|
Próximo Texto | Índice
Clara Rojas reencontra o filho Emmanuel em Bogota
Encontro entre Emmanuel, a mãe, o tio e a avó ocorre longe das câmeras, em abrigo do Estado
Rojas e o filho passarão por
processo de adaptação;
menino ficou um ano e meio
com uma "mãe substituta" e
era chamado de Juan David
Rafa Salafranca/EFE
|
Clara Rojas comemora a chegada à capital colombiana |
FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A BOGOTÁ
Depois de uma separação
forçada de cerca de três anos, a
ex-refém das Farc Clara Rojas,
44, se reencontrou ontem na
capital colombiana com o seu
filho Emmanuel, nascido em
cativeiro em abril de 2004.
Longe das câmeras, a esperada reunião dos dois ocorreu durante a tarde num albergue do
Instituto Colombiano de Bem-Estar Familiar (ICBF), órgão
do Estado que tem a tutela da
criança desde meados de 2005,
quando Emmanuel foi internado num hospital de San José
del Guaviare (sudeste) com o
nome falso de Juan David e graves problemas de saúde.
Além de Rojas, estavam presentes a sua mãe, Clara de Rojas, o irmão, Iván, e outros familiares. Todos encontraram
Emmanuel pela primeira vez.
"Foi um momento muito
emotivo", disse à agência France Presse um alto funcionário
do governo colombiano.
Segundo declarações do
ICBF, Emmanuel e Rojas passarão por um processo de adaptação antes de voltar à guarda
da mãe, o que deve levar cerca
de duas semanas. O menino ficou um ano e cinco meses com
uma mesma mãe substituta e
sempre foi chamado de Juan
David nesse período.
Emmanuel tem sido descrito
como "comunicativo e brincalhão" pelo ICBF. O menino, no
entanto, tem mobilidade limitada num dos braços -não consegue fechar a mão. O problema é uma seqüela do difícil parto realizado num acampamento das Farc, quando sofreu uma
fratura. Ele deve sofrer uma segunda intervenção cirúrgica
em breve para corrigir o problema.
Pouco antes do reeencontro,
Rojas desembarcou em Bogotá
vinda de Caracas, onde passou
os primeiros dias após a sua libertação. "Mil obrigadas por
essa recepção tão calorosa, mil
obrigadas a todos meus amigos,
a todos meus compatriotas, me
sinto imensa comovida de voltar à minha terra (...). É um novo renascer, voltei a viver", foram as primeiras palavras Rojas em rápida entrevista coletiva na base aérea de Catam, aonde chegou num avião militar colombiano.
Além de um batalhão de jornalistas, várias autoridades colombianas acompanharam a
chegada de Rojas, ex-candidata
a vice-presidente seqüestrada
em fevereiro de 2002.
Rojas disse que veria Emmanuel "em breve" num encontro
privado. "O menino parece que
está muito bem, hoje ele me
mandou uma coisinha, vão me
mostrar o que ele fez, eu me
sinto muito feliz." Emmanuel e
filho de Rojas com um guerrilheiro das Farc, cujo paradeiro
é desconhecido. Oito meses,
após o nascimento foi entregue
pela guerrilha aos cuidados de
uma família pobre no Estado de
Guaviare (sudeste).
A sua identidade só foi descoberta no final do ano passado e
mais tarde confirmada por um
exame de DNA. Até então, se
acreditava que ele ainda estava
em poder da guerrilha, que havia prometido entregá-lo a
Chávez junto com a mãe e a ex-congressista Consuelo González.
Sem polêmica
Na parte mais política da entrevista de cerca de cinco minutos, Rojas agradeceu ao governo colombiano "por haver autorizado a suspensão das operações [militares] que permitiu
estar aqui hoje".
A ex-candidata, por outro lado, não quis se envolver na polêmica desatada entre Caracas
e Bogotá sobre a proposta do
presidente Hugo Chávez de dar
status político às Farc. "Não
ouvi em detalhes as declarações que fez", desconversou.
O momento mais emotivo da
entrevista ocorreu durante o
pronunciamento de Clara de
Rojas, mãe da ex-refém. "Obrigado de novo por toda a sua solidariedade. Obrigado de novo
ao Deus todo-poderoso, que fez
possível o regresso da minha filha", disse, com a voz fraca e
embargada.
Próximo Texto: Frase Índice
|