São Paulo, sábado, 14 de fevereiro de 2004

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EUROPA

Plano acordado com intermediação da ONU prevê referendos e pode facilitar a entrada da Turquia na União Européia

Turcos e gregos aceitam reunificar Chipre

TERENCE NEILAN
DO "NEW YORK TIMES"

Após três dias de conversações, os líderes cipriotas gregos e turcos concordaram hoje com um plano proposto pelo secretário-geral da ONU, Kofi Annan, para pôr fim aos 30 anos de divisão da ilha mediterrânea. Se as negociações finais entre as duas partes tiverem êxito, o Chipre ingressará na União Européia como país unificado, em 1º de maio. Atualmente, apenas a parte grega entrará no bloco europeu naquela data.
"As duas partes chegaram a um acordo dentro do quadro proposto pelo secretário-geral", disse ontem na ONU Ugur Ziyal, da Chancelaria turca.
O líder cipriota grego, Tassos Papadopoulos, disse: "Conseguimos a retomada das conversações sob a égide do secretário-geral".
Papadopoulos e o líder cipriota turco, Rauf Denktash, se comprometeram a iniciar negociações finais em 19 de fevereiro. As negociações levarão à realização de referendos distintos, no norte e no sul da ilha mediterrânea, no próximo 21 de abril.
As duas partes tiveram dois dias de conversações nesta semana. As conversações foram interrompidas na quarta-feira, mas Annan convenceu os dois lados a retomá-las na quinta, às 15h (horário local). Doze horas mais tarde, às 3h de ontem, as conversações terminaram sem acordo.
Sem se deixar desanimar, Kofi Annan chamou Denktash e Papadopoulos de volta, ainda na manhã de ontem, pedindo que ou assinassem ou rejeitassem seu plano de uma página e meia para a realização de negociações finais.
O conteúdo detalhado do plano não foi divulgado de imediato.
Na semana passada, após indicações da Turquia de que agora talvez fosse uma boa hora para fazer pressão por um acordo, Annan convidou as duas partes a comparecer a Nova York.

Turquia na UE
A situação de Chipre vem sendo um obstáculo para a realização do desejo que a Turquia nutre há muito tempo de tornar-se o primeiro membro muçulmano da União Européia (UE). A aspiração tem o apoio dos EUA, aliados da Turquia na Otan, a aliança militar ocidental. O governo americano saudou efusivamente o acordo anunciado ontem em Nova York. Já a União Européia o qualificou de "acontecimento histórico".
Se as negociações tivessem fracassado, apenas o governo cipriota grego teria direito de ingressar na UE, que em maio será ampliada para incluir 25 países. O bloco hoje tem 15 países.
O Chipre está dividido entre lados controlados por cipriotas gregos e turcos desde 1974, quando a Turquia tomou o terço norte da ilha, após um golpe de Estado pró-Grécia que visava unificar a ilha com a Grécia. O Estado separatista, que tem o nome de República Turca do Norte do Chipre, é reconhecido exclusivamente pela Turquia, que mantém 30 mil soldados estacionados lá.
O primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, vinha pressionando Rauf Denktash a abrir mão de suas objeções e indicara que as Forças Armadas turcas concordariam com um acordo para pôr fim à disputa.


Com agências internacionais


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