São Paulo, segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

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REVOLTA ÁRABE

Iêmen e Argélia tentam estrelar próximo capítulo

Revoltas se espalham por países árabes, ameaçando regimes autocráticos

Movimentos na região vêm sendo comparados por analistas à queda do Muro de Berlim em importância histórica

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

As revoltas que varreram do poder os ditadores da Tunísia e do Egito incendiaram populações de países árabes e acuaram regimes autocráticos aterrorizados com a perspectiva de um efeito dominó.
A reação à pressão mescla promessas de concessões e repressão. Mas a estratégia tem tido pouco efeito diante de um movimento cuja importância histórica é comparada por analistas à queda do Muro de Berlim, em 1989.
No Iêmen, a polícia espancou e prendeu ontem manifestantes que marchavam até o palácio de Ali Abdullah Saleh, no poder há 32 anos. Não há relato de mortes.
Cerca de mil pessoas participaram do protesto, em meio a gritos de "o povo quer uma revolução iemenita após a revolução egípcia" e "você será o terceiro, ó Ali", em referência à queda dos ditadores da Tunísia do Egito.
Após os primeiros protestos, há três semanas, Saleh prometeu não concorrer à reeleição em 2013 e anunciou aumento de subsídios de produtos no país, o mais pobre do mundo árabe.
Diante da persistência dos manifestantes, ele ordenou o uso da violência de policiais e milicianos à paisana contra a oposição, rachada entre lideranças partidárias dispostas a negociar com o governo e uma base militante que exige a saída do presidente.
Na Argélia, a CNDC (Coordenação Nacional pela Mudança e Democracia) convocou para o próximo sábado uma megamanifestação em todo o país contra o presidente Abdelaziz Bouteflika, um militar no poder desde 1999.
A CNDC já havia convocado um grande protesto anteontem, mas um dispositivo que incluiu cerca de 30 mil policiais recorreu à violência para impedir a manifestação. A oposição diz que 300 pessoas foram presas -o governo admite só 14 detenções.
Tanto Ben Ali e Mubarak como Saleh e Bouteflika são líderes laicos, inimigos dos movimentos religiosos e apoiados pelos EUA em nome da luta antiterror e da suposta estabilidade na região.
A revolta parece se alastrar por quase todos os 22 países que compõem a Liga Árabe, embora em menor proporção, como na Jordânia, onde manifestantes vêm lançando críticas ao governo sem pedir o fim da monarquia.
No Bahrein, a oposição promete para hoje a primeira grande manifestação antigoverno desde a saída dos ditadores tunisiano e egípcio.


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