|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
McCain quer tirar subsídio do álcool
Candidato republicano defende ainda fim do imposto sobre a importação do produto vindo do Brasil
Último debate do partido
governista antes do início
das primárias nos EUA foi
marcado por propostas
contra imigração ilegal
SÉRGIO DÁVILA
ENVIADO ESPECIAL A DES MOINES
(IOWA)
Eleito presidente dos EUA,
John McCain acabará com o
subsídio que os produtores de
milho do país recebem para
produzir álcool. E implantará
modelo parecido com o do governo brasileiro para que os
EUA atinjam independência
energética. A primeira afirmação foi feita pelo senador em
debate ontem em Iowa; a segunda foi feita à Folha, depois,
por seu estrategista político.
"Subsídios são erros, distorcem mercados e destroem nossa habilidade de competir no
mundo", disse o senador por
Arizona. A afirmação ganha
mais peso por ter sido feita em
Iowa, o principal produtor de
milho dos EUA, cuja economia
depende muito dos subsídios.
"O senador sabe que sua posição não é popular por aqui,
mas é o que ele pensa", disse
depois à Folha o cientista político Charlie Black, um dos
coordenadores da campanha
de McCain. "Ele defende ainda
o fim do imposto de importação para o álcool brasileiro e vê
com muito entusiasmo o modelo do Brasil para a independência energética."
O assunto apareceu porque a
mediadora esperava mudar o
foco da imigração e da segurança nacional para questões como economia e educação no último debate entre os pré-candidatos republicanos à Presidência antes do caucus de Iowa, em 3 de janeiro, início do
ciclo eleitoral em que os partidos definirão seus candidatos.
Mas o medo venceu a esperança. Assuntos como os riscos
da imigração ilegal e os perigos
de um "fascismo islâmico", que
vêm dominando a disputa entre os republicanos, deram o
tom. "Não vamos falar muito
de questões como o Iraque ou a
imigração", avisou no começo a
jornalista Carolyn Washburn,
do "Des Moines Register", jornal que promovia o debate.
Mas bastou que ela pedisse para que os candidatos dissessem
o que fariam em seu primeiro
ano de governo para que eles
voltassem ao tema.
"Em seis meses, levantarei o
muro na fronteira com o México", disse o senador Tom Tancredo, um dos mais radicais
militantes antiimigração.
"Tornarei o país mais seguro
contra o terrorismo islâmico e
acabarei com a imigração ilegal", disse Rudolph Giuliani, o
primeiro colocado.
A obsessão se explica. O Estado de Iowa sozinho tem pouco peso em votos, mas uma vitória aqui é simbolicamente
importante. A questão da imigração ilegal tem sido apontada
como a mais importante para
republicanos em geral e para os
de Iowa em particular.
Em pesquisa desta semana
publicada pelo jornal "The Los
Angeles Times" e pela Bloomberg, 39% dos eleitores do partido colocam o assunto como
"o mais importante", seguidos
por 49% que o julgam "um dos
mais importantes".
Num dos últimos debates,
Giuliani e o ex-governador de
Massachusetts Mitt Romney
discutiram. O segundo acusou
o primeiro de empregar ilegais
para arrumar seu jardim, e o
ex-governador respondeu que
o ex-prefeito havia feito de Nova York um "refúgio de ilegais".
O encontro de ontem na sede
da IPTV, a TV pública de Iowa,
foi também o primeiro em que
Mike Huckabee apareceu na
condição de favorito. Segundo
pesquisas recentes, o ex-governador de Arkansas lidera a corrida local, à frente de Romney e
de Giuliani -o ex-prefeito continua à frente nas nacionais.
Texto Anterior: Brasil: Para La Paz, visita de Lula é apoio a Morales Próximo Texto: Frases Índice
|