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Sderot comemora redução de foguetes
Queda no número de mísseis disparados por Hamas contra cidades israelenses é visto como indicador de sucesso de ofensiva
Ontem, foram 17, contra mais de 60 no dia em que os ataques a Gaza começaram; Israel diz que o objetivo de invasão é parar disparos
DO ENVIADO A SDEROT
Se para muitos analistas políticos os resultados da ofensiva
israelense em Gaza são duvidosos, para os moradores de Sderot eles são claros e podem ser
resumidos em um número: a
frequência diária com que são
obrigados a correr para o abrigo
quando a sirene anuncia a chegada de mais um foguete.
Ao fim de cada dia, as TVs israelenses têm feito um balanço
do número de foguetes disparados por extremistas de Gaza
contra o sul do país, numa forma de avaliar o sucesso da operação militar. Ontem eles chegaram a 17, redução significativa em comparação com os mais
de 60 do primeiro dia da ofensiva, no dia 27 de dezembro.
"A situação está muito mais
calma por aqui, e é claro que isso tem a ver com a operação do
Exército", diz Eli Assaiag, dono
de um popular quiosque de comida marroquina no centro de
Sderot, cidade a pouco mais de
um quilômetro da fronteira de
Gaza e alvo preferencial dos foguetes do Hamas.
Morador da cidade há 52
anos, Eli diz que espera uma
mudança radical depois que os
canhões israelenses silenciarem. "Já caiu um foguete a cem
metros para a direita, a cem
metros para a esquerda, um dia
vai cair aqui", diz Eli, cujo
quiosque, não por acaso, chama-se "Cantinho da Sorte".
Mas mesmo o governo israelense não parece confiar totalmente em alcançar o objetivo
principal da ofensiva que lançou contra o Hamas, que é pôr
fim aos foguetes. Um projeto
iniciado há três meses prevê a
construção de 4.000 novos
bunkers em Sderot, atendendo
ao pedido de moradores que
dependem de abrigos públicos
longe de suas casas.
Em uma cidade em que até os
pontos de ônibus são pequenos
caixotes de concreto para a
eventualidade de um foguete,
sorte e fé são artigos de primeira necessidade. O rabino-chefe
de Sderot, Shimon Bar-Yohai
lamenta a morte de civis inocentes em Gaza, mas diz que a
ofensiva israelense era necessária e que o desfecho está "nas
mãos de Deus".
Ao ser questionado sobre a
semelhança entre o que acabou
de dizer e os comentários dos
líderes fundamentalistas do
Hamas, Bar-Yohai rejeita a
comparação. "Nós não temos
nenhuma intenção de atingir
civis e não usamos Deus para
justificar o terror", diz.
Embora o número de foguetes tenha caído drasticamente
em relação ao início da ofensiva, todo cuidado é pouco ao
avaliar a capacidade militar do
Hamas, diz Avi Open, coronel
do Exército israelense nascido
em Córdoba, na Argentina.
"Está tudo mais calmo por
aqui", diz Open, com forte sotaque castelhano, "mas é bom notar que o arsenal do Hamas ainda é grande e temos que continuar nossa operação".
O discurso cauteloso é repetido por todos os porta-vozes
do Exército. Ao mesmo tempo
em que gostam de exibir o número descendente de foguetes
disparados de Gaza como prova
do sucesso da ofensiva, evitam
exagerar as expectativas de que
é possível chegar a zero.
Guardadas as proporções, na
guerra do Líbano o grupo xiita
Hizbollah lançou uma média
de 200 mísseis contra Israel até
o último dia de combates.
(MARCELO NINIO)
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