São Paulo, sábado, 14 de fevereiro de 2004

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VENEZUELA

Oposição realiza manifestação na capital

A assessor de Lula, Chávez promete conciliação; Caracas vive tensão

FABIANO MAISONNAVE
DA REDAÇÃO

Em meio ao crescente clima de tensão política na Venezuela, o presidente Hugo Chávez se comprometeu, em reunião com o assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, a buscar a oposição para restabelecer um acordo.
Os dois se encontraram durante três horas anteontem em Caracas. Garcia também esteve com o deputado oposicionista Timoteo Zambrano e com o representante da OEA (Organização dos Estados Americanos) no país.
Em entrevista à Folha, Garcia disse que Chávez iria procurar a oposição, "inclusive em atenção ao governo brasileiro".
"O importante é descobrir um terreno de entendimento que vise não só a situação imediata de crise mas também o pós-crise. Se não houver um compromisso das duas partes, a Venezuela vai se transformar num eterno barril de pólvora," disse Garcia.
O assessor de Lula, no entanto, disse que as duas partes seguem bastante radicalizadas. "Se as palavras matassem, já haveria 1 milhão de venezuelanos mortos."
O governo Lula tem especial interesse numa solução negociada na Venezuela. No início do ano passado, o Brasil propôs a criação do Grupo de Amigos da Venezuela (Brasil, EUA, México, Chile, Portugal e Espanha), numa tentativa de resolver a crise. Um sucesso na Venezuela, portanto, é crucial para as pretensões de Lula de assumir de fato uma liderança regional na América do Sul.

Impasse
Apesar das promessas de diálogo de Chávez, a crise política voltou a ganhar contornos dramáticos nos últimos dias, após o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) ter adiado a decisão -prevista para ontem e agora prevista para o dia 29- sobre a realização de um referendo para encurtar o mandato de Chávez, que vence em 2007.
O CNE discute se milhares de assinaturas pró-referendo entregues pela oposição são inválidas devido a supostas irregularidades no preenchimento e disse que a decisão saíra até o final deste mês, sem precisar uma data.
Inconformados com o atraso, a oposição promete fazer uma grande manifestação hoje diante do CNE, onde dezenas de chavistas já estão acampados. Há temores de novos confrontos violentos entre os dois lados.
Ontem, Chávez disse que, caso o CNE aprove o referendo, recorrerá da decisão ao Tribunal Supremo de Justiça.
"Temos dito que aceitaremos a decisão do CNE, mas, caso o CNE diga que haverá o referendo, nós iríamos ao Tribunal Supremo com todas essa provas [de fraude]", disse, em entrevista coletiva.
Ontem, a OEA e o Centro Carter, observadores internacionais do processo do referendo, pediram "prudência" aos dois lados.


Com agências internacionais


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