar da Arábia. Anteontem, os EUA liberaram o navio.
O programa nuclear norte-coreano foi congelado em 1994, após a assinatura de um acordo entre Pyongyang e Washington que evitou uma escalada do conflito na península coreana. A Coréia do Norte, cuja principal indústria é a militar, foi incluída pelos EUA, no início deste ano, no "eixo do mal", com o Irã e o Iraque. No final de outubro, a Coréia do Norte advertiu os EUA de que tomaria "medidas duras" se Washington não aceitasse dialogar. Mas o segundo homem na hierarquia do país disse ao governo sul-coreano que seu país estava disposto a dialogar sobre o programa de armas.
No mês passado, a Coréia do Norte disse que o acordo de 1994 havia acabado por causa da suspensão, por países liderados pelos EUA, do envio de combustível ao país. Sob o acordo, os carregamentos de petróleo ocorreriam em troca da suspensão pela Coréia do Norte de seu programa de armas nucleares.
Segundo analistas e líderes políticos, a intenção norte-coreana seria abrir caminho para negociações. "Se lermos cuidadosamente o anúncio da Coréia do Norte, sua posição a favor de uma solução pacífica para as divergências com os EUA sobre a entrega de combustível permanece a mesma", disse o primeiro-ministro do Japão, Junichiro Koizumi.
Um dos países mais isolados do mundo, a Coréia do Norte depende de ajuda para garantir a alimentação de seus habitantes e obter energia. "A situação levou o governo a... reativar imediatamente a operação e a construção de suas instalações nucleares para gerar eletricidade", disse um porta-voz do governo. "A crise nuclear na península coreana deveria ser resolvida pacificamente. Depende totalmente dos EUA se nós vamos congelar nosso programa nuclear novamente."


Com agências internacionais


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