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VENEZUELA
Oposição realiza manifestação na capital
A assessor de Lula, Chávez promete conciliação; Caracas vive tensão
FABIANO MAISONNAVE
DA REDAÇÃO
Em meio ao crescente clima de
tensão política na Venezuela, o
presidente Hugo Chávez se comprometeu, em reunião com o assessor especial do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva para assuntos
internacionais, Marco Aurélio
Garcia, a buscar a oposição para
restabelecer um acordo.
Os dois se encontraram durante
três horas anteontem em Caracas.
Garcia também esteve com o deputado oposicionista Timoteo
Zambrano e com o representante
da OEA (Organização dos Estados Americanos) no país.
Em entrevista à Folha, Garcia
disse que Chávez iria procurar a
oposição, "inclusive em atenção
ao governo brasileiro".
"O importante é descobrir um
terreno de entendimento que vise
não só a situação imediata de crise
mas também o pós-crise. Se não
houver um compromisso das
duas partes, a Venezuela vai se
transformar num eterno barril de
pólvora," disse Garcia.
O assessor de Lula, no entanto,
disse que as duas partes seguem
bastante radicalizadas. "Se as palavras matassem, já haveria 1 milhão de venezuelanos mortos."
O governo Lula tem especial interesse numa solução negociada
na Venezuela. No início do ano
passado, o Brasil propôs a criação
do Grupo de Amigos da Venezuela (Brasil, EUA, México, Chile,
Portugal e Espanha), numa tentativa de resolver a crise. Um sucesso na Venezuela, portanto, é crucial para as pretensões de Lula de
assumir de fato uma liderança regional na América do Sul.
Impasse
Apesar das promessas de diálogo de Chávez, a crise política voltou a ganhar contornos dramáticos nos últimos dias, após o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) ter
adiado a decisão -prevista para
ontem e agora prevista para o dia
29- sobre a realização de um referendo para encurtar o mandato
de Chávez, que vence em 2007.
O CNE discute se milhares de
assinaturas pró-referendo entregues pela oposição são inválidas
devido a supostas irregularidades
no preenchimento e disse que a
decisão saíra até o final deste mês,
sem precisar uma data.
Inconformados com o atraso, a
oposição promete fazer uma
grande manifestação hoje diante
do CNE, onde dezenas de chavistas já estão acampados. Há temores de novos confrontos violentos
entre os dois lados.
Ontem, Chávez disse que, caso o
CNE aprove o referendo, recorrerá da decisão ao Tribunal Supremo de Justiça.
"Temos dito que aceitaremos a
decisão do CNE, mas, caso o CNE
diga que haverá o referendo, nós
iríamos ao Tribunal Supremo
com todas essa provas [de fraude]", disse, em entrevista coletiva.
Ontem, a OEA e o Centro Carter, observadores internacionais
do processo do referendo, pediram "prudência" aos dois lados.
Com agências internacionais
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