São Paulo, quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

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McCain quer tirar subsídio do álcool

Candidato republicano defende ainda fim do imposto sobre a importação do produto vindo do Brasil

Último debate do partido governista antes do início das primárias nos EUA foi marcado por propostas contra imigração ilegal

SÉRGIO DÁVILA
ENVIADO ESPECIAL A DES MOINES (IOWA)

Eleito presidente dos EUA, John McCain acabará com o subsídio que os produtores de milho do país recebem para produzir álcool. E implantará modelo parecido com o do governo brasileiro para que os EUA atinjam independência energética. A primeira afirmação foi feita pelo senador em debate ontem em Iowa; a segunda foi feita à Folha, depois, por seu estrategista político.
"Subsídios são erros, distorcem mercados e destroem nossa habilidade de competir no mundo", disse o senador por Arizona. A afirmação ganha mais peso por ter sido feita em Iowa, o principal produtor de milho dos EUA, cuja economia depende muito dos subsídios.
"O senador sabe que sua posição não é popular por aqui, mas é o que ele pensa", disse depois à Folha o cientista político Charlie Black, um dos coordenadores da campanha de McCain. "Ele defende ainda o fim do imposto de importação para o álcool brasileiro e vê com muito entusiasmo o modelo do Brasil para a independência energética."
O assunto apareceu porque a mediadora esperava mudar o foco da imigração e da segurança nacional para questões como economia e educação no último debate entre os pré-candidatos republicanos à Presidência antes do caucus de Iowa, em 3 de janeiro, início do ciclo eleitoral em que os partidos definirão seus candidatos.
Mas o medo venceu a esperança. Assuntos como os riscos da imigração ilegal e os perigos de um "fascismo islâmico", que vêm dominando a disputa entre os republicanos, deram o tom. "Não vamos falar muito de questões como o Iraque ou a imigração", avisou no começo a jornalista Carolyn Washburn, do "Des Moines Register", jornal que promovia o debate. Mas bastou que ela pedisse para que os candidatos dissessem o que fariam em seu primeiro ano de governo para que eles voltassem ao tema.
"Em seis meses, levantarei o muro na fronteira com o México", disse o senador Tom Tancredo, um dos mais radicais militantes antiimigração.
"Tornarei o país mais seguro contra o terrorismo islâmico e acabarei com a imigração ilegal", disse Rudolph Giuliani, o primeiro colocado.
A obsessão se explica. O Estado de Iowa sozinho tem pouco peso em votos, mas uma vitória aqui é simbolicamente importante. A questão da imigração ilegal tem sido apontada como a mais importante para republicanos em geral e para os de Iowa em particular.
Em pesquisa desta semana publicada pelo jornal "The Los Angeles Times" e pela Bloomberg, 39% dos eleitores do partido colocam o assunto como "o mais importante", seguidos por 49% que o julgam "um dos mais importantes".
Num dos últimos debates, Giuliani e o ex-governador de Massachusetts Mitt Romney discutiram. O segundo acusou o primeiro de empregar ilegais para arrumar seu jardim, e o ex-governador respondeu que o ex-prefeito havia feito de Nova York um "refúgio de ilegais".
O encontro de ontem na sede da IPTV, a TV pública de Iowa, foi também o primeiro em que Mike Huckabee apareceu na condição de favorito. Segundo pesquisas recentes, o ex-governador de Arkansas lidera a corrida local, à frente de Romney e de Giuliani -o ex-prefeito continua à frente nas nacionais.


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