São Paulo, quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

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Sderot comemora redução de foguetes

Queda no número de mísseis disparados por Hamas contra cidades israelenses é visto como indicador de sucesso de ofensiva

Ontem, foram 17, contra mais de 60 no dia em que os ataques a Gaza começaram; Israel diz que o objetivo de invasão é parar disparos

DO ENVIADO A SDEROT

Se para muitos analistas políticos os resultados da ofensiva israelense em Gaza são duvidosos, para os moradores de Sderot eles são claros e podem ser resumidos em um número: a frequência diária com que são obrigados a correr para o abrigo quando a sirene anuncia a chegada de mais um foguete.
Ao fim de cada dia, as TVs israelenses têm feito um balanço do número de foguetes disparados por extremistas de Gaza contra o sul do país, numa forma de avaliar o sucesso da operação militar. Ontem eles chegaram a 17, redução significativa em comparação com os mais de 60 do primeiro dia da ofensiva, no dia 27 de dezembro.
"A situação está muito mais calma por aqui, e é claro que isso tem a ver com a operação do Exército", diz Eli Assaiag, dono de um popular quiosque de comida marroquina no centro de Sderot, cidade a pouco mais de um quilômetro da fronteira de Gaza e alvo preferencial dos foguetes do Hamas.
Morador da cidade há 52 anos, Eli diz que espera uma mudança radical depois que os canhões israelenses silenciarem. "Já caiu um foguete a cem metros para a direita, a cem metros para a esquerda, um dia vai cair aqui", diz Eli, cujo quiosque, não por acaso, chama-se "Cantinho da Sorte".
Mas mesmo o governo israelense não parece confiar totalmente em alcançar o objetivo principal da ofensiva que lançou contra o Hamas, que é pôr fim aos foguetes. Um projeto iniciado há três meses prevê a construção de 4.000 novos bunkers em Sderot, atendendo ao pedido de moradores que dependem de abrigos públicos longe de suas casas.
Em uma cidade em que até os pontos de ônibus são pequenos caixotes de concreto para a eventualidade de um foguete, sorte e fé são artigos de primeira necessidade. O rabino-chefe de Sderot, Shimon Bar-Yohai lamenta a morte de civis inocentes em Gaza, mas diz que a ofensiva israelense era necessária e que o desfecho está "nas mãos de Deus".
Ao ser questionado sobre a semelhança entre o que acabou de dizer e os comentários dos líderes fundamentalistas do Hamas, Bar-Yohai rejeita a comparação. "Nós não temos nenhuma intenção de atingir civis e não usamos Deus para justificar o terror", diz.
Embora o número de foguetes tenha caído drasticamente em relação ao início da ofensiva, todo cuidado é pouco ao avaliar a capacidade militar do Hamas, diz Avi Open, coronel do Exército israelense nascido em Córdoba, na Argentina. "Está tudo mais calmo por aqui", diz Open, com forte sotaque castelhano, "mas é bom notar que o arsenal do Hamas ainda é grande e temos que continuar nossa operação".
O discurso cauteloso é repetido por todos os porta-vozes do Exército. Ao mesmo tempo em que gostam de exibir o número descendente de foguetes disparados de Gaza como prova do sucesso da ofensiva, evitam exagerar as expectativas de que é possível chegar a zero.
Guardadas as proporções, na guerra do Líbano o grupo xiita Hizbollah lançou uma média de 200 mísseis contra Israel até o último dia de combates. (MARCELO NINIO)


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