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São Paulo, sexta-feira, 14 de fevereiro de 2003

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IRAQUE NA MIRA

Governo diz que militares já mapeiam país em busca de alvos e que Bagdá colocou explosivos em campos de petróleo

EUA já têm tropas especiais no Iraque

Larry Downing/Reuters
O presidente George W. Bush acena para pessoal da Marinha na base naval de Mayport, Flórida


RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os EUA admitiram ontem que forças especiais já operam dentro do Iraque. Um número pequeno desses soldados ultratreinados estaria iniciando o reconhecimento dos alvos potenciais e do terreno a ser depois percorrido pelas forças terrestres.
A revelação de funcionários do governo, confirmando artigo do "The Washington Post", mostra que os preparativos para a guerra estão se intensificando e que seu início pode ocorrer já nas próximas semanas. Os EUA esperam obter da ONU aval para uma ação militar para desarmar o Iraque, mas dizem que podem atacar mesmo sem ela "em semanas".
Quanto mais tempo as tropas especiais passam dentro de território iraquiano, maior o risco de um soldado americano ser detectado e capturado. A exibição pública de um prisioneiro americano seria um rude golpe de propaganda para os EUA.
Muito do que os EUA precisam saber para realizar um ataque rápido pode ser obtido através de satélites-espiões. Dotados de sensores eletrônicos, eles podem "enxergar" mesmo de noite ou através de nuvens.
Mas a confirmação de uma descoberta muitas vezes necessita um soldado no solo. Lançadores de mísseis balísticos podem ser escondidos de modo eficiente, a ponto de o satélite na prática detectá-los apenas na hora do lançamento -quando já é tarde demais. A grande mobilidade do equipamento é outro problema para os americanos.
Há cerca de um mês os soldados estão se infiltrando e saindo do Iraque depois de cumprida a missão. As forças especiais têm a missão básica de fazer o reconhecimento do terreno que deverá ser percorrido depois pelas forças terrestres que estão se concentrando no Kuait e em navios anfíbios no golfo Pérsico.
De 135 mil a 140 mil militares dos EUA já estão em regiões próximas do Iraque. O envio recente da 101ª Divisão de Assalto Aéreo, com algumas centenas de helicópteros, é um sinal de que os EUA planejam um ataque rápido.
Segundo os funcionários americanos, Bagdá estaria colocando explosivos em campos de petróleo no sul para retardar uma invasão vinda do Kuait, onde os EUA têm cerca de 40 mil soldados.
Desde a Guerra do Golfo (91), aviões americanos e britânicos patrulham duas zonas de exclusão aérea, no norte e no sul do Iraque. Trata-se na verdade de uma guerra em câmera lenta, pois esporadicamente os aviões bombardeiam alvos ligados ao sistema de defesa aérea iraquiano.
Basta um radar de uma bateria como essa estar ligado, e, portanto, acompanhando o avião (ou "traqueando", como se diz no jargão militar brasileiro), para ser considerado um alvo legítimo.
Isso significa que nessas regiões onde se espera que comece o ataque terrestre já existe uma razoável liberdade de movimentação das aeronaves anglo-americanas. Isso pode significar que os ataques aéreos iniciais, uma praxe da guerra moderna, seriam concentrados em alvos em Bagdá, o centro do esquema de poder do ditador iraquiano, Saddam Hussein.
Os especialistas militares ouvidos pela imprensa anglo-americana têm especulado sobre como se daria esse ataque inicial. Uma hipótese provável é uma caríssima "chuva" de centenas de mísseis de cruzeiro Tomahawk sobre alvos em torno de Bagdá. Cada míssil custa em torno de US$ 1 milhão de dólares. Desde a Guerra do Golfo, os militares americanos procuraram informatizar o campo de batalha, investindo em sistemas de informação, comando, comunicação e controle.
O ideal é que cada comandante de pelotão tenha um pequeno computador e um rastreador do sistema de localização por satélite GPS. Com isso, os comandantes têm acesso rápido aos locais onde estão os seus subordinados e informações em tempo próximo ao real sobre o dispositivo inimigo. De posse desses dados, o fogo de canhões, tanques, aviação e infantes pode então ser concentrado eficientemente sobre o alvo.

Com agências internacionais


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