São Paulo, segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

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Clara Rojas reencontra o filho Emmanuel em Bogota

Encontro entre Emmanuel, a mãe, o tio e a avó ocorre longe das câmeras, em abrigo do Estado

Rojas e o filho passarão por processo de adaptação; menino ficou um ano e meio com uma "mãe substituta" e era chamado de Juan David

Rafa Salafranca/EFE
Clara Rojas comemora a chegada à capital colombiana


FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A BOGOTÁ

Depois de uma separação forçada de cerca de três anos, a ex-refém das Farc Clara Rojas, 44, se reencontrou ontem na capital colombiana com o seu filho Emmanuel, nascido em cativeiro em abril de 2004.
Longe das câmeras, a esperada reunião dos dois ocorreu durante a tarde num albergue do Instituto Colombiano de Bem-Estar Familiar (ICBF), órgão do Estado que tem a tutela da criança desde meados de 2005, quando Emmanuel foi internado num hospital de San José del Guaviare (sudeste) com o nome falso de Juan David e graves problemas de saúde.
Além de Rojas, estavam presentes a sua mãe, Clara de Rojas, o irmão, Iván, e outros familiares. Todos encontraram Emmanuel pela primeira vez.
"Foi um momento muito emotivo", disse à agência France Presse um alto funcionário do governo colombiano.
Segundo declarações do ICBF, Emmanuel e Rojas passarão por um processo de adaptação antes de voltar à guarda da mãe, o que deve levar cerca de duas semanas. O menino ficou um ano e cinco meses com uma mesma mãe substituta e sempre foi chamado de Juan David nesse período.
Emmanuel tem sido descrito como "comunicativo e brincalhão" pelo ICBF. O menino, no entanto, tem mobilidade limitada num dos braços -não consegue fechar a mão. O problema é uma seqüela do difícil parto realizado num acampamento das Farc, quando sofreu uma fratura. Ele deve sofrer uma segunda intervenção cirúrgica em breve para corrigir o problema.
Pouco antes do reeencontro, Rojas desembarcou em Bogotá vinda de Caracas, onde passou os primeiros dias após a sua libertação. "Mil obrigadas por essa recepção tão calorosa, mil obrigadas a todos meus amigos, a todos meus compatriotas, me sinto imensa comovida de voltar à minha terra (...). É um novo renascer, voltei a viver", foram as primeiras palavras Rojas em rápida entrevista coletiva na base aérea de Catam, aonde chegou num avião militar colombiano.
Além de um batalhão de jornalistas, várias autoridades colombianas acompanharam a chegada de Rojas, ex-candidata a vice-presidente seqüestrada em fevereiro de 2002.
Rojas disse que veria Emmanuel "em breve" num encontro privado. "O menino parece que está muito bem, hoje ele me mandou uma coisinha, vão me mostrar o que ele fez, eu me sinto muito feliz." Emmanuel e filho de Rojas com um guerrilheiro das Farc, cujo paradeiro é desconhecido. Oito meses, após o nascimento foi entregue pela guerrilha aos cuidados de uma família pobre no Estado de Guaviare (sudeste).
A sua identidade só foi descoberta no final do ano passado e mais tarde confirmada por um exame de DNA. Até então, se acreditava que ele ainda estava em poder da guerrilha, que havia prometido entregá-lo a Chávez junto com a mãe e a ex-congressista Consuelo González.

Sem polêmica
Na parte mais política da entrevista de cerca de cinco minutos, Rojas agradeceu ao governo colombiano "por haver autorizado a suspensão das operações [militares] que permitiu estar aqui hoje".
A ex-candidata, por outro lado, não quis se envolver na polêmica desatada entre Caracas e Bogotá sobre a proposta do presidente Hugo Chávez de dar status político às Farc. "Não ouvi em detalhes as declarações que fez", desconversou.
O momento mais emotivo da entrevista ocorreu durante o pronunciamento de Clara de Rojas, mãe da ex-refém. "Obrigado de novo por toda a sua solidariedade. Obrigado de novo ao Deus todo-poderoso, que fez possível o regresso da minha filha", disse, com a voz fraca e embargada.


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