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Conservadores rejeitam novo tom com os EUA
DO ENVIADO A TEERÃ
A decisão do presidente do
Irã, Mahmoud Ahmadinejad,
de aceitar a oferta americana
de diálogo, "desde que com respeito mútuo", está dividindo os
conservadores no país.
Militares na reserva, ex-combatentes na guerra contra o Iraque e jovens radicais conhecidos como "blogueiros do Hizbollah" discordam do novo tom
e acham que qualquer iniciativa precisa ter alguma compensação concreta dos EUA.
"Algumas pessoas acham que
este é o momento de resolver o
problema com os EUA", disse à
Folha o analista político Amir
Mohebian. "Mas a hostilidade
contra os EUA é parte de nossa
identidade. Se resolvermos isso, podemos nos dissolver."
O político conservador Hamireza Taraghi diz que "a CIA
continua a planejar um golpe
contra a República Islâmica".
"Mudou a tática, não a política
dos EUA com o Irã."
O favorito para ser nomeado
por Barack Obama como responsável pela negociação com
o Irã, o ex-enviado ao Oriente
Médio Denis Ross, foi chamado
pelo jornal ultraconservador
"Kayhan" de "pioneiro do
lobby sionista nos EUA". "Se
for mesmo nomeado, será um
insulto", disse editorial.
Nos últimos 30 anos, os dois
países não mantiveram relações, e há murais chamando os
EUA de "Grande Satã" por toda
a parte em Teerã. Ahmadinejad
manteve uma violenta troca de
acusações com o ex-presidente
americano George W. Bush.
"Os líderes iranianos estão
dando uma chance a Obama,
mas precisa haver o fim da demonização, das sanções contra
o Irã", diz Seyed Mohammad
Marandi, diretor do Centro de
Estudos Norte-Americanos da
Universidade de Teerã. "Os
americanos viraram nossos vizinhos ao invadir o Afeganistão
e o Iraque, precisam do Irã."
As mudanças do tom na relação do governo ultraconservador com os EUA começaram
em novembro. Ahmadinejad
mandou inédita nota de saudações a Obama pela vitória.
Em janeiro, pela primeira vez
desde 1979, a posse de um presidente americano foi transmitida pela TV iraniana.
Mas a obamamania tem limites. Uma revista foi fechada por
colocar foto do casal Obama na
capa, com a manchete "Por que
o Irã não tem um Obama?".
"Só o aiatolá Khamenei [líder
religioso supremo] tem o poder
para decidir nossa relação com
os EUA", diz o analista Mohebian. "Se os EUA mandarem sinais agressivos, terão resposta
agressiva. Se forem suaves, o
aiatolá será suave."
(RJL)
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